“Eu já passei alguns apertos por aí, das pessoas me xingando, provocando, muitas represálias. É perigoso eu andar na rua sozinha. Meus filhos estão aí fora, esperando eu sair, pra me acompanhar. No mercado uma senhora apontou o dedo pra mim, me falou uns desaforos. Aí eu perguntei: a senhora tem filhos? Ela respondeu que tem. Então eu tentei fazê-la entender que o meu filho errou, mas que ela não me julgasse por isso. Pois se ela tem filhos, também está sujeita que algum filho dela também faça alguma bobagem e ela passe pela mesma coisa que eu estou passando”, disse Doralice, mãe de Edison Brittes, que tem passado por maus bocados quando bota os pés fora de casa. Ela pediu para não ter o nome completo e a foto divulgada para que isso não atrapalhe seu trabalho.

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E não é só ela que passa situações embaraçosas. “A minha filha às vezes pega táxi. Na hora de pagar, ela dá o cartão, os taxistas olham o sobrenome e perguntam se ela é parente do Edison Brittes. Ela ainda consegue levar na boa, brinca com a situação para aliviar a tensão. Ela confirma que é a irmã e diz “cuidado comigo”. Os taxistas nem ligam, levam na brincadeira porque moramos aqui há muito tempo, muita gente nos conhece. Mas não é tão fácil quanto parece. É difícil enfrentar tudo isso”, lamenta Doralice.

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Apesar de afirmar que não vai mudar sua imagem (suas roupas ou pintar o cabelo) para se “camuflar” na rua e evitar xingamentos, ela pediu para não ter a sua foto publicada, pois teme problemas em seu trabalho. E como Edison está preso e não está mais lhe ajudando financeiramente (ela não é aposentada e era o filho que lhe provia), ela teme passar mais necessidade do que está passando.

“O que ninguém entende é que o meu filho matou um intruso, que ele flagrou só de cueca, excitado, esfregando o ‘negócio duro’ na minha nora, que estava desmaiada dormindo na cama dela, dentro da casa. Meu filho não saiu por aí estuprando ninguém, mexendo com as amigas da minha neta, não mexeu com mulher casada, não saiu por aí bêbado. Esse rapaz não tinha nada que se meter lá na cama do meu filho e da minha nora, ele tá errado. O que meu filho fez também não está certo, mas entendo as razões dele. A pessoa perde a cabeça. Ele sempre foi muito amoroso e cuidadoso com aquelas três mulheres (a esposa e as duas filhas). Tinha um cuidado enorme com a Allana, um ciúme doentio pela Cristiana. Eu, como mãe, não tenho nada de mal pra falar dele. Ele vai continuar sendo meu filho e é isso que eu queria dizer pra vocês que são mães, que não me julguem, porque ninguém sabe como será o dia de amanhã. Eu nunca esperei isso na vida, mas aconteceu e hoje estou aqui sofrendo. Agora há oito famílias sofrendo (a dos sete réus e da vítima)”, disse a mãe, que semanalmente visita o filho na cadeia e leva puxão de orelha Edison, porque ainda não parou de fumar.

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Doralice defende que Cristiana e Allana não mereciam estar na cadeia. “Eu acho um pecado isso. A menina acabou de fazer 18 anos. Estava lá no aniversário dela comemorando e agora está ali, presa, algemada. Elas não mataram ninguém, foi meu filho que matou”, entende a mãe, que deseja muito que a nora e a neta sejam libertadas logo para que possam se ajudar, se apoiar e trabalharem juntas nos mercados da família.

Filha mais nova

A mãe de Edison conta que a vida de sua neta mais nova, de 12 anos, também filha de Edison e Cristiana, virou de ponta cabeça. Ela precisou sair da escola que estudava no ano passado e mudar para uma nova, usando outro sobrenome, para não ser identificada. Passou por muito bullying, xingamentos e represálias na escola antiga.

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Doralice conta que é ela quem leva a neta para as visitas ao pai. “Quando chega lá, eles invertem os papéis. É o Edison que deita no colo dela. Olha ela inteirinha, faz carinho, olha cada detalhe, a sobrancelha, o pé, o cabelo, até a ponta da unha da filha. E em casa, ela dorme todas as noites abraçada ao moletom do pai, sentindo o cheiro dele. Ela é uma menina muito boa, tem uma boa cabeça. Está segurando as pontas”, diz a avó, enxugando as lágrimas

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