Morar e trabalhar na Rua José Machado Vaz, na Vila Primor, em Almirante Tamandaré (Região Metropolitana de Curitiba) se tornou sinônimo de prejuízo para o mecânico Lourival Partica, 61 anos. Ele, que está há dois anos no local, convive diariamente com a poeira que toma conta de seu ambiente de trabalho e o obriga a lavar os carros que conserta antes de devolver aos clientes.
“O que era pra ser lucro virou prejuízo. Não posso nem pintar carro aqui, tenho que mandar pra outra oficina. Já pensou se a tinta está molhada e passa um ônibus? Enche tudo de pó e não tem como tirar”, reclama. “A gente respira porque não tem outro jeito. É um horror, enche tudo de pó na casa, no cabelo, não tem como lavar roupa”, completa a lavadeira Maria Catarina Paiva, 46, esposa do mecânico.
Sem asfalto
Assim como Lourival, centenas de outros moradores de Almirante Tamandaré convivem com a mesma situação. A prefeitura reconhece o problema e afirma que só 25% das ruas estão pavimentadas, mas argumenta que “os recursos municipais não são suficientes para atender as demandas de pavimentação”. “Fato este que demanda esforço na elaboração de projetos e busca de recursos, uma vez que as obras de pavimentação têm custo elevado”, diz a nota.
De acordo com o município, 48 ruas foram inscritas no Programa PAC-2 Mobilidade Urbana, do governo federal, mas foram aprovados recursos para pavimentar apenas 11. Será priorizada a pavimentação de vias que fazem parte do trajeto de ônibus, recebem grande fluxo de veículos e as que têm escolas e creches. As demais recebem obras de manutenção, como colocação de saibro e nivelação.
Outra possibilidade encontrada pela prefeitura foi uma parceria com a população por meio do Programa de Pavimentação Comunitária, mas de acordo com a nota, o Ministério Público (MP) pediu o cancelamento do programa. O MP foi procurado para explicar a situação, mas não retornou até o fechamento desta edição.
Só na promessa
Ao circular pelo bairro, os Caçadores de Notícias ouviram outras histórias de moradores que convivem com os problemas causados pela falta de asfalto. Entre a Rua Vereador Wadislau Bugalski e a Rodovia dos Minérios (PR-902), na Vila Primor e no Jardim Cristina, apenas uma rua está pavimentada.
Entre os moradores do Jardim Cristina o descontentamento é o mesmo. Eles já trancaram a Rua Vereador Wadislau Bugalski durante uma manhã inteira, mas também não acharam solução. Morando há 45 anos no local, o gari José Bruno Simões, 64, tem várias histórias para contar de problemas causados pelas condições das ruas. “Pra sair e andar aqui é uma tristeza. Já teve gente que caiu em buraco e até hoje nada”. Para evitar a Rua Rio Paraná, o confeiteiro Renato Brigido, 48, aposta nas vias alternativas. Ainda assim encontra problemas até chegar à rua principal. “Um carro até capotou na subida, é difícil pra quem não está acostumado e quando chove não tem condição nenhuma de descer”, alerta.