Curitiba

Medo no Capanema

Escrito por

Moradores e comerciantes da região do Viaduto do Capanema, no Centro de Curitiba, estão preocupados com a situação da área que fica sob a estrutura. No local, há dezenas de pessoas em situação de rua, famílias indígenas e usuários de drogas. De acordo com quem vive e trabalha por lá, a preocupação maior é com os viciados, que acabam cometendo pequenos furtos para conseguir comprar mais droga.

capanema2Além disso, o local também se tornou local de depósito de todo o tipo de lixo. A reportagem percorreu a área encontrou restos de comida, garrafas pet, latas de alumínio, pedaços de madeira, embalagens plásticas e pilhas de papelão.

Um comerciante da área, que preferiu não revelar identidade, disse à reportagem da Tribuna que não vê problemas na presença de pessoas em situação de rua, mas se preocupa com os usuários de drogas. “Os viciados abordam os vizinhos durante todo o dia e às vezes são mal educados e grosseiros. E muitos deles roubam os comércios da região, os carros e os velhinhos. É disso que estamos com medo. Dos moradores de rua não temos medo e nem preconceito. Eles não fazem nada de errado”, ressalta.

O comerciante ainda disse que seu estabelecimento já foi furtado pelo menos seis vezes nos últimos dois meses por viciados em drogas. “Eles entram, pegam os produtos e saem correndo. Depois vemos que mexeram nas prateleiras. A gente não fica nervoso por causa do dinheiro, mas sim pela sensação de falta de segurança que a gente vive agora”, afirma.

Uma moradora de um dos edifícios da Rua Atílio Bório, que também não quis se identificar, afirmou que evita andar pela região nos finais de semana. “Durante a semana tem movimento na rua e é um pouco mais tranquilo. Mas no sábado e no domingo é muito complicado. Tem pouca gente na rua e não tem pra onde correr se tentarem me assaltar. De noite é complicado também. Quando eu chego da faculdade, fico de olho pra ver se tem alguma movimentação estranha”, relata.

O empresário Guilherme Rodrigues de Souza não mora próximo ao Viaduto do Capanema, mas costuma andar de bicicleta pela ciclovia que corta a região. Ele afirma que já flagrou várias vezes usuários de drogas furtando as pessoas nas ruas. “Uma vez um viciado passou correndo e levou o celular de um rapaz que andava pela rua. Até liguei pra polícia, mas acho que não resolveram nada”.

Guilherme ainda disse que espera as autoridades façam no Viaduto do Capanema a mesma operação que a Guarda Municipal realizou na semana passada no Viaduto do Colorado. Na ação, Grupo Tático de Motos da Guarda Municipal (GTM-GM) e a empresa responsável pela limpeza pública Cavo encerraram temporariamente a ocupação no local. A ação foi acompanhada com exclusividade pelos Caçadores de Notícias, três dias após a publicação da reportagem sobre os transtornos causados pelos moradores de rua no Jardinete Constantino Fanini. “Algo desse jeito poderia mudar um pouco a situação aqui no Viaduto do Capanema”, disse.

Guarda promete reforços

Segundo o diretor da Guarda Municipal, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, a área do viaduto é tomada por diferentes grupos de pessoas e esse fato faz com que as abordagens tenham que ser cuidadosas. “Temos ali pessoas em situação de rua, pessoas em trânsito de uma cidade para outra, indígenas e os usuários de drogas. Então temos que agir somente contra os indivíduos que cometem esses pequenos furtos”, explica. O inspetor ainda informou que a área já é monitorada pela Guarda Municipal e receberá reforço para evitar novas ações por parte dos bandidos.

No início de agosto, a Câmara Municipal de Curitiba aprovou uma indicação à prefeitura da proposta de implantação de um módulo da Guarda Municipal sob o viaduto do Capanema, no antigo restaurante popular. A justificativa é que a população estaria mais segura e o patrimônio público, protegido. Além disso, segundo o texto, os guardas municipais estariam próximos da Rodoferroviária e do Mercado Municipal. Mas até agora nenhuma providência nesse sentido foi adotada pelo município.

Sobre o autor

(41) 9683-9504