Três furtos seguidos deixam crianças três dias sem aulas em creche de Curitiba

Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Ciro Frare, no bairro Ganchinho, em Curitiba, ficou três dias sem aulas. Tudo por causa de três furtos sucessivos de fios de cobre, que deixaram a creche sem luz, desde a semana passada. No último furto, o ladrão foi preso em flagrante pela Guarda Municipal. Por causa do problema, algumas famílias tiveram que “se virar” para cuidarem de suas crianças e, ao mesmo tempo, irem ao trabalho.

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É o caso da vendedora Andressa Ramalho, 33 anos. Como não tem com quem deixar sua filha, de três anos, Andressa se viu obrigada a levar a menina para trabalhar junto com ela. “Eu sou vendedora externa, trabalho o dia todo em pé num pequeno estande na rua. Tive que deixar ela o dia todo no carrinho, do meu lado, com essa chuva. Eu expliquei a situação pro meu chefe. Disse pra ele que ou eu faltava o trabalho pra cuidar dela, ou levava ela junto. Ele é uma pessoa muito compreensiva, deixou que eu escolhesse o que eu preferia. Mas a empresa não, se eu faltar, me descontam o salário. Acabei optando por levar ela comigo”, contou a vendedora.

Já Geliane do Amaral Cavalheiro, 22 anos, levou “sorte” por estar momentaneamente desempregada. Conseguiu ficar em casa cuidando de sua filha, de um ano e meio, além de outras quatro crianças da família, filhos de sua cunhada e sua sogra, que estudam na mesma creche e não tinham com quem deixar as crianças para irem trabalhar.

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Outro pai que procurou a reportagem, e tem um filho de quatro anos neste CMEI, mas preferiu não se identificar, contou que o problema afetou até a festa de Dia das Crianças, que deveria ter ocorrido na última quinta-feira. Como estava tudo às escuras e sem água (porque sem luz, a bomba não conseguia bombear água para a caixa d’água), a festividade, que tem participação das famílias, foi transferida para o próximo sábado.

Sem luz

Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

As mães que estavam na porta da escola, em busca de informações se haverá aulas normalmente hoje, contaram que o CMEI existe há 10 anos, mas que é a primeira vez que ladrões “visitam” o local.

Na semana passada, o bandido fez o primeiro furto de fios de cobre. Na madrugada de quinta-feira, o marginal voltou lá e roubou mais fios e o relógio de luz, o que fez a escola ficar sem luz e sem aula pela primeira vez. Por causa do feriado, não foi possível fazer o reparo logo e, na segunda e na terça-feira, os alunos continuaram em casa. Só na tarde de terça-feira é que uma equipe da Copel esteve na escola para consertar os estragos e, hoje, as aulas voltam ao normal.

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Apesar das alegações dos pais de que as aulas haviam sido canceladas pela falta de luz, a diretora da escola, Márcia Fernandes, negou o fato. Ela explicou à Tribuna que os funcionários vieram trabalhar normalmente nestes dias e estavam à disposição dos pais que trouxessem suas crianças à creche. “Mas por causa da falta de luz, estava tudo escuro aqui dentro e ainda em dias de chuva, os próprios pais é que optaram por manterem as crianças em casa”, explicou Márcia.

Pego no flagra

Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Ladrão rouba fios de cobre da fiação elétrica do CMEI no bairro Ganchinho. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Conforme explicou o supervisor Ermínio Zawabzki, do Núcleo Regional Bairro Novo da Guarda Municipal (GM), por causa dos dois primeiros furtos a GM reforçou a vigilância no CMEI Ciro Frare. E foi numa destas rondas mais frequentes ao local que prenderam em flagrante Leandro Vicente Teixeira, 22 anos, arrancando os cabos bem na caixa de leitura de luz da escola.

Antes da prisão, a Guarda Municipal foi acionada para verificar uma denúncia de roubos de cabos na Escola Municipal Professora Nathália de Conto Costa, que fica próxima ao CMEI. No local, a equipe não encontrou ninguém, mas notou danos nos equipamentos possivelmente causados por tentativa de furto. “Os guardas continuaram as rondas pela região e foram até o CMEI Ciro Frare. Lá prenderam o homem em flagrante”, explicou o supervisor Ermínio.

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No interrogatório, o detido confirmou ter pulado o muro do CMEI e ter furtado os itens elétricos. Na mochila dele foram encontrados um relógio de luz, cabos de eletricidade, um pé de cabra, uma turquesa, três facas, um alicate, duas chaves de fenda, uma serra de arco, um disjuntor de 200 amperes, outro disjuntor de 50 amperes e um estilete.

Receptadores

O supervisor ainda explicou que os ladrões de fios de cobre costumam repassar o produto do roubo muito rapidamente. E os receptadores costumam já derreter o material e também passa-los urgente adiante, para evitar serem pegos com material de furto. “Já fizemos algumas ações de fiscalização no bairro. Supomos que o cobre seja vendido para casas de reciclagem, que passam o metal adiante. Mas nestas ações, fiscalizamos estabelecimentos deste tipo e nunca encontramos nada errado. Tudo legalizado, com a documentação correta, nada suspeito dentro. Então ainda não sabemos ao certo quem recepta esse cobre, para onde é levado”, explicou Ermínio.

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