É difícil ficar indiferente ao som das flautas de bambu manuseadas por músicos que se apresentam em diversas praças da cidade. Entre eles está o equatoriano Diego Maldonado, 30, que saiu de sua terra natal (a cidade de Otavalo, localizada a duas horas da capital Quito) para apresentar mundo afora as músicas folclóricas e espirituais incas. “É a música de nossos ancestrais incas. São músicas que relaxam o corpo, que são sentimentais. Sinto que estou flutuando quando toco as músicas”, apresenta ele, que diz se empenhar ainda mais quando percebe a atenção do público.
Diego, que já tocou na Itália, França e Espanha, fixou moradia há um ano e meio em Curitiba, onde ainda pretende ficar por um bom tempo. O motivo, diz, é a aceitação seu trabalho pelo público curitibano. “Curitiba é a melhor cidade. As pessoas são mais alegres, gostam da nossa música e a gente gosta daqui”, conta. Eventualmente, as apresentações se estendem por outras cidades próximas, que ele considera menos violentas em comparação com as metrópoles brasileiras.
Para os diferentes “palcos” espalhados pela cidade são levados pelo menos oito modelos de flautas pan e quenachos, instrumentos utilizados nas performances. Cada um tem um som diferente e faz toda a diferença nas músicas. Também faz parte da bagagem um grande acervo de CDs vendidos durante as apresentações. “Deus me deu o dom para tocar, é um sentimento muito grande. Vou tocar até onde puder”, afirma ele, que vem de uma família de músicos, onde o pai e o avô se dedicavam à cultura inca.
Parada obrigatória
Quem acompanha a apresentação do músico, mesmo que por apenas alguns minutos, diz que a sensação trazida pelo som que sai das flautas de bambu é de paz. Foi esta a definição do público entrevistado pelos Caçadores de Notícias na última sexta-feira, enquanto Diego estava na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba.
Próximo ao músico, a família de Karina dos Santos, 24, e Alair Dias de Oliveira, 60, ocupava um dos bancos da praça apenas para apreciar o som. O casal e seus três filhos ficaram por algum tempo no local. “Paramos aqui por causa da música”, disse o armador. “Dá uma paz no coração da gente”, definiu a dona de casa, que sempre que pode faz uma parada para ouvir o som. Ontem ela ainda aproveitou a oportunidade e comprou dois CDs. A estudante de Direito Regiane de Couto, 42, também costuma parar para acompanhar a música quando encontra o músico por onde passa. “Transmite uma paz muito bacana”, contou.