Ele acorda às 6h todo dia, faz café, almoço e jantar pros familiares diariamente (dizem que a comida é dos deuses!), lava e seca toda a louça (inclusive esfrega as panelas de alumínio), cuida da horta e do jardim, vai à igreja e ainda tira tempo para produzir bancos de madeira e outras invenções dentro de casa. E não reclama de nenhuma dor no corpo, cansaço ou tristeza. Parece uma história comum a qualquer pessoa batalhadora, né? Mas você vai ficar com vergonha de reclamar de qualquer preguiça ou dorzinha no corpo depois que contarmos a idade do Waldomiro Alves. Ele tem 90 anos, que completou no dia 17 de agosto numa festa para 230 pessoas! Uma vitalidade e uma alegria de viver difícil de ver por aí.

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O “Wardo”, como alguns amigos o chamam, tem um bordão que ele fala sempre e todo mundo conhece: “Tô feliz! Tô feliz!”, porque de fato é difícil não ver um sorriso no rosto do pedreiro aposentado. “Não tenho diabete, pressão alta, dor no corpo. Sou feliz. Nunca fui um derrotado. Sempre fui à luta”, resume ele. E foi essa alegria e vitalidade que chamou a atenção da Tribuna, que foi descobrir qual é o segredo dessa longevidade tão saudável.

“Na minha profissão eu serrei muita madeira”, conta Wardo, sobre sua carreira como pedreiro. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Boa parte dos 35 anos de trabalho do pedreiro foi numa empresa de construção civil. Com o suado dinheiro comprou o enorme terreno onde mora atualmente no bairro Barreirinha e foi dividindo um pedaço para cada filho que foi casando. “Ajudei muito a minha família”, orgulha-se. Depois que se aposentou, continuou criando coisas dentro de casa, principalmente bancos. Não falta lugar para sentar lá na casa do “Wardo”. Mas não é só isso. Inventou um descascador de pinhão, um coador de café para um bule grande que tem, até uma máquina de fazer ginástica em casa, entre muitas outras “soluções”.

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“Na minha profissão eu serrei muita madeira. Então uma época fiquei com dor no braço. O médico me mandou fazer exercício para tratar. Eu fui na academia fazer, vi que aquela máquina eu podia criar em casa e fiz. Comecei a fazer os exercícios em casa e curei a dor”, diz ele, que criou um sistema simples de corda e roldana e hoje continua se exercitando para manter a forma.

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“Há sete anos tive um probleminha pequeno do coração e a médica me passou uma lista do que eu não podia comer. Rasguei e joguei fora. Como de tudo e me sinto ótimo”, diz ele.

Comida de primeira

Todos os dias a família do “Wardo” pode contar com café, almoço e jantar sempre prontos. Só chegar e comer. E ele ainda lava toda a louça num tanque que tem lá fora, esfrega as panelas de alumínio (que ficam brilhando!) e bota tudo pra secar numa prateleira ao sol. “Assim a louça fica mais brilhante”, recomenda ele.

Seu Wardo é um cozinheiro de mão cheia e faz o café da manhã, almoço e jantar de toda família. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

E as comidas dele são muito elogiadas. Estefani Alves, a neta, diz que nunca comeu um feijão tão gostoso. “Ninguém faz igual. O feijão, as batatinhas com carne, arroz doce, doce de abóbora, frango de panela, tudo é divino”, diz orgulhosa. “Eu boto muito tempero, gosto de usar bastante alho. Até o arroz é temperado”, revela ele.

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Marlene, a cunhada de “Wardo”, que dá uma pequena ajuda com a limpeza da casa e as roupas do aposentado, diz que o melhor prato é a polenta. “Quando ele faz, todo mundo ama. A criançada adora. Às vezes ele faz pra fora, porque o pessoal vem encomendar”, diz Marlene. Aliás, foi o próprio “Wardo” que fez as formas de polenta, com chapas de alumínio e rebites.

Wardo e sua famosa polenta. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Paraná

Segredo

“Wardo” conta que nunca fica parado. “Acordo às 6h porque não gosto de ficar na cama. Já levanto, me arrumo e vou comprar pão”, diz ele, que ressalta que o seu cabelo ainda preto nunca foi pintado. “Meu filho tá ‘pior’ que eu. Já está com o cabelo todo branco”, brinca ele.

Então ele revela a “fórmula” da vida saudável: “Nunca fui em farra e fiquei noite sem dormir. Não uso bebida alcoólica, nunca fumei, sempre me alimentei bem. Nunca tive a imaginação louca, desse povo que sai por aí fazendo bobagem”, diz ele, que também tem uma história de amor diferente. Casou com a Maria Alves, filha de sua madrasta. Como ele já era “homem feito”, ajudou a cuidar dela quando criança. Mas esta é uma história à parte.

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O fato é que tiveram sete filhos (seis homens e uma mulher) e hoje “Wardo” tem sete netos. “Ainda não tenho bisnetos. São lerdos demais”, provoca ele.

Mesmo com a puxada de orelha, a neta Estefani resume o sentimento da família: “Ele é muito esforçado, determinado, inteligente. Tem uma alegria, uma vontade de viver e de fazer as coisas, esse vigor. Pra todos nós é um exemplo”, diz a jovem.