Se, para você, seguranças de shopping só estão lá para dizer o que “não pode”, essa história poderá ser surpreendente. Para Guilherme da Rocha Reghini, de 20 anos, um dia comum de trabalho acabou se transformando num dos momentos mais memoráveis de sua vida. Tudo aconteceu no último domingo (24), quando o rapaz, que trabalha como segurança num dos principais shoppings de Curitiba, ajudou a família de um jovem portador de autismo que passeava pelo centro de compras. Por conta da gentileza de Guilherme – por vezes tão rara hoje em dia – a gratidão dos clientes, expressa num vídeo publicado nas redes sociais, acabou viralizando e rendendo ao jovem segurança não apenas seus 15 minutos de fama, mas também enorme reconhecimento pela boa ação.
“Não fiz nada demais. Apenas tratei os clientes da forma que eu gostaria de ser tratado”. Foi assim que Guilherme respondeu à reportagem quando lhe perguntamos sobre o fato. Tímido, o jovem afirmou ter ficado surpreso com a repercussão do vídeo publicado pelos clientes que, em poucos dias, foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas. Entre os comentários do público, não faltaram elogios ao rapaz. “Parabéns ao segurança”. “Fiquei emocionado” e “Algo que deveria ser normal em nosso cotidiano, mas infelizmente não. Parabéns ao segurança”, são apenas algumas das congratulações direcionadas a Guilherme.
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Tudo aconteceu no último domingo (24), quando o rapaz foi abordado por uma família na área da praça de alimentação do shopping, onde a circulação e permanência de animais domésticos não é permitida. “Era hora do almoço e o local estava cheio. Uma senhora com um cachorrinho me abordou perguntando se eu já tinha ouvido falar em cães assistentes”, contou Guilherme. “Ela explicou que eram similares aos cães-guia e que o bichinho ajudava no tratamento de seu filho, que é autista. Entendi que eles precisavam da companhia do cão e sugeri que se sentassem num canto mais afastado do movimento, pois sei que – para os autistas – barulho pode ser bastante incômodo”, lembrou o segurança.
Sem ter conhecimento da comoção que o ato de gentileza provocou na família, Guilherme seguiu o expediente normalmente naquela tarde. Mal sabia que, dentro de poucas horas, ele se tornaria praticamente uma celebridade após a divulgação de um vídeo emocionado, por parte da cliente.
“Estou emocionada. Depois te tanto chorar por ser rechaçado nos lugares, choramos de emoção por esse acolhimento e carinho com os quais fomos recebidos aqui”, diz Rita de Cassia Armstrong, mãe do rapaz autista, no vídeo que fez em agradecimento ao segurança. Depois disso, o reconhecimento foi imediato, assim como a repercussão da boa ação. “Fui parabenizado pelos colegas e pela chefia. Até dei entrevista para a TV”, contou o jovem, confessando o nervosismo. “Gaguejei o tempo todo”, revelou entre risos.
Piá bom
Funcionário da segurança do Shopping Curitiba há dois anos e meio, Guilherme é um rapaz calmo. O típico “piá bom”. “Muita gente relaciona o meu trabalho à truculência e, realmente, tem uns e outros. Mas eu não sou assim”, conta. Acostumado a uma rotina puxada, que começa às 5h30 da manhã, o jovem vem à Curitiba todos os dias de ônibus, partindo do município de Araucária onde mora, na Região Metropolitana, acompanhado de sua esposa que também trabalha no shopping. É à ela, aliás, que Guilherme atribui boa parte de sua personalidade. “Ela me ensinou muitas coisas. Boa parte do meu caráter e da forma com que trato os outros vem dela”, revelou o jovem, que viveu boa parte da infância na Cidade Industrial (CIC), onde sua mãe trabalhou por muito tempo como professora para crianças portadoras de necessidades especiais. Daí a familiaridade com o tratamento especial, necessário aos portadores de autismo.
Conhecido entre os colegas do shopping como “Menino Maluquinho”, ou “Mike Mike”, conforme o alfabeto fonético utilizado por profissionais de segurança, Guilherme já foi aclamado por seu trabalho há alguns meses. Em novembro do ano passado ele foi reconhecido pela empresa administradora do estabelecimento como ‘funcionário estrela’, que é uma espécie de condecoração mensal aos funcionários de destaque.
Habituado a cuidar do próximo, Guilherme se considera quase destinado a trabalhar com segurança. “Antes de vir pra cá trabalhei como guarda vidas num parque aquático”, disse. Com planos de crescer dentro da empresa, o jovem divide seus sonhos entre duas perspectivas: ou a de chegar a um cargo de chefia dentro da própria segurança do shopping, ou entrar para a Polícia Militar.
“E se chegar lá, vai tratar bem aos jornalistas?”, perguntei brincando. “Não só os jornalistas, mas todo o mundo que precisar de mim”, finalizou rapaz com um sorriso.
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