Curitiba tem uma promessa de medalhas para o atletismo de base brasileiro treinando diariamente no Parque Barigui e em São José dos Pinhais, região metropolitana. A curitibana Gabriela de Freitas Tardivo, 17 anos, é a atual recordista brasileira dos mil metros com obstáculos sub-16, com o tempo de 3h13min22s, e em setembro deste ano conquistou o título do sul-americano sub-18, em Encarnación, no Paraguai, na prova dos 3 mil metros, com o tempo de 10h02min39s.
Segundo o treinador Cristiano Ribeiro, a jovem é chamada de “Menina de Ouro” do atletismo do Paraná. “Ela tem um jeito tímido, aparência frágil, mas os títulos têm sido rotina na vida dela, desde que começou a treinar sério aos 12 anos. A Gabriela se destaca pela sua dedicação e, hoje, está entre as melhores do Brasil na sua categoria e categoria acima”, conta Ribeiro.
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Ao mencionar “categoria acima”, o treinador se refere ao título conquistado em 2019, quando com 15 anos a atleta foi campeã dos 3 mil metros com obstáculos no Brasileiro Caixa Sub-18, em Porto Alegre (RS). Gabriela competiu sem se intimidar. “Foi uma vitória muito especial, pois eram adversárias mais velhas”, comemora a jovem. Na mesma competição e categoria acima, ela ganhou a prata nos 2 mil metros com obstáculos.
Em maio deste ano, a Gabriela de Freitas levou as medalhas de prata no Brasileiro Sub-20, disputado em Bragança Paulista (SP). As provas que ela mandou bem foram nos 3 mil metros e nos 3 mil metros com obstáculos.
Já em junho, também deste ano, ela levou a medalha de bronze nos 3 mil metros com obstáculos do Troféu Brasil Loterias Caixa de Atletismo, disputado em São Paulo, capital paulista. E no Campeonato Sul-Americano de Atletismo Sub-23, disputado em outubro deste ano, em Guayaquil, no Equador, a paranaense também foi bronze nos 1,5 mil metros, com seu melhor tempo, de 4min31s.
O gosto pelo atletismo é influência da família. Gabriela começou a correr para acompanhar o pai, a irmã e a mãe no Barigui. “Acabei indo naturalmente para o esporte”, explica ela. Além dos títulos nos Brasileiros, a atleta já foi ouro em provas de base como o Sul-Americano Escolar 2018 e jogos Escolares e da Juventude, em 2019.
“Ela já foi para campeonatos internacionais na Colômbia e no Canadá, para pegar experiência. Pelas qualidades dela, acredito que o sonho de disputar uma Olimpíada possa se realizar. Claro, ela precisará de mais apoio, inclusive financeiro, para chegar bem nas competições do ano que vem e na sequência”, aposta o treinador. Atualmente, a Gabriela tem apoio do Instituto Paranaense de Esportes e Cultura (Ipec), com sede em Londrina.
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A atleta mora com a família em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Segundo Cristiano Ribeiro, ela pratica treinos de fortalecimento, técnica e mobilidade no Barigui e usa a pista de atletismo em São José dos Pinhais. “Usamos esses dois pontos porque Curitiba não tem uma pista liberada para atletas”, diz o treinador.
No auge da pandemia de coronavírus (covid-19), a atleta diz ter passado bem pelo período. “Treinei com meu pai, que sempre me apoiou. Treinamos na estrada de chão que tem aqui perto de casa. Fazíamos treinos de tiros e rodagem, devido os parques e pistas estarem fechados na pandemia”, conta.
Para Gabriela, enquanto o sonho da Olimpíada é construído, o importante é treinar. “Quando comecei, chegava a chorar quando não tinha treino. O espírito continua. Meu objetivo no esporte é ganhar aprendizagem, amigos, conhecer outras culturas e sempre caminhar em busca da evolução, não só como atleta mas como pessoa”, finaliza.