Curitiba

Motorista de aplicativo cria “agência de RH” e cativa passageiros com boas histórias em Curitiba

Escrito por Gustavo Marques

Um escritório de Recursos Humanos dentro do próprio veículo. Se pensou em um motorhome, aquele veículo no qual o proprietário pode viajar e trabalhar de vários lugares diferentes, errou. José Carlos de Farias, 60 anos, é motorista de aplicativo há três anos, dirige um Ford Ka prata e leva, literalmente, serviços aos seus passageiros.

A história é curiosa e cheia de detalhes dignos para um filme ou um livro de contos. Nascido no Rio de Janeiro, José Carlos tem formação como analista de sistema e desenhista. Aposentado, cheio de vida e disposto a auxiliar quem precisa, decidiu trabalhar como motorista de aplicativo para aumentar a renda e estar ao lado de todos os públicos.

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Ao buscar a atividade, ele acreditou que precisava ter um diferencial em relação aos colegas de profissão. Decidiu colocar atrás do banco do motorista, uma espécie de mural do bem. São centenas de cartões de visita de empresas e espaço para pequenos folhetos.

José Carlos começou a fazer isso quando iniciou nos aplicativos. Ele comenta com os passageiros dos cartões e, se eles quiserem, podem deixar os deles ou das empresas também. São vários serviços como manicure, imobiliária, pet shops, festas, marceneiro, advogados e assim vai.

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José Carlos tem cartões de vários serviços como manicure, imobiliária, pet shops, festas, marceneiro, advogados e assim vai. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Tenho como regra não focar em problemas ou notícias ruins, mas em soluções. A minha ideia é que o passageiro tenha uma corrida leve”, disse o carioca. Vale reforçar que o motorista não tem relação com os serviços, ou seja, não recebe comissão ou mesmo avalia o trabalho de cada empresa.

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A Tribuna do Paraná fez uma corrida com o José Carlos para entender o funcionamento. Basicamente, ao entrar no carro, o motorista informa sobre a presença dos cartões. Ele deixa o cliente a vontade, e sempre pergunta, se pode contar o motivo ou casos para a pessoa que está sentada no banco de trás.

Trabalho para mãe e filha

Em uma corrida com a presença de uma mãe e de uma filha, José Carlos conseguiu ajudar com trabalho e alimentação. “A mãe comentou que o dinheiro da rescisão tinha acabado, que teriam dificuldades em se alimentar. Foi um momento difícil, e comentei que tinha um cartão de uma empresa de Recursos Humanos. Ela ligou na hora, e as duas conseguiram emprego. Foi recompensador demais”, relembrou o motorista.

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Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Ainda na mesma corrida, José entregou um cartão para que as duas tivessem condição de ganhar cestas básicas para se alimentar. “Uma passageira que peguei certa vez, contou que o pai prometeu que se curasse de um câncer, ele daria cestas básicas para alguém especial. Ela deixou um cartão comigo, que teria direito as cestas. Eu tinha que escolher muito bem a pessoa, e vendo essa história da mãe e da filha, eu entreguei esse cartão”, relatou José Carlos.

A noiva

Em uma corrida que teve início no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, uma mulher comentou que estava vindo para a cidade para se casar. O noivo havia se mudado para a capital paranaense a trabalho, e o casamento seria por aqui.

Preocupada por não conhecer nada de Curitiba, a noiva ao entrar no carro de aplicativo ficou encantada pela quantidade de serviços que ela estava tendo a disposição.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Na corrida, ela pegou inúmeros cartões, de imobiliária, móveis, manicure, espaço de festas. Ela brincou ainda que não sabia se o matava ou se separava devido ao nervosismo do casamento. Contei a história da noiva para outra pessoa, aí a pessoa disse que não falei tudo para a noiva. Indaguei o motivo, e ele emendou na hora. Caso você mate o noivo, tem o cartão da funerária, e se precisar tem cartão do advogado criminalista ou para separar”, ironizou o bom carioca da gema.

O resultado quando as pessoas pegam o cartão e realmente utilizam o serviço é incerto, mas só de saber que está da sua maneira auxiliando alguém é satisfatório. “No geral, as pessoas pegam o cartão e entram em contato para ter mais informação. O que já ocorreu é que um passageiro entrou no carro quatro vezes, e ele informou que usou o serviço e aprovou. Eu apenas disponibilizo o espaço para que o passageiro possa oferecer o seu produto, não avalizo o serviço”, completou o simpático motora/ recursos humanos.

Sobre o autor

Gustavo Marques

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