Há mais de dois anos batalhando contra uma doença que afeta severamente a visão, Pâmella Karolyne Pilar Marques Cordeiro, 23 anos, lamenta a piora do quadro clínico: nos últimos meses ela teve o funcionamento dos olhos ainda mais prejudicados. Agora, possui apenas 20% de visão nos dois olhos, devido ao ceratocone – enfermidade que distorce a visão e deixa a córnea com formato de um cone. Quando a Tribuna mostrou o caso dela, em julho, ela ainda tinha 40% de visão no olho esquerdo.
Somente uma cirurgia que custa até R$ 7 mil pode recuperar a vista. “Onde vou tenho sido informada que o SUS não cobre esse tipo de procedimento. Fui me desesperando. Mas, enquanto não consigo levantar o dinheiro necessário, procuro saber se o governo de fato pode ou não arcar com essa cirurgia”, explica Pâmella. Segundo a jovem, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Magro (RMC), município onde ela mora, chegou a afirmar que a operação é bancada pelo Sistema Único de Saúde. Mas, até agora, nada.
Desde que foi diagnosticada, em 2014, a jovem procurou diversos recursos. Chegou a usar óculos com lentes que diminuíam a distorção da imagem. Mesmo utilizando os óculos por um ano, o problema se agravou. Em 2015 começou a testar o uso de lentes de contato rígidas, mas coceiras e incômodo contínuo a fizeram desistir.
“Há uma outra lente que pode me ajudar um pouco, chamada ‘lente escleral’. É maior e mais confortável, eu poderia me adaptar. O problema é o custo. No lugar mais barato que eu encontrei, o par saía por R$ 2.300”, desabafa. Caso a cirurgia não seja bancada pelo sistema público, Pâmella estuda processar o Estado para que consiga o custeio do procedimento.
Até agora, a única solução tem sido produzir e vender alfajores. A baixa visão faz com que a produção seja lenta. O lucro para cada venda de alfajor é de R$ 0,70. Os doces podem ser adquiridos pelo Facebook: https://www.facebook.com/pedidosLoversCake. O contato da Pâmella é (41) 9700-1299.
Na expectativa
Victor Marques Correa Roca, 13 anos, que teve seu caso mostrado pela Tribuna em maio, está na expectativa de boas notícias sobre a cirurgia feita nos olhos para tentar resolver a doença que o acomete nos dois olhos: ceratocone. Com dificuldades para enxergar, o adolescente foi submetido à cirurgia de Crosslinking – que não é oferecida pelo SUS. O procedimento tem custo de aproximadamente R$ 4 mil e foi custeado pela família, há pouco mais de três meses.
O resultado da cirurgia, que fortalece a córnea e estabiliza a doença, será dado por um médico, após uma avaliação minuciosa. O exame só pode ser feito depois de quatro meses. Victor descobriu a doença em novembro de 2015. Ele também possui miopia e astigmatismo. Chegou a iniciar um tratamento com óculos e lentes especiais, mas não teve melhora. O ceratocone atinge, em média, uma em cada 20 mil pessoas.
Esperançoso
Dependendo dos olhos para ganhar a vida, Fabiano Clauber, 33 anos, segue esperançoso com o tratamento que iniciou para tratar o ceratocone. O médico responsável por cuidar do caso é um leitor da Tribuna, que se ofereceu para prestar auxílio após se sensibilizar com a história do pianista, publicada no final de maio. “Vamos aguardar alguns meses para ver o resultado e só então iremos ter certeza da necessidade, ou não, da cirurgia”, relata Fabiano.
Há pouco tempo, o pianista chegava a trabalhar em até três casamentos no mesmo dia, para garantir o sustento. Mas, com a visão afetada pela doença, passou a trabalhar menos, devido às dificuldades em ler as partituras. Caso seja necessário passar por cirurgia, Fabiano irá desembolsar R$ 15,4 mil para implantar o Anel de Ferrara. Ele chegou a iniciar uma “vaquinha” virtual, mas encerrou a campanha com a notícia de que pode haver a possibilidade de tratamento médico. O procedimento cirúrgico força a correção das córneas, fazendo com que a membrana do olho volte ao normal. A cirurgia pode devolver a ele até 90% da visão normal.