A Polícia Científica e o Instituto Médico Legal (IML) entregaram ao delegado Amadeu Trevisan, de São José dos Pinhais, na tarde desta quinta-feira (22), os laudos das perícias e exames referentes ao assassinato do jogador Daniel Corrêa Freitas, ocorrido no final do mês passado.
+Caçadores! “Não tenho ódio no coração, eu tenho pena”, diz mãe do jogador Daniel
Esta era a parte que faltava no inquérito, que já está com as investigações encerradas. Os laudos complicam ainda mais a defesa do empresário Edison Brittes Júnior, assassino confesso, e de sua esposa e sua filha, Cristiana e Allana, que tentaram coagir testemunhas para escaparem da culpa. Além deles, outras quatro pessoas estão presas e não se descarta a possibilidade de que suas prisões temporárias sejam revertidas em prisões preventivas, ou seja, por um tempo bem mais prolongado.
A expectativa é a de que o promotor João Milton Salles, do Ministério Público, que já tem o inquérito concluído em mãos, ofereça a denúncia criminal contra os envolvidos ainda nesta sexta-feira (23). E também que o juiz acate a denúncia até o início da semana que vem, iniciando assim a ação penal.
Laudos
Ao todo foram feitos 10 exames diferentes para embasar tecnicamente o inquérito. A necropsia foi feita pela médica legista Regina Gomes. Conforme o diretor do IML, Paulino Pastre, o exame constatou que a causa da morte foi a degola parcial que Daniel sofreu. A necropsia também apontou que o pênis de Daniel foi cortado logo depois da degola. Mas como foi uma ação muito próxima da outra, os exames não conseguiram constatar exatamente se a vítima foi decepada enquanto ainda tinha ou não algum sinal vital.
Os dois exames do local onde o cadáver foi encontrado são os que mais comprometem os envolvidos no homicídio. Estes locais foram examinados pelos peritos criminais Jerry Cristian Gandin e Clélia Hamera. Conforme Jerry, é claro que Edison não cometeu o crime sozinho e que teve a ajuda de, no mínimo, mais uma pessoa. A conclusão foi tirada através dos sinais de arrasto no corpo de Daniel, que são mínimos e incompatíveis com a distância onde havia a maior poça de sangue (onde ele foi degolado) e o local onde o cadáver foi deixado.
Isso mostra que Edison teve a ajuda de mais pessoas para carregar o corpo, com pelo menos uma pessoa segurando um dos braços de Daniel e outras duas cada perna. Isso mostra que alguns depoimentos são falsos, quando dizem que Edison levou sozinho o corpo do carro até o local onde o cadáver foi abandonado.
Já a casa e o carro da família Brittes foram periciados pelo perito criminal Paulo Zembulski, que constatou que a porta da suíte do casal Brittes foi arrombada com chutes ou empurrão com o ombro, de fora para dentro, com se o arrombador tentasse entrar no quarto. Só não é possível saber se foi arrombada no momento do crime (enquanto Daniel era agredido) ou depois, numa tentativa dos envolvidos de modificar a cena de crime e forjar uma história falsa.
Sangue e DNA
O perito geneticista Marcelo Malaghini, coordenador do laboratório de DNA, explicou que foram feitas sete coletas de material genético (sangue e tecidos) nos locais de crime, quatro delas no veículo (duas no porta-malas e mais duas nas portas) e as outras três na residência dos Brittes (no piso do quarto, na parede logo ao lado da porta de entrada do quarto e outra no rodapé desta mesma parede). Em todos os locais foi constatado material genético humano. No entanto, como tudo foi bem lavado, a qualidade do material coletado ficou ruim para ser feito um exame de DNA, para constatar de quem era o sangue. No entanto, um exame de quimiluminescência, em que é usado um produto químico chamado luminol, constatou que mesmo com a limpeza, o local tinha sangue.
Crimes
Além de Edison, também foram indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver Eduardo da Silva, Ygor King e David Willian da Silva. Eduardo Purkote, último a ser preso, foi indiciado apenas por lesão corporal grave, já que teria ajudado a agredir o jogador Daniel, mas não embarcou no carro com os outros quatro suspeitos que deram cabo da vida de Daniel.
Já Cristiana Rodrigues Brittes e Alana Emilly Brittes vão responder por coação já que, segundo o delegado, elas coagiram testemunhas. Também vão responder por fraude processual, por causa da limpeza do local do crime e do carro, o que resultou na ocultação das provas.
+ APP da Tribuna: as notícias de Curitiba e região e do trio de ferro com muita agilidade e sem pesar na memória do seu celular. Baixe agora e experimente!
+ Confira o desenrolar dos acontecimentos:
Quarta (31): Corpo de Daniel é velado em Minas Gerais
Quarta (31): Daniel foi espancado antes de ser morto, diz testemunha
Quinta (1): Suspeito de matar ex-jogador é preso, junto com esposa e filha
Sexta (2): Conversas de Whatsapp apontam que filha de suspeito fez contato com família de jogador
Sábado (3): Saiba em que condições está presa a família Brittes, acusada da morte do jogador Daniel
Segunda-feira (5): Rapazes que testemunharam morte do ex-jogador Daniel devem depor nesta semana
Terça-feira (6): “A família está mentindo”, diz delegado após depoimento de mãe e filha
Terça-feira (6): Novos depoimentos desmentem estupro do jogador Daniel
Quarta-feira (7): ‘Daniel foi assassinado com requintes de crueldade’, diz promotor
Quarta-feira (7): Celular de Cris Brittes é entregue à polícia
Quarta-feira (7): Veja o que Edison Brittes disse à polícia em depoimento nesta quarta
Quinta-feira (8): Cris e Allana Brittes são transferidas para presídio feminino em Piraquara
Sexta-feira (09): Moto ostentada por Brittes era de traficante, diz delegado
Sábado (10): Família Riqueza: festa de aniversário de Allana Brittes custou R$ 30 mil
Domingo (11): Celular usado por Edison Brittes para dar pêsames é de um homem morto
Domingo (11): Imagens mostram Edison Brittes combinando mentira sobre morte de jogador Daniel
Segunda-feira (12): O que ainda não foi respondido sobre a morte do jogador Daniel
Segunda-feira (12): Com medo, ficante do jogador Daniel contou detalhes do que viu à polícia
Terça-feira (13): Mãe do jogador Daniel registrou mentiras contadas por Allana em cartório
Quinta-feira (15): Legítima defesa? Entenda os detalhes jurídicos envolvendo o ‘Caso Brittes’
Quinta-feira (15): Preso 7º envolvido na morte do jogador Daniel
Sexta-feira (16): Edison proibiu testemunha de chamar ambulância que poderia salvar jogador
Segunda-feira (19): Carro utilizado por Edison pra levar jogador até o local de crime está em nome de policial
Segunda-feira (19): Não sou amigo da família Brittes, diz Recalcatti à imprensa
Segunda-feira (19): Ministério Público abre investigação paralela contra Edison Brittes
Terça-feira (20): Após o crime, Allana Brittes combinou “festinha” com testemunha
Quinta (22): Saiba detalhes da morte do jogador Daniel revelados nos laudos do IML
Laudos provam que Edison Brittes teve ajuda pra carregar corpo de Daniel