A menos de 100 dias das Olímpiadas, obras prometidas como legado da Copa do Mundo de 2014 ainda estão inacabadas na Grande Curitiba. Desde julho de 2015, quando a reportagem havia visitado pela última vez as intervenções nos Corredores Aeroporto-Rodoferroviária e Marechal Floriano, algumas coisas avançaram, mas ainda há muito trabalho a ser feito até que todas as benfeitorias do Programa de Aceleração do Crescimento Mobilidade Urbana (PAC da Copa), gerenciadas pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), sejam entregues.
Na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais, a ponte sobre o Rio Iguaçu, que fará parte do prolongamento da Avenida Salgado Filho até a Rua Joaquim Nabuco, formando uma via paralela e alternativa à Av. das Torres, há operários e maquinário, mas os trabalhos seguem a passos lentos.
Logo após o portal de São José dos Pinhais, a trincheira na Rua Arlindo João da Costa foi finalizada, mas poucos carros utilizam. Sem pintura e sinalização na pista, há riscos aos pedestres, já que o acesso pelas escadarias não conta com nenhuma proteção. Na Rua Arapongas, as escavações de outra trincheira – que criará uma espécie de binário com a anterior -, estão em estágio inicial.
Outro ponto problemático é o acesso ao Aeroporto Afonso Pena. Os motoristas que se aproximam pela bifurcação da Avenida das Torres com a Rua Comandante Aviador José Paulo Lepinski não encontram sinalização clara sobre o caminho correto para o aeroporto. Há cones, mas faltam placas. Os Caçadores de Notícias não encontraram nenhum operário trabalhando.
População insatisfeita
Situações de atrasos e transtornos no trânsito são tão frequentes que já nem assustam os motoristas. “Já acostumei, passava direto sobre ponte do Boqueirão e a trincheira da Nutrimental, e o trânsito era tão ruim que nem reclamo mais, mesmo quando está parado. Imagino que estas obras ainda devam demorar para ficarem prontas. Sendo otimista, pelo menos, elas estão sendo feitas”, desabafa o inspetor de qualidade Mário Gabriel Marangone, 26 anos, que trafega diariamente pelo local.
A auxiliar de produção Joana Benedita de Jesus, 60, prefere se arriscar no trânsito pesado da Avenida das Torres, a ter que cruzar a via pela passagem subterrânea construída ao lado da Avenida Rocha Pombo. “Tem muito carro, é difícil atravessar, mas por baixo é ainda mais perigoso. Essa passagem nova parece estar abandonada, está toda pichada e muitos assaltos acontecem ali. Não dá para arriscar”.
Finalmente liberadas!
Na Av. das Américas, a situação é melhor. No último dia 20 de abril, foram liberadas as duas novas trincheiras, localizadas sob as ruas Joaquim Nabuco e Claudino dos Santos, no Corredor Marechal Floriano. O fluxo também segue livre no trecho entre a Av. Rui Barbosa e o terminal central. Após o Terminal Central de São José dos Pinhais, foi finalizada a pavimentação da terceira pista, que permitirá que os ônibus circulem por uma canaleta exclusiva, mas ela ainda não foi entregue e o trânsito segue confuso no local.
Mesmo com as melhorias, Djalma Luiz da Rocha, 54, dono de um restaurante na Av. das Américas, diz que a situação piorou para seus clientes. “A avenida ficou quatro anos fechada e agora que liberaram, os clientes do restaurante e dos dois bancos não têm onde estacionar seus carros. Fizeram três faixas para circulação e deixaram a gente sem as vagas que precisamos. Duas pistas seriam suficientes aqui. O prejuízo tem sido tanto, que vamos nos reunir e fazer um abaixo assinado pedindo o estacionamento”.
Por que atrasou tanto?
A Comec esclarece que no Corredor Aeroporto-Rodoferroviária, em São José dos Pinhais, foram retirados os sinaleiros e as torres de energia para implantação de mais uma pista, em ambos os sentidos da Av. das Torres. Também foi feita a pavimentação, iluminação e calçamento. Com investimento de R$ 58,6 milhões, falta concluir a ponte sobre o Rio Iguaçu, as trincheiras das ruas Arlindo da Costa e Arapongas, a finalização das passagens de pedestres e o início do alargamento da obra na Av. Paulo Lepinski.
Segundo a Comec, o governo do Estado quer que a obra seja concluída o mais rápido possível, mas a demora na liberação por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) atrasou a obra na Av. Paulo Lepinski. O prazo está sendo rediscutido com a Caixa Econômica Federal. O órgão estadual alega que enfrentou outros problemas: adequações de projetos, trâmites burocráticos, problemas no pagamento, remanejamento de interferências urbanas promovidas pelas concessionárias de serviços públicos, atrasos por parte da empreiteira (que está notificada pela Comec).
Já no Corredor Marechal Floriano, foi feita a requalificação da Av. Américas, a construção da ponte sobre o canal extravasor do Rio Iguaçu, as duas trincheiras e a canaleta exclusiva de ônibus. Neste trecho, falta concluir a semaforização para liberar a canaleta de ônibus, a última camada de pavimentação asfáltica em frente ao terminal, iluminação pública, finalizar a ciclovia, a sinalização e o paisagismo. Segundo a Comec, a obra, que custou R$ 25,9 milhões, atrasou em função da necessidade de readequação do projeto e de problemas burocráticos, deve ser concluída no primeiro semestre de 2016.
Confira o mapa com o andamento das obras: