Cinco dias após a redução no valor da gasolina e do diesel nas refinarias – anunciada pela Petrobras na última sexta-feira (14), o consumidor curitibano ainda não viu o preço diminuir. Em postos de cinco bairros diferentes consultados pela Tribuna, o menor valor encontrado pelo litro da gasolina comum foi de R$ 3,49, enquanto que o maior foi de R$ 3,69. Na maioria, o preço estava ao redor de R$ 3,59.
Na última semana, a companhia anunciou que a redução nas refinarias seria de 3,2% na gasolina e 2,7% no diesel. A estatal fez uma previsão de que, nas bombas, o consumidor final teria um impacto de R$ 0,05 a menos no litro – 1,4% para a gasolina e 1,8% para o diesel. É a primeira vez que isso acontece desde 2009. A medida faz parte da nova política de preços da Petrobras para os combustíveis, tendo como base o mercado internacional.
Apesar de tímida, a diminuição era esperada pela aposentada Julita Momm. “Vi a notícia e acabei não abastecendo na sexta-feira. Fiquei esperando para pagar menos e agora meu tanque está quase vazio. É uma brincadeira com a gente”, desabafou a motorista enquanto aguardava o abastecimento.
A dentista Elisa de Costa Barros admite que considera o combustível muito caro e também percebeu que ainda não houve a diminuição no preço. “Isso é algo orquestrado entre os donos de postos. É errado que eles paguem menos quando compram o combustível e não repassem esse desconto para nós”, diz.
Nenhum proprietário de posto de combustível aceitou ser entrevistado. Sem gravar e sem se identificar, alguns apenas confirmaram que vão manter os preços, sem dar qualquer explicação.
Para o vendedor Norton Stopinski, a única alteração nos preços praticados pelos postos é para cima. “Só sobe e sobe rápido. Às vezes acaba subindo logo que o aumento é anunciado na refinaria, antes mesmo que uma nova remessa chegue ao posto. Quando a Petrobras diminui, a gente não vê. Sem falar que, na prática, esse valor não muda nada na vida de ninguém. É uma redução muito pequena”, contesta.
O venezuelano Francisco Rodriguez, funcionário de uma multinacional no Brasil há cerca de um ano e meio, já se acostumou com o preço praticado no país. “Os postos têm valores muito parecidos. Não há concorrência. E os aumentos são frequentes”, diz Francisco, natural do país que tem a gasolina mais barata do mundo.
Redução evita aumentos, diz sindicato
Em nota assinada pelo presidente Rui Cichella, o Sindicombustíveis do Paraná afirma que “não é função do sindicato formular, fiscalizar ou pesquisar a prática de preços. Entretanto, informações disponíveis no mercado indicam que a grande alta pela qual passa o etanol anidro no país pode ter o efeito de retardar ou anular uma possível tendência de baixa no preço final dos combustíveis”, já que o etanol anidro representa até 27% da mistura na gasolina comercializada no Brasil. O sindicato lembra que o componente’ subiu mais de 10% nas últimas semanas, devido à entressafra da cana-de-açúcar.
O comunicado cita ainda que “a pequena redução no preço nas refinarias poderá ter, neste momento, mais um efeito de evitar aumentos do que propriamente baixar preços”. Para o presidente, é importante lembrar que “os postos de combustíveis, como última etapa na cadeia de comercialização, recebem o combustível das distribuidoras. Estas, por sua vez, dentro de um livre mercado, adotam diferentes políticas de preço e têm autonomia para decidir quando e que índices de redução vão repassar aos postos. Até o momento, não é possível afirmar que ocorreu um repasse integral por parte das distribuidoras dentro da expectativa divulgada pela Petrobras”.
Preço médio em Curitiba
Um levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostra que, nas últimas quatro semanas em Curitiba, a variação no preço médio do litro da gasolina não passou de dois centavos. A pesquisa conferiu as tabelas em 39 postos da capital paranaense. Confira:
09/10/2016-15/10/2016 R$ 3,575
02/10/2016–08/10/2016 R$ 3,582
25/09/2016-01/10/2016 R$ 3,589
18/09/2016-24/09/2016 R$ 3,595