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“Tá chovendo aí? Aqui tá chovendo!”. Se você nunca replicou esse áudio Whatsapp afora, certamente já recebeu a gravação viral pelos grupos da vida. Escutando a voz da velhinha de sotaque carregado, que muito se assemelha ao dos imigrantes italianos do bairro Santa Felicidade, pouca gente imagina que o responsável pelo “alerta de chuva” não é uma senhorinha idosa, mas sim o radialista e locutor, Gilson Sodré, 50. Conhecido como “homem das mil vozes” o curitibano dedicou 30 anos da vida à comunicação e hoje, longe das cabines de rádio, resgata personagens memoráveis da carreira nas redes sociais.

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A paixão começou cedo. Mais precisamente, no fim da década de 60 quando, brincando pelas ruas do bairro Vista Alegre (onde morava) Gilson jamais imaginaria que ao longo de sua carreira passaria por todas as emissoras que, já naquele tempo, formavam o reduto rádio-televisivo de Curitiba. Até então, as locuções e narrações inventadas pela mente criativa do estudante eram restritas ao pátio do colégio Guido Straube onde, munido de um antigo gravador Sony – presente de sua mãe – Gilson divertia os colegas. “Eu levava o gravador pra escola e fazia vários programas na hora do recreio. Gravava entrevistas, narrava as partidas de futebol da piazada, era uma farra”, recorda.

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Fã de comunicadores como Algaci Tulio e Luiz Carlos Martins, Gilson virou “imitador oficial” entre seus amigos de adolescência, pelas paródias impecáveis que fazia em festas ou rodas de conversa. “Naquela época eu trabalhava como mecânico e ficava tirando onda o dia inteiro com o pessoal da oficina, imitando e fazendo várias vozes engraçadas”, lembra. “Era um tal de ‘oi oi gente querida’ o dia inteiro. O povo dava risada”, conta.

Radialista criou diversos personagens e segue ativo nas redes sociais. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
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Das oficinas aos microfones, foi num curso promovido pela universidade paulista Casper Líbero que Gilson deu os primeiros passos rumo ao profissionalismo. Dividido entre as picapes de DJ e as ferramentas mecânicas, o talentoso imitador foi “descoberto” durante uma festa na qual depois de uma performance representando o radialista José Domingos Teixeira foi chamado para tentar uma vaga na rádio 94 FM.

Pioneiro do humor

Nos anos seguintes, o radialista passaria por emissoras como 91 Rock, Rádio Eldorado, Rádio Capital FM, Rádio Continental, Rádio Independência, Caiobá FM e RB2. Além da inconfundível voz, o talento do locutor também ganhou a telinha, onde ele trabalhou ao lado dos apresentadores Luiz Carlos Alborghetti e Ratinho, manipulando fantoches. Com o tempo, o “homem das mil vozes” conquistou o coração do público, ganhando espaço especial junto aos ouvintes da Rádio 98 FM e Caiobá FM, onde consagrou dois de seus personagens mais queridos pelo público, “Seu Dito e Dona Nena”, em meados de 2002.

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Com humor e brincadeiras, os “velhinhos” foram precursores do “infotenimento”, cativando o público tradicional que se identificava com bordões como o estridente “Credo!” de dona Nena, cuja inspiração veio da própria avó de Gilson. “Me orgulho em afirmar que fui um dos primeiros radialistas do Paraná a inserir o humor a programação de forma humana. Até então o rádio era todo quadradinho e não tinha muito espaço pra essa forma de comunicação”, afirma.

Em 2010, por conta de mudanças na gestão da rádio 98, Seu Dito e Dona Nena deram adeus às manhãs na programação deixando saudades entre públicos de todas idades. “Deixar a cabine da rádio foi muito difícil pra mim, porque era o que eu mais amava fazer. Aquele momento foi muito triste”, recorda. Obstinado, porém, em aposentar seus personagens mais queridos, Gilson recorreu às redes sociais onde – por meio de uma página do Facebook – mantém vivo o sucesso dos velhinhos mais queridos da rádio paranaense.

Acolhido pelo público, o site recebe cerca de 30 a 40 mil visitas diárias e é alimentado constantemente pelo comunicador, preservando as boas e velhas piadas “do barulho” – como descreve o próprio perfil. “Dia desses uma postagem teve mais de um milhão de visualizações. Isso mostra que, de uma forma ou de outra, o Véio Dito e a Dona Nena ainda moram no coração do público. Esse reconhecimento me emociona e gratifica afinal, levar alegria às pessoas é um dos maiores propósitos da minha vida”, finaliza.

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