Locomotiva Mariazinha é sucesso em Curitiba! Entenda como trem virou enfeite de jardim

Mariazinha tem 4,5 metros, quase a metade da locomotiva original da Baldwin.
Mariazinha tem 4,5 metros, quase a metade da locomotiva original da Baldwin. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Por Mellanie Anversa, especial para a Tribuna

Foi amor à primeira vista. Carlos Miranda, promotor de justiça aposentado de 79 anos e morador de Curitiba, se apaixonou por uma locomotiva, especificamente uma réplica da Baldwin AS-616, de 1952. A história de amor – e conquista – começou quando o ex-promotor passeava pelo Parque Barigui, na capital paranaense. Ele reformou a locomotiva e a colocou no jardim de sua casa, no bairro São Lourenço, em Curitiba.

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“Eu a encontrei abandonada, toda riscada e enferrujada, atrás de um sanitário do parque. Ali, eu já comecei a namorá-la, mas não sabia quem era o dono. Me diziam que ele era de Santa Catarina, mas ele nunca ia buscá-la”, contou Miranda.

Encantado, ele buscou a história da locomotiva e descobriu que, muito antes da existência do parque, ela passava por Curitiba e região, puxando passageiros dentro de vagões.

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Apesar de estar disposto a pagar pela locomotiva desativada e destruída pelo tempo e por vândalos, Miranda nunca encontrou o dono do veículo para fazer negócio. “Eu fiquei tentando comprar a máquina por três anos e não conseguia. Depois de um tempo, ela foi retirada de lá e, por coincidência, a encontrei em um ferro-velho”, relembra o morador do São Lourenço, bairro famoso também pelas pistas de rolimã. Conhece?

Esperançoso de que, finalmente, iria se juntar à locomotiva, Miranda foi novamente desestimulado. “Eles não queriam me vender, diziam que não era deles, mas era tudo mentira. Mas de uma forma ou de outra, eu iria ter uma daquela para mim. Cheguei a tirar as medidas e tudo e ia mandar um serralheiro produzir”, afirmou.

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Porém, depois de tanto insistir na venda – já que as rodas da réplica eram feitas à mão e faziam parte do charme da locomotiva – conseguiu levar Mariazinha para casa. “Este é o nome dela, Mariazinha. Afinal, é uma Maria Fumaça, né? Então, ficou assim”, conta Miranda.

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Locomotiva no jardim em Curitiba
“Se você procurar, o nosso endereço está como ‘A Casa do Trenzinho’ no Google”, orgulha-se Miranda. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Trato na carcaça

Finalmente, Miranda estava com a Mariazinha, mas apenas isso não era suficiente para ele. Pesquisando sobre locomotivas e comprando peças em ferros-velhos, o aposentado reformou o trem sozinho.

“Eu comprei um livro e comecei a estudar sobre locomotivas. Fui colocando peças que ela não tinha e restaurando a aparência, sozinho. Como fazia isso nas horas vagas – e bem devagar -, levei dois anos para colocar as peças. Hoje, ela ainda não está completa, mas está num nível legal”, afirma Miranda.

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Miranda levou dois anos anos para colocar as peças na locomotiva.
Miranda levou dois anos anos para colocar as peças na locomotiva. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Mariazinha tem 4,5 metros, quase a metade da locomotiva original da Baldwin. Montada no jardim da casa do aposentado, Miranda diz que mais difícil do que conseguir comprar e reformar a locomotiva, foi convencer a esposa a deixar a máquina no jardim, estragando o gramado.

“Inicialmente, eu tive um problema de oposição da minha esposa, porque ia estragar a grama do jardim. Um dia, fizemos uma viagem à Europa e fomos em uma lanchonete que cultivava batatas. Lá, havia vários ornamentos agrícolas em uma área de grama enorme. Eu mostrei aquilo para ela, como era bonito, e foi só assim que ela concordou”, brinca Miranda.

Ainda bem, pois Mariazinha virou atração turística dentro e fora de casa. Os netos pequenos do aposentado adoram entrar na cabine para brincar. No entanto, o sucesso da locomotiva foi tanto que virou ponto turístico na cidade. “Se você procurar, o nosso endereço está como ‘A Casa do Trenzinho’ no Google”, orgulha-se.

O sucesso da locomotiva foi tanto que virou ponto turístico na cidade.
O sucesso da locomotiva foi tanto que virou ponto turístico na cidade.

Outras reformas

Quem pensa que as habilidades manuais de Miranda começaram com a Mariazinha está completamente enganado. O ex-promotor de justiça diz que, desde criança, sempre construiu os próprios brinquedos. Depois de adulto, ele continuou a “brincar” de montar.

“Eu adoro restaurar coisas, já fiz isso com dez motocicletas antigas. Hoje, tenho cinco delas expostas na minha casa também”, revela.

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