Furtos em série

Escrito por Luiza Luersen

Ataques na Rua Dr. Faivre são frequetes e empresários não aguentam mais

A rotina não está fácil para quem é comerciante na Rua Doutor Faivre, no Centro de Curitiba. Alguns comércios, somente neste ano, foram furtados três vezes em menos de dez dias. É o caso do Rogério Casagrande, 50 anos, proprietário de uma loja especializada em carros. Ele diz que nunca viveu uma época como essa.
“Eu vou pra casa já pensando no que pode acontecer na loja na parte da noite. Só em 2018, eu fui furtado três vezes e é frustrante viver com essa rotina. Eles chegam, arrombam o portão, a porta e nem alarme monitorado impede a ação dos bandidos”, lamentou.

Neste ano, Rogério foi assaltado no dia 24 e 26 de janeiro, e no dia 2 de fevereiro. Por conta dos crimes, o prejuízo chegou a 40 mil reais. Uma motocicleta, capacetes personalizados e também algumas máquinas, que servem para a pintura de carros, foram levados. Além disso, os trabalhos foram prejudicados por conta dos danos estruturais.

“Em um dia levaram minha motocicleta e um capacete personalizado. Nos outros dias, levaram uma coleção de carrinhos e pistolas de tinta para pintar carros. Isso prejudica o nosso trabalho e estou cansado. Todas as vezes eu fiz boletim de ocorrência e não vejo retorno. Me sinto inseguro e isso é complicado. Aqui no bairro, todos vivem a mesma rotina, temos medo e vivemos tensos”, explicou.

Em suas redes sociais, o comerciante chegou a compartilhar sua indignação e dezenas de amigos apoiaram a falta de segurança e inclusive fizeram relatos parecidos. “Toda a nossa região está sofrendo diariamente com assaltos, uma vergonha o que está acontecendo”, desabafou na postagem.

Estragos

Além dos produtos furtados, empresários tem prejuízo com estragos. Foto: Átila Alberti
Além dos produtos furtados, empresários tem prejuízo com estragos. Foto: Átila Alberti

Além dos episódios registrados em janeiro, outros dois furtos aconteceram em outubro de 2017. Em um deles o comerciante pegou o bandido no flagra. O homem estava dentro da loja, logo depois de arrombar uma porta. Mas a situação, de fato, se repete para diversos empresários da região. Basta entrar em algumas lojas da rua para notar a falta de segurança e as marcas deixadas pelos bandidos.

“Aqui na loja eles quebraram tudo e até hoje não conseguimos repor todo o material. O pior é que eles, além de levarem objetos de valor, ainda deixam estragos em nossa estrutura. Eu tive que fechar minha loja por um dia por conta dos estragos. Tinha vidro estourado, portas quebradas e marcas de mão nas paredes”, desabafou outra comerciante, que preferiu não ter o nome divulgado.

Em um estacionamento e lavacar da rua a história é a mesma. Do local os bandidos tentaram levar um aparelho para lavagem de veículo, que custa em média R$ 2,5 mil. Agora, a solução do proprietário é acorrentar seus utensílios de trabalho. “Aqui já roubaram lâmpada, ceras pra carro e até meu compressor tentaram levar. O jeito é acorrentar tudo. Vou fazer o que?”, comentou Luiz Azolini, 47 anos.

Na madrugada

Prateleiras desta loja estão praticamente vazias, mas não por queima de estoque e sim pela ação da criminalidade. Foto: Átila Alberti
Prateleiras desta loja estão praticamente vazias, mas não por queima de estoque e sim pela ação da criminalidade. Foto: Átila Alberti

Conforme os relatos dos comerciantes da Rua Doutor Faivre, a maneira como os bandidos agem é bastante semelhante. Eles descrevem que os marginais aproveitam a rua vazia à noite, ou até mesmo os feriados, e entram nos estabelecimentos através de janelas que são quebradas e portas arrombadas. Mauro Luvizotto, 60 anos, que tem uma loja tradicional de móveis e papelaria, relatou à Tribuna qua já registrou três arrombamentos somente neste início de ano.

“Desde o começo de janeiro até agora, nós fomos furtados três vezes. Levaram televisão, bicicleta, aparelhos para limpeza, quebraram os vidros, levaram vários computadores. Eles quebram tudo, acabam vandalizando a loja, e levando tudo o que é possível. Eu notei que, de fato, a maioria dos comerciantes está passando por isso”, informou o proprietário.

Um relatório divulgado pela Secretária de Segurança Pública apontou que em 2017, foram registrados mais de 45 mil furtos em Curitiba. Até agosto passado, somente o bairro Centro havia registrado quase 6 mil casos de furtos e roubos, informou o relatório. O bairro figura no topo da lista dos 15 com mais casos de furtos e roubos na capital paranaense. Em segundo lugar está a Cidade Industrial e em terceiro o Sítio Cercado.

Os comerciantes do Centro sentem esta diferença na pele. “Eu tenho todos os boletins de ocorrência e ainda aguardo uma solução. Não é possível viver assim. Nós pagamos impostos, acordamos cedo e trabalhamos duro. É justo ter suas coisas levadas desta forma?”, comentou o dono de loja, que também pediu para não ter o nome divulgado.

E a segurança?

A Polícia Militar informou que o 12.º Batalhão da PM, unidade responsável pelo policiamento na região, “está atuando diuturnamente com o efetivo e os meios materiais que possui. A unidade informa que quando alguma ilicitude é verificada pelos policiais militares as medidas cabíveis são tomadas”.

Já a presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da Área Central de Curitiba, Malu Gomes, apenas recomendou que os comerciantes participem de reuniões e façam boletins de ocorrência para que haja maior policiamento nessas áreas.

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Luiza Luersen

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