O frio chegou e com ele vieram os espirros, a tosse, a coriza, a dor de cabeça … mas você sabe diferenciar gripe de resfriado? Conforme a médica infectologista Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, os sintomas do resfriado são sempre mais brandos e chegam “devagar”. Já os sintomas da gripe são sempre ‘fortes‘ e aparecem de repente. É como se você chegasse ótimo para trabalhar e, no meio da tarde, começasse a sentir-se mal. E chega em casa como se um trator tivesse passado em cima do seu corpo. Nem sempre os sintomas se manifestam igual em todo mundo. Mas vamos entender as diferenças?

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Resfriado

Aqui os sintomas geralmente começam paulatinamente. Quase sempre a pessoa começa a tossir, espirrar, ter coriza no nariz, olhos lacrimejando, sintomas que indicam que algo está “errado”. No outro dia de manhã os sintomas parecem um pouco piores, a garganta pode começa a incomodar com excesso de secreção e dor fraca. Lá pelo terceiro dia o corpo pode registrar um leve aumento de temperatura (37,5º, por exemplo).

Com o passar dos dias, a pessoa pode sentir um leve cansaço. Crianças às vezes podem fazer uma febre de uns 38ºC, porém adultos geralmente não fazem febre. O nariz fica trancado, com muita secreção.

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O que pode acontecer com pessoas resfriadas é que, lá pelo quinto ou sexto dia da virose, uma bactéria conseguir assentar na secreção produzida pelo resfriado e isto vira uma infecção. E com isto pode vir uma dor de garganta mais forte ou dor de ouvido, por exemplo.

Nos quadros de resfriado é um pouco mais difícil o paciente sentir dor muscular, cansaço ou fraqueza. A pessoa pode ficar um pouco mais “devagar”, mas não “derrubada” como na gripe. A dor de cabeça também pode aparecer, porém é mais rara nos quadros de resfriado.

Gripe

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A gripe tem um início abrupto. Na hora do almoço a pessoa está bem e no meio da tarde, por exemplo, já se sente como se um caminhão a tivesse atropelado, de tanta dor no corpo, cansaço (que pode durar até três semanas), muita fraqueza no corpo, dor de cabeça forte (daquelas que parece que a cabeça vai explodir) e até febre. A pessoa não tem tanta coriza como no resfriado, mas pode apresentar uma dor de garganta muito intensa, repentina, daquelas que fica difícil engolir até água.

Neste caso, explica Marion, não tem jeito. O corpo precisa de repouso. É preciso interromper as tarefas do dia a dia e descansar. Caso contrário, a pessoa fica “arrastando-se pelos cantos”.

Foto: Lineu Filho

Crianças menores de dois anos

Marion ressalta que, em crianças com menos de dois anos, nem sempre é fácil distinguir gripe e resfriado. Isto porque elas dificilmente conseguem precisar o início dos sintomas, já que um dos fatores que diferenciam uma doença da outra é a velocidade em que eles aparecem no corpo. Por isto, a observação atenta dos pais e cuidadores é essencial para ver os primeiros sintomas e comportamentos diferentes (choro, prostração, etc.).

Influenza

Marion explica que não se diferencia a gripe H1N1 de outras gripes. Todas elas são infecções pelo vírus influenza e as complicações podem acontecer em qualquer tipo. Clinicamente não há como diferenciar a infecção do H1N1, do H3 ou do vírus influenza B. Todos fazem o quadro chamado gripe. Qualquer uma delas, conforme o agravo dos sintomas, pode levar à morte.

Vacina da gripe causa algum tipo reação?

A jornalista Karen Bortolini, 36 anos, ficou resfriada depois de tomar a vacina da gripe, há três semanas. Ela conta que tomou à tarde e, à noite, quando chegou em casa, começou a sentir moleza no corpo. Teve febre baixa por três dias. A febre passou, mas ela ainda está com coriza e um leve “peso” na cabeça. Mas os sintomas nem se comparam à outra vez que ela tomou a vacina, há cinco anos, e ficou acamada por dias, com o corpo muito dolorido, febre alta, fraqueza, dor de cabeça forte. Precisou se afastar do trabalho para se recuperar. Da outra vez, as reações começaram ainda mais rápido e de repente, cerca de uma hora depois da vacina. E dos seus colegas de trabalho que também tomaram, outros também tiveram reação.

O mesmo aconteceu com um policial civil de Curitiba, de 43 anos, que por causa da função investigativa que exerce, não quis ter o nome divulgado. Mas ele conta que tomou a vacina na quinta-feira da semana passada, pela rede pública. Já no dia seguinte, abruptamente começou a sentir mal estar, calafrio, dor no corpo, dor nas juntas, principalmente joelho e cotovelo, sem contar a febre, que ontem chegou a 39,6 graus.

“Parece que alguém pegou aqueles martelos de bater bife e bateu no meu corpo todo”, disse o policial, que já está há três dias afastado do trabalho, de cama, tentando se recuperar da gripe. E ele conta que todo ano é igual: quando toma na rede pública, tem essa reação forte. E nas duas vezes que tomou particular, não teve nada.

Verdade ou mito?

Foto: Lineu Filho

Mas afinal, vacina da gripe dá reação? Há diferença entre a vacinação privada e a pública? A Tribuna do Paraná foi atrás para saber o que é verdade e o que é mito. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS), “a vacina é feita de vírus inativos e fragmentados. Isso significa que o vírus da vacina está morto. Gripes e resfriados ocorridos após a administração da vacina podem ser coincidência e não estão relacionados a vacina. Leva em torno de dez dias para que o imunizante consiga induzir anticorpos contra o vírus. Nesse período, há uma janela para outras ocorrências, como por exemplo, um outro vírus, já incubado no indivíduo, se manifestar, causando sintomas”, diz a nota explicativa da SMS.

Com base nesta explicação, também é mito dizer que há diferença (ter ou não reação) entre a vacinação pública e a privada, diz a SMS. A única diferença entre ambas é que, na rede pública, a vacina é trivalente e na particular é tetravalente, ou seja, protege contra uma quantidade maior de vírus. O único sintoma que a pessoa pode ter com a vacina é uma dor no braço, no local da aplicação. O braço pode ficar dolorido e a tendência é que o sintoma desapareça em 48 horas. Ou seja, ficar resfriado ou gripado após tomar a vacina da gripe é coincidência, diz a SMS.

Tomei vacina. Fico livre da gripe?

Não! Quem faz uso da vacina, explica a médica infectologista Marion Burger, pode pegar uma infecção pelo influenza. No entanto, a doença não é tão intensa e por isso os sintomas podem até se confundir com um resfriado. As infecções de vias aéreas superiores (gripes e resfriados) podem ser causados por mais de 200 tipos diferentes de vírus.

“Etiqueta respiratória” (como prevenir)

Foto: Lineu Filho

Marion Burger explica que a prevenção para gripe e resfriado é exatamente a mesma. Inclusive é a mesma prevenção para doenças como meningite, diarreia e conjuntivite, por exemplo. A primeira coisa a ser feita é: não tussa ou espirre nas mãos! Muitas pessoas colocam as mãos na frente da boca ou nariz ao espirrar, para evitar infectar outros objetos ou pessoas ao redor.

No entanto, é justamente nas mãos que está o perigo de passar o vírus adiante, pois é com as mãos que pegamos em trincos de porta, nos seguramos dentro do ônibus, pegamos em chaves e diversos outros objetos compartilhados. Se outra pessoa pega naquele objeto, já fica com a secreção nas mãos e, se passa a mão na boca ou nos olhos, pronto! Ficou resfriada ou gripada!

Então, procure espirrar ou tossir na direção do seu ombro, ou coloque o braço (a região do cotovelo) na frente da boca ou nariz. Se tiver um lenço, use-o. Se houver muita gente ao seu redor e você não conseguir tirar o lenço do bolso em tempo, espirre dentro da sua própria roupa (dentro do casaco). E sempre que precisar assoar o nariz, higienize as mãos logo em seguida.

Se estiver num local que tenha pia e sabonete líquido, lave as mãos constantemente, tanto para evitar espalhar o vírus, quanto para não pegar o vírus de ninguém. Uma lavagem adequada das mãos (esfregando bem todos os cantos e pontas dos dedos) pode levar de 40 segundos a um minuto. E o aconselhado é o sabonete líquido, pois o sabonete em barra também pode ser um vetor de transmissão de vírus.

Se você estiver na rua, onde não é possível lavar as mãos, use o álcool gel quando desce do ônibus ou quando pega em objetos numa loja, por exemplo. Após a secagem do álcool, suas mãos estarão desinfetadas. A desinfecção por álcool gel só não é aconselhada em duas situações: quando houver sujidades nas mãos ou após ir ao banheiro. Depois de usar o sanitário, o álcool não é suficiente para matar os microorganismos encontrados no banheiro.

Marion também mostra que não é necessário fazer os dois tipos de higienização de uma vez só. Se lavou as mãos, não precisa ‘reforçar‘ com álcool. ‘É uma redundância‘, explica ela.

Além disto, é importante manter os ambientes bem arejados, para evitar que o ar fique “carreado” de vírus.

https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/corta-o-gluten/