Várias personalidades históricas dividem espaço com os frequentadores das praças e jardinetes de Curitiba, nos inúmeros bustos e estátuas instalados nesses espaços. Mas nem todo mundo percebe tais obras, e entre quem as observa, apenas uma pequena parte consegue afirmar a identidade dos homenageados.

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Na Praça General Osório, por exemplo, há a figura do próprio general e até de um dos principais articuladores do processo de redemocratização após o regime militar que durou de 1964 a 1985: o presidente Tancredo Neves. Mas apesar da importância, tais monumentos não escapam da ação de vândalos, da sujeira dos pombos e muito menos do descaso sobre as realizações de cada personalidade histórica.

“Não sei quem é esse Tancredo. Também nunca prestei atenção, porque comecei a trabalhar no Centro faz pouco tempo”, revela a caixa Sonia Carvalho. A psicóloga Simone Carvalho, com consultório há cinco anos na praça, também reconhece que é difícil prestar atenção. “Fui recentemente para a Argentina e fiquei impressionada pela valorização dadas as obras públicas, mas é uma questão cultural, aqui ninguém presta atenção”, explica.

Há quem surpreenda. Na Praça Carlos Gomes, o aposentado Valdomiro Gomes sabe exatamente de quem se trata o músico eternizado no busto e ainda esbanja conhecimento sobre homenageados de outras praças. “Mais adiante, na Praça Zacarias, tem a estátua do Zacarias Góes e Vasconcelos, fundador político do Estado. Pena que os pombos impedem que a imagem dele seja contemplada sem toda essa poluição visual”, aponta.

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Há quem reclame do espaço ocupado pelos homenageados. “Se cuidassem melhor dessas estátuas, até daria para entender. Mas sempre estão pichadas e sujas, além de tomarem lugar de parquinhos e espaços para as crianças brincarem”, observa a atendente de padaria Josiane França, que também admitiu não saber quem era o Barão do Rio Branco, cuja estátua fica na Praça Generoso Marques.

Bustos tiveram passado glorioso

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A Comissão de Bens Artísticos, formada por profissionais da Secretaria de Municipal do Meio Ambiente (SMMA), Instituto de Pesquisa e Planejamento urbano (IPPUC) e Fundação Cultural de Curitiba (FCC), é quem avalia a relevância dos pedidos para homenagear figuras ou momentos históricos na forma de bustos ou monumentos.

Segundo a historiadora e pesquisadora da FCC, Aparecida Bahls, esse tipo de iniciativa teve o ponto alto na década de 20. “O primeiro monumento que se tem notícia é o do Marechal Floriano, na Praça Tiradentes, em 1904. Mas o auge veio com o Movimento Paranista. A Praça Osório retrata bem isso com figuras como o poeta Emiliano Perneta”, aponta.

Ela conta que naquela época a inauguração de cada busto contava com a presença de autoridades e era encarado como um grande evento. “Era um momento de cultuar heróis e sacralizar para o futuro personalidades históricas. Hoje, a tendência é por monumentos que valorizam fatos históricos”, complementa. O Monumento à Resistência e à Luta pela Anistia no Paraná, na Praça Rui Barbosa, é um exemplo.

Mais barato

Um antídoto contra a depredação das obras tem sido a substituição dos materiais originais, como o bronze, por imitações com menor valor comercial. A SMMA esclarece que nem sempre essa troca acontece, porque nas peças classificadas como obras artísticas a troca tem que seguir o modelo original. Outra tentativa é no que se refere às placas que identificam o homenageado. Em projetos novos, a prefeitura tem optado pelo azulejo, para evitar furtos.

Pelo telefone 156, a população pode informar sobre obras danificadas ou sem placas. Os reparos, no entanto, muitas vezes dependem da aprovação de projetos maiores de revitalização de praças e jardinetes que, segundo a secretaria, somam mais de mil espaços na capital.

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