Cansada do descaso, jovem dá puxão de orelha na prefeitura de Curitiba

Caroline Lazarini se mexeu e mobilizou a comunidade em busca de uma solução para um problema que durava mais de 40 anos. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Caroline Lazarini se mexeu e mobilizou a comunidade em busca de uma solução para um problema que durava mais de 40 anos. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Aos 19 anos, muita gente se preocupa mais com a própria vida do que com o bem estar alheio, não? Mas esse não é o caso da estudante Caroline Lazarini que, cansada de ver a situação do seu bairro, resolveu reclamar e “puxar a orelha” da prefeitura de Curitiba. A reclamação surtiu tanto efeito que, depois de mais de quatro décadas a céu aberto, as valas da Rua Antônio Schiebel, entre as ruas William Booth e Cadete Guido Longo Júnior, no Boqueirão, estão sendo fechadas pela instalação de tubos para escoamento de água.

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Quem mora nessa rua é a família do namorado de Caroline, mas ela contou à Tribuna que resolveu reclamar para ver se a situação mudava. “E eu comecei a procurar ajuda da prefeitura porque queria pedir uma solução para a minha rua, que fica em outro ponto do bairro”, destacou a jovem, que estuda enfermagem.

Quando soube das reuniões do Fala Curitiba, Caroline resolveu participar. “Fui, vi que poderia avançar de forma positiva e decidi fazer um abaixo-assinado. Pegamos assinaturas dos moradores, de comerciantes e de todo mundo que pudesse ajudar, e na mesma semana já entraram em contato dizendo que conseguiriam resolver”.

O problema da Rua Antônio Schiebel durou por muitos anos e era simples: entre as casas e a rua havia uma vala e o acesso às residências se dava por pontes. “Há 47 anos esperávamos uma solução. Já tínhamos feito de tudo: ia até a rua da cidadania e sempre empurravam com a barriga, diziam que não tinha dinheiro”, comentou o morador Frederico Lutre Sicuro, 87 anos.

Segundo o homem, em uma das reuniões que participou, a prefeitura chegou a propor que as manilhas fossem pagas por ele. “Disseram que a gente poderia comprar as manilhas e a prefeitura colocava, mas não tínhamos condições. Isso fez com que eu desistisse. Quando a Caroline reclamou e participou do Fala Curitiba, conseguimos a solução para o problema. É muita felicidade porque estávamos há muito tempo esperando por isso”.

A estudante contou que se motivou a participar das reuniões depois de ver que o bairro estava sendo visto pela prefeitura. “Nunca tinha visto tanta obra na região e isso me fez ver que valeria a pena reclamar. Fico feliz por ter conseguido ajudar os moradores, pois antes falavam que a responsabilidade era deles, mas na verdade era da prefeitura”, contou Caroline.

Direito de cobrar

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

As manilhas que foram colocadas têm, cada uma, diâmetro de 1,8 metro. A extensão do trecho é de 130 metros e, com a intervenção, a obra vai evitar que a erosão das águas das chuvas comprometa a estrutura da rua e coloque em risco os pedestres. O pedido de Caroline, que ajudou a rua da família de seu namorado, já está em fase de conclusão, mas ela não desistiu de continuar lutando pelo seu objetivo inicial, que é pedir por sua rua.

“Lá é um pouco mais complicado de resolver, pois tem uma invasão que já foi retirada, voltaram e a rua não tem asfalto. Queremos resolver o mais rápido possível, se não a invasão acaba tomando conta. Não temos calçada e a situação fica cada vez mais complicada”, explicou Caroline, se referindo a um trecho da Rua Pastor Carlos Frank.

Conforme a prefeitura de Curitiba, a partir do pedido de Caroline Lazarini, está sendo verificada a viabilidade técnica sobre a demanda de pavimentação da Rua Pastor Carlos Frank. “Bem como encaminhado o pedido de elaboração de projetos complementares para inclusão em programação de asfalto sobre saibro. A solicitante tem sido informada, via Administração Regional do Boqueirão, de todas as medidas adotadas”.

Reclame também!

O programa de consultas públicas municipal Fala Curitiba já recebeu muitas reclamações sobre as prioridades da população para compor a proposta do orçamento da cidade para 2020. As reclamações podem ser passadas de duas formas: por intermédio das reuniões presenciais, que foram até o dia 9 de agosto, ou pelo site e qualquer cidadão de Curitiba pode apontar até cinco prioridades para cada uma das 10 regionais da cidade.

Conforme a prefeitura, ambas as participações, online e presencial, são somadas para a eleição das 50 prioridades eleitas para a cidade, que vão compor a proposta de orçamento municipal do ano que vem. O sistema de apontamento de prioridades foi incorporado ao site por se tratar de um pedido recorrente da população que muitas vezes não pode estar presente nas mais de 70 reuniões feitas nos bairros de Curitiba.

https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/pai-filho-curitiba-melhores-amigos-descobrirem-paixao-em-comum/

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