‘Louco’motiva de sonhos: aos 36 anos, homem gasta R$ 13 mil para realizar sonho de criança

O sonho surgiu quando criança, mas foi só aos 33 anos que André Puttkamer conseguiu realizá-lo. Casado e pai de dois filhos, o operador de guindaste, hoje com 36 anos, sempre foi apaixonado por ferromodelismo, um dos hobbies mais antigos do mundo. As primeiras miniaturas de trens surgiram em 1830 e foram fabricadas na Alemanha, mas foi no início da década de 1960 que o hobby se tornou oficial no Brasil, ano em que a Sociedade Brasileira de Ferromodelismo foi fundada.

De lá pra cá, muita coisa mudou, principalmente no Brasil, onde o preço dos pequenos trens elétricos passou a ser mais acessível a todos os seus admiradores. Há três anos, André, que mora em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), resolveu investir pesado em seu trem de jardim, ou “garden train”, como a prática é chamada no exterior.

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No jardim, que tem até lago, André construiu uma pista que hoje é invejada por amantes do ferromodelismo. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná
No jardim, que tem até lago, André construiu uma pista que hoje é invejada por amantes do ferromodelismo. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná

Casado com a Jenifer há 13 anos, os dois sempre tiveram um sonho em comum: um jardim de novela, com lago, carpas e, claro, um trenzinho circulando pela ferrovia. Da paixão surgiu um projeto inédito: um pequeno trem elétrico que fica “andando” pelo quintal, faça chuva ou faça sol. “O diferencial do meu projeto é o fato do trem rodar direto, ao ar livre. Não tem problema com chuva, sol, ou algo assim. No máximo alguma minhoca ou folha que pode cair no trilho. Mas aí é só tirar que resolve o problema”, contou André.

Para conseguir realizar o sonho, no entanto, foi necessária muita dedicação e especialmente paciência. Para chegar até ali, o ainda pequeno “Andrezinho” usou e abusou da sua imaginação. “Como era muito caro, eu fazia meus ‘trenzinhos’ com embalagens de talco, que eram quadradas, e os trilhos, com raios de bicicletas, prendedores de roupas e alguns gravetos que eu encontrava no quintal de casa. Essa ideia nunca mais saiu da minha cabeça”, contou animado.

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André já foi chamado de louco, mas louco é quem não corre atrás de seus sonhos. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná
André já foi chamado de louco, mas louco é quem não corre atrás de seus sonhos. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná

O casal realizou uma obra na parte da frente da casa, em uma área de 24m. Logo depois de escolher um cantinho do quintal, eles cavaram um buraco, fizeram um lago – que tem capacidade para 4,5 mil litros de água -, e a partir daí começaram a projetar a ferrovia. Para realizar o sonho de infância, eles gastaram mais de R$13 mil reais. Eles garantem, no entanto, que valeu a pena e que nunca se arrependeram do gasto.

“A gente correu atrás de terra e começamos de maneira bem simples, um jardim encostado no muro. Foi crescendo, nos empolgamos e quando notamos já estava assim, grande, com paisagismo e repleto de plantas. Como era o sonho dele desde pequeno, eu vi que não custava nada. Juntamos uma coisa com a outra e agora temos um carinho imenso, um cuidado e muito zelo. Agora temos tudo, o meu ‘jardinzinho’ com os ‘trenzinhos’ dele”, contou Jenifer.

Quase de verdade

Pequenos e extremamente bem feitos, a maioria dos trens que o André utiliza em sua ferrovia são da marca Frateschi, que completou 50 anos de atuação no Brasil. Ela é a única fabricante de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais da América Latina. Por ano, são vendidas em média 12 mil vagões de carga, três mil locomotivas e cerca de duas mil caixas de trens elétricos. O diretor da fábrica, Lucas Frateschi, explica que no Brasil a paixão é grande e que, inclusive, existem diversas associações que reúnem os amantes deste hobby.

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“As pessoas pensam que o transporte ferroviário morreu, mas ele está vivo e em expansão. A ferrovia é de valor estratégico imprescindível para um país como o Brasil, e este crescimento ajuda a fomentar ainda a mais a paixão que muitos brasileiros têm pelos trens, e muitos passam o hobby do ferromodelismo para as futuras gerações”, esclareceu.

Locomotivas e vagões são a diversão do morador de Almirante Tamandaré. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná
Locomotivas e vagões são a diversão do morador de Almirante Tamandaré. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná

As pessoas costumam construir maquetes e projetos dentro de casa, mas o diferencial do projeto do André Puttkamer é levar o ferromodelismo ao extremo, com realismo máximo. “O jardim foi construído em virtude da pista. Pelas suas linhas férreas rodam toda nossa coleção de trens, composta por cerca de 40 vagões e sete locomotivas”, disse. “É prazeroso ver os vagões de minérios realmente sujos, dá uma sensação real de pilotar um pequeno trem, acelerando nas rampas e segurando-o nas descidas”, conclui André.

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Para começar no hobby, não precisa “pirar” como o André. Lucas Frateschi garante que é possível começar uma coleção com cerca de R$ 380. “É um hobby relativamente acessível, isso porque dá pra começar a montar uma ferrovia com este valor. A pessoa pode comprar um circuito inicial e a partir disso expandir. Por ser um hobby “indoor” que fica dentro de casa dá para usar de todas as formas”, contou.

Lucas ficou sabendo do projeto do curitibano e reconheceu seu esforço, mas atentou para um cuidado especial para quem quiser fazer o mesmo. “No caso do André ele inovou bastante, porque não é um produto de jardim. Ainda assim ele fez isso e o produto durou, porque é feito com plástico injetado. No entanto o ideal é fazer dentro de casa, porque dá pra fazer uma maquete, um cenário e curtir bastante”, recomendou.

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