POR Ana Tereza Motta
A denúncia apontando que o presidente Michel Temer (PMDB) deu aval para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), não surpreendeu os curitibanos.
A Tribuna foi às ruas para ouvir a população sobre a crise política. “Surpresa não, porque ele já é da máfia da Dilma. Uma hora ia cair a máscara”, afirma o motoboy Rodrigo Aguiar, 33.
Para Clóvis Farias, 48, não escapa um. “Infelizmente, nosso país está um caos político, todos os partidos envolvidos na corrupção”, diz o vendedor.
“Terrível, roubo em cima de roubo, só podridão”, reforça o entregador Rodrigo Alexandre Pinto, 34.
No momento em que o país parecia estará caminhando para uma reação econômica, a notícia vem como um “banho de água fria”.
“É triste, porque a hora que tá começando a se encaminhar dá todo esse problema”, diz o aposentado Paulo Soares, 82, que acredita num complô. “Ainda tenho a impressão de que é armação de alguém”.
O povo espera que, se comprovadas as acusações, Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) sejam punidos devidamente. “Assim como fizeram com a Dilma sem provas, eles têm que fazer com Temer e Aécio com provas”, ressalta a estudante Beatriz Mariano, 18.
A dona de casa Zelinda Ferreira Borba, 70, quer a prisão dos culpados. “Tomara mesmo que prendam esses ladrões, já estava na hora. Eles prendem esses coitados que roubam pouco. E eles, que estão roubando milhões?”.
O aposentado Iran Albuquerque, 79, diz relembrar com saudades a época da ditadura militar. “Naquele tempo não tinha essa esculhambação que está aí. Não tinha greve, quebra-quebra”, diz. A opinião dos curitibanos é unânime quando o assunto é mudança. “Não tem como deixar do jeito que está, está insustentável”, opina a estudante Gabriela Vieira Gonçalvez, 18. “Eu acho que deve ser feita a justiça e cairia bem uma reforma política, um sistema de governo novo, uma mudança total”, considera Clovis.
Eleições antecipadas!
Caso seja confirmada a saída do presidente Michel Temer, a possibilidade de novas eleições divide a opinião da população. O aposentado Paulo Soares é contra. “Por enquanto, não. Ou nomear o presidente da Câmara ou o Supremo dá um jeito de colocar a mão”. Mas a grande maioria dos entrevistados quer escolher um novo representante. “O negócio é diretas já urgente, que esse Brasil só tem pilantra. É que o povo aqui não se une. Se fosse em outro lugar, já estava em guerra civil. Aqui só reclamam um pouquinho e morre nisso aí”, desabafa o motoboy Rodrigo Aguiar.
“Novas eleições com certeza, porque tem que dar um novo rumo pra essa situação. Só favorecem eles, a gente só trabalha e patina”, protesta o entregador Rodrigo Pinto. A estudante Gabriela Vieira Gonçalvez concorda: “Se tirar o Temer, eu acho que teria que ter eleições diretas. O povo tinha que escolher o próximo presidente, porque com essa situação não tem mais como lidar”. “Vai pôr quem, se de todos eles nenhum presta? Não tem quem escolher, porque nenhum deles vale nada”, avalia a dona de casa Zelinda Ferreira Borba.