“Graças a Deus não tenho ódio no coração, porque se tivesse ódio, estaria muito pior. Eu não tenho ódio das pessoas que mataram o meu filho. Eu tenho pena, muita pena. Porque que vida eles vão ter agora? Não é só a minha família que ficou destruída, a deles também. A Cristiana quer a liberdade, porque fala da filha de 11 anos que ainda tem a cuidar. Mas a família está toda destruída. Que exemplo ela vai ser para essa filha?”, disse Eliana Aparecida Corrêa, mãe do jogador Daniel Corrêa Freitas, assassinado mês passado em São José dos Pinhais.
+Caçadores! Laudos complicam Edison Brittes Júnior na morte do jogador Daniel
Por opção, Eliana não tem acompanhado os noticiários. Ela ficou sabendo que o inquérito foi concluído e que os laudos foram entregues hoje. “Mas não estou acompanhando porque não consigo. Quando vejo que vai passar algo na televisão, nem assisto. Não quero porque me machuca mais ainda”, disse a mãe, que desde que soube da morte do filho, está morando na casa de sua irmã. Ela diz que ainda não conseguiu voltar para casa porque dói demais ver as coisas de Daniel por lá. “As fotos, os troféus, as medalhas. Tudo dele está lá. Não aguento ver.
Parece que até as paredes estão tristes. Estou sobrevivendo porque fui ao médico, estou tomando remédios para dormir, remédios para conseguir passar os dias. Porque preciso ser forte para cuidar da filhinha do Daniel. Sem os remédios eu não estava suportando, não estou dando conta. É um sentimento gigante de perda”, disse Eliana.
Daniel deixou uma filha de um ano e 10 meses, que a todo momento lembra e chama o papai. “A mãe dela estava fazendo provas. Então deixou a neném aqui comigo. Mas hoje ela foi embora e a casa ficou triste, pois ela fazia todo o movimento da casa. Ela vê foto do Daniel e chama o papai. De vez em quando ela olha pro teto e parece que vê o pai, porque fala papai. Uma semana antes do que aconteceu, o Daniel veio pra cá com a filha e no aeroporto parou no banheiro para trocar a fralda dela. Esses dias a mãe esteve no aeroporto e a bebê lembrou da troca de fralda. Chamou o papai”, emociona-se a mãe, que passava no mínimo cinco dias por mês na casa de Daniel, cuidando da neta.
Inquérito
Eliana diz que, apesar de todo o sentimento de perda, ela está satisfeita com a conclusão rápida do inquérito. Elogiou a polícia do Paraná, dizendo que ela foi muito eficaz. Agora ela espera que os investigados sejam condenados e que eles não consigam a liberdade provisória, para evitar que façam a mesma coisa com outras pessoas. “Eles são cruéis, frios. Que a Justiça seja feita, porque eles tiraram o meu filho. Nada que acontecer pra eles (condenação para os sete envolvidos) vai trazer meu filho de volta. Mas vai impedir que façam com outras famílias o que fizeram com a minha. Não tenho mais meu filho. Agora eu só tenho as lembranças dele”, lamenta Eliana.
Advogados
Nilton Ribeiro, advogado que auxilia a família do jogador, mostrou que os laudos apresentados nesta quinta-feira (22) não deixam dúvidas de que Daniel foi agredido e torturado, pois o rosto do jogador está deformado pelas agressões antes da morte. “Há tempos não víamos um crime tão cruel contra uma pessoa de bem. Chocou a todos”, disse Ribeiro.
Ele acredita que, nesta sexta-feira, o promotor João Milton Salles apresente a denúncia criminal contra os sete indiciados no inquérito. Além do homicídio, em si, há também provas suficientes para uma condenação por fraude processual, visto que a casa e o carro foram bem lavados, para que as provas do crime fossem apagadas.
+ APP da Tribuna: as notícias de Curitiba e região e do trio de ferro com muita agilidade e sem pesar na memória do seu celular. Baixe agora e experimente!
+ Confira o desenrolar dos acontecimentos:
Quarta (31): Corpo de Daniel é velado em Minas Gerais
Quarta (31): Daniel foi espancado antes de ser morto, diz testemunha
Quinta (1): Suspeito de matar ex-jogador é preso, junto com esposa e filha
Sexta (2): Conversas de Whatsapp apontam que filha de suspeito fez contato com família de jogador
Sábado (3): Saiba em que condições está presa a família Brittes, acusada da morte do jogador Daniel
Segunda-feira (5): Rapazes que testemunharam morte do ex-jogador Daniel devem depor nesta semana
Terça-feira (6): “A família está mentindo”, diz delegado após depoimento de mãe e filha
Terça-feira (6): Novos depoimentos desmentem estupro do jogador Daniel
Quarta-feira (7): ‘Daniel foi assassinado com requintes de crueldade’, diz promotor
Quarta-feira (7): Celular de Cris Brittes é entregue à polícia
Quarta-feira (7): Veja o que Edison Brittes disse à polícia em depoimento nesta quarta
Quinta-feira (8): Cris e Allana Brittes são transferidas para presídio feminino em Piraquara
Sexta-feira (09): Moto ostentada por Brittes era de traficante, diz delegado
Sábado (10): Família Riqueza: festa de aniversário de Allana Brittes custou R$ 30 mil
Domingo (11): Celular usado por Edison Brittes para dar pêsames é de um homem morto
Domingo (11): Imagens mostram Edison Brittes combinando mentira sobre morte de jogador Daniel
Segunda-feira (12): O que ainda não foi respondido sobre a morte do jogador Daniel
Segunda-feira (12): Com medo, ficante do jogador Daniel contou detalhes do que viu à polícia
Terça-feira (13): Mãe do jogador Daniel registrou mentiras contadas por Allana em cartório
Quinta-feira (15): Legítima defesa? Entenda os detalhes jurídicos envolvendo o ‘Caso Brittes’
Quinta-feira (15): Preso 7º envolvido na morte do jogador Daniel
Sexta-feira (16): Edison proibiu testemunha de chamar ambulância que poderia salvar jogador
Segunda-feira (19): Carro utilizado por Edison pra levar jogador até o local de crime está em nome de policial
Segunda-feira (19): Não sou amigo da família Brittes, diz Recalcatti à imprensa
Segunda-feira (19): Ministério Público abre investigação paralela contra Edison Brittes
Terça-feira (20): Após o crime, Allana Brittes combinou “festinha” com testemunha
Quinta (22): Saiba detalhes da morte do jogador Daniel revelados nos laudos do IML
https://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/causa-da-morte-do-jogador-daniel-foi-a-degola-diz-diretor-do-iml/