Curitiba

Heróis de verdade

Nada de ídolos de “mentirinha”, a pequena Beatriz é fã mesmo da Polícia Militar. Vestido de princesa deu lugar ao traje de policial e a saudação militar

Entre Ben 10 ou Homem Aranha, Rainha Elsa ou a Barbie, toda criança costuma eleger algum ídolo para adorar durante a infância. Contudo, existem aquelas crianças que desde cedo já escolhem outro tipo de herói, digamos assim, um tanto mais reais. É o caso da pequena Beatriz Pallar da Cruz, de apenas 5 anos, moradora de Araucária. Ela gosta mesmo é da Polícia Militar e, assim como seus heróis, quer um dia prender muitos bandidos e trabalhar a favor da lei. E o amor pela corporação é tão grande, que o seu pedido de aniversário era ganhar uma farda, com lanterna, algema e uma arminha de brinquedo. Com exceção da arma, ela teve o restante do sonho realizado, pelos próprios policiais militares de Araucária.

A vendedora Juliana Pallar, 34 anos, mãe de Beatriz, conta que desde bebê a menina ficava eufórica quando escutava sirenes e via as viaturas passando por ela. Já mais crescida, a garota não poupava esforços em dar tchau para as viaturas e policiais que passavam por perto. “Nós nunca influenciamos em nada. Partiu dela mesmo gostar da Polícia”, diz Juliana.

O aniversário de Beatriz foi no início de abril. E o pai, o químico Elvys da Cruz, 31 anos, ficou muito surpreso quando a filha pediu de presente a farda e os acessórios. Então ele entrou em contato pelo Facebook com um amigo, que é policial, o soldado Strugala, pedindo ajuda para descobrir onde ele conseguiria fazer uma farda. “Mas ele falou que conseguiria a farda”, revelou o pai.

Em equipe

Logo que o soldado Strugala informou os colegas sobre o sonhe da pequena Beatriz, todos toparam em fazer uma vaquinha para mandar costurar uma farda para a menina. No dia da festinha, em 8 de abril, foram em duas viaturas levar o presente diretamente na casa da garota. Quando Beatriz ouviu as sirenes e as viaturas na frente de casa, correu para receber as visitas e abraçou os policiais. “Dava pra sentir que era um abraço sincero, espontâneo, não que alguém tinha mandado ela ir ali e nos abraçar. Muitas crianças param, conversam conosco. Outras gostam, mas tem medo de chegar perto. Mas ela não, já vem correndo abraçando”, comentou o soldado Costa.

Beatriz se sente à vontade em estar entre os militares e age como eles. Foto: Felipe Rosa
Beatriz se sente à vontade em estar entre os militares e age como eles. Foto: Felipe Rosa

De farda na festa

No dia da festa e da surpresa feita pelo grupo de policiais militares, Beatriz estava vestida de princesa. Quando abriu pacote de presente trazido pelos policiais, imediatamente queria tirar o vestido para colocar a farda. “Não tem nada melhor do que ver uma criança feliz”, resumiu a soldado Menezes, que também participou da entrega.

Já o soldado Rômulo, que também foi à festa, ensinou Beatriz a bater continência. “Pra falar a verdade ela já sabia fazer certinho, a posição de sentido e a continência em seguida”, disse orgulhoso o policial, que se encantou com a garota. E ela se sente tão à vontade em estar entre os militares, que age igual a eles; não sai dando oi ou tchauzinho, já vem batendo continência”, descreveu.

"Dava pra sentir que era um abraço sincero, espontâneo”, comentou o soldado Costa sobre Beatriz. Foto: Felipe Rosa
“Dava pra sentir que era um abraço sincero, espontâneo”, comentou o soldado Costa sobre Beatriz. Foto: Felipe Rosa

“Uma criança gostar muito de uma coisa ou de outra também tem muito a ver com o que ela aprende dentro de casa. Ela é o espelho da família. Pois muitas crianças têm medo da PM, porque os pais, por exemplo, dizem que se não comer ou não se comportar, a polícia vai prender. E as crianças não podem sentir medo. Pelo contrário, pois se por exemplo elas se perdem dos pais, elas têm que ser ensinadas a procurarem um policial. Se elas sentem medo da polícia, acabam procurando ajuda de um estranho”, explica Rômulo.

Apoio

“A polícia existe para trabalhar em prol das pessoas de bem. É ótimo termos crianças que gostam da PM, pois serão os futuros policiais da sociedade”, orgulha-se Rômulo. E fazer ronda na casa da Beatriz já virou hábito. Sempre que alguma equipe está de passagem por lá, liga a sirene, mesmo que estejam com pressa e não possam parar para dar um oi. Para os familiares da menina apoio e acha graça com o comportamento dela, que demonstra muita dedicação, desde cedo. “Ela sai correndo na porta pra dar tchau. Até me pediu que ela queria entrar no grupo de Whats App dos policiais. Eu disse: ‘Mas Beatriz, você nem tem celular.’ Mas ela quer porque diz que já faz parte ‘deles’”, conta a mamãe.

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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