Quase metade dos municípios brasileiros está em alerta ou apresenta risco de surto para doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti. Os dados foram apresentados no boletim divulgado essa semana pelo Ministério da Saúde, que incluiu Curitiba entre as capitais “satisfatórias” quanto aos índices de infestação. Quando o assunto é o Estado do Paraná, no entanto, a situação não pode ser encarada com a mesma “positividade” já que, só nos primeiros 6 meses desse ano, quase dois mil casos prováveis da doença já haviam sido registrados pelo Ministério da Saúde. Entre os estados do sul, lideramos com folga a posição de região com maior número de infectados e, com a chegada do verão, autoridades ligadas à saúde alertam para o risco de aumento dessa porcentagem e recomendam à população atenção redobrada no combate ao mosquito.
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Os números são altos: 1.969 paranaenses infectados com as doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti até junho desse ano. No mesmo período, Santa Catarina registrou 206 casos e Rio Grande do Sul, apenas 97. A situação, porém, não está livre de se tornar ainda pior já que, com a proximidade do verão, as incidências tendem a aumentar. De acordo com o último Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), 206 cidades do Paraná estão em situação de alerta ou risco de surto de dengue, zika e chikungunya. Desses, 154 municípios estão em alerta e 52 apresentam risco de surto.
Mas, afinal, por que o Paraná é campeão no ranking de infestações entre os estados do sul? Segundo o infectologista Jan Walter Stegmann, a resposta está no clima: mais quente de um modo geral, quando comparado aos demais estados. “Nas temperaturas mais altas, o período reprodutivo do mosquito fica mais curto e ele se reproduz com maior velocidade. Isto explica os casos registrados no Paraná, cujas cidades do interior são bem mais quentes que as do interior dos outros estados do sul”, explica.
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De fato, quando comparado aos estados mais ao norte, ainda “estamos bem”. Para se ter uma ideia, até junho desse ano, 10.653 casos prováveis haviam sido registrados no Rio Grande do Norte, 22.451 em Minas Gerais e 51.671 em Goiás.
Segundo o último Informe da Dengue, divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, os municípios paranaenses onde mais casos foram registrados esse ano foram: Uraí, Amaporã, São João do Caiuá, Planaltina do Paraná, Paranavaí, Sabáudia, Jussara, Marilena, Cafelândia, Terra Roxa, Santa Isabel do Ivaí, Santa Fé, Foz do Iguaçu, Jataizinho, Jaguapitã, Assaí, Guaíra, Terra Rica, Corbélia, Matelândia, Ortigueira, Colorado, Astorga, São Miguel do Iguaçu, Ibiporã, Londrina, Arapongas e Cambé.
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Aedes em Curitiba
Mesmo “cercada” pelo mosquito, Curitiba ainda está classificada entre as capitais brasileiras cujos índices são satisfatórios para a incidência das doenças. Ao lado da capital paranaense estão, Teresina (PI), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Macapá (AP), Maceió (AL), Fortaleza (CE) e Aracaju (SE). De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, no último levantamento realizado em novembro de 2018 o índice de infestação por dengue ficou em 0% na cidade. No total foram vistoriados 22.6 mil imóveis na cidade, entre residências, estabelecimentos comerciais, terrenos baldios e equipamentos públicos.
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Conforme explicou a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Saúde, a prefeitura tem implementado ações de combate ao mosquito durante todo o ano. Entre as principais a “Curitiba Sem Mosquito” realiza regularmente vistorias de casa em casa, coleta de entulhos do programa e ações pedagógicas de conscientização de combate ao Aedes de janeiro a dezembro. “O resultado positivo é fruto dessas ações de longo prazo”, afirmou o departamento por meio de nota.
Na mesma esteira, os atendimentos clínicos também diminuíram esse ano. “Na prática médica nós observamos menos casos em relação aos últimos anos porém sabe-se que a dengue é cíclica e quando um novo sorotipo começa a circular, os casos aumentam muito”, afirmou o infectologista Jan.
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Não é hora de relaxar
Apesar dos dados relativamente “confortáveis”, o momento pede atenção redobrada. Principalmente com a chegada da estação mais quente do ano. “Nunca se deve relaxar na aplicação das medidas preventivas de combate ao mosquito, principalmente no extermínio dos criadouros. Se existe dengue é preciso estar alerta”, destacou o especialista.
Entre as principais medidas de combate estão evitar o acúmulo de água pneus velhos, vasos de plantas, garrafas e vasilhas. Outras ações eficazes para prevenir infestações são o descarte correto de lixo, aplicação de telas em janelas, depósito de areia nos vasos de plantas, aplicação de desinfetantes em ralos, limpeza de calhas, uso de larvicidas e repelentes, além é claro, da própria vacinação contra a dengue (que este ano finalizou em outubro).
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E vem o verão
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), informou que, durante a temporada de verão, o trabalho de combate ao mosquito no litoral e municípios com grande fluxo de pessoas será intensificado, com barracas de orientação de saúde e informações sobre o assunto à população.
A SESA afirma ainda que faz o monitoramento contínuo da situação da dengue no Estado e, também durante todo o ano, organiza campanhas educativas em parcerias com o municípios. Nos casos de alerta, a SESA informou que trabalha em conjunto com o município para a aplicação de UVB (veneno), visitas de agentes de endemias e outras ações de acordo com a necessidade de cada cidade.
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