Por Ricardo Pereira
Uma, duas ou oito vinas? Quem sabe um cachorro-quente de strogonoff? Não é fã de carne? Bem… Então que tal um hot-dog vegano?
Em uma cidade onde centenas de carrinhos do tipo disputam clientes, não é difícil encontrar quem apele para um diferencial, aquele algo a mais para atrair a público. E, nessa disputa, ganha o melhor lanche… ou, em alguns casos, o maior. Esse é o lema de Alex Sandro Breda. Com 43 anos, largou o emprego há quase um ano para se dedicar a servir os famintos da noite, em Santa Felicidade. O negócio ia bem, mas ele pensou que poderia ficar ainda melhor.
“Comecei a pesquisar e a comer em vários pontos da cidade, pra conhecer melhor. Vi que muita gente anunciava o pão de 30 centímetros (cm) e pensei: por que tem que ser sempre 30? Vou fazer um de 60 cm! Deu trabalho até achar um padeiro que me fizesse esse pão, mas consegui. Fiz e filmei, eu e minha esposa divulgamos na internet e, naquele dia, dez pessoas já apareceram na minha barraquinha procurando o tal cachorro-quente. Vi que tinha caído no gosto do pessoal e, desde então, faço todas as sextas e sábados. Vendo 50 por noite”, comemora.
Em um pão tão grande, o recheio é proporcional. “Nele vai tudo que eu tenho no carrinho: maionese, oito vinas, bacon, calabresa ou frango, tomate, milho, cebola, cheddar, catupiry, batata-palha. É tudo que tem direito”. Segundo Alex, o dog nada discreto alimenta até quatro pessoas. “A gente tem o menor também, com seis vinas”, brinca. Segundo ele, o vídeo passou de 1 milhão de visualizações e já resultou em mensagens de outros países. Fãs internacionais prometem vir a Curitiba só para experimentar a novidade.
Sucesso garantido
Em dezembro do ano passado, Alex – que até então trabalhava com a venda de papel, optou por uma segunda fonte de renda. Legalizou-se e comprou um carrinho. Mas, com a correria para preparação da comida – que tomava boa parte do seu dia, abriu mão do primeiro emprego. “No primeiro mês já vi que era mais vantajoso ficar nisso e abandonei a carreira que seguia. Fazer o que eu faço hoje é muito mais lucrativo”, relata.
“Sempre quando a gente chega, já acabou o maior. Por isso, hoje viemos mais cedo”, explica o pintor Cleverson Francisco Braz, junto com dois amigos. “O preço é justo: R$ 32 pelo dog. Além da curiosidade, chama a atenção pelo tamanho e pelo sabor. É gostoso”, garante o irmão de Cleverson, Anderson Francisco Braz.
Capricho nota 10
No Bacacheri, um casal chama a atenção pela maneira como a “barraquinha” de cachorro-quente se apresenta. O carrinho é todo feito de madeira, tem TV, sistema de som, torneira para os clientes lavarem as mãos e até sistema wi-fi (internet sem fio).
O proprietário é Luiz Fernando que, por anos, trabalhou com Tecnologia da Informação. Acabou demitido e, como já havia ajudado um amigo que trabalhava no ramo de comidas rápidas, arriscou e tentou a sorte. “Foi pela necessidade mesmo, aproveitei que eu tenho um tio marceneiro e fizemos o projeto do carrinho que hoje é um sucesso”, explica. Ao lado, clientes se acomodam nas cadeiras, mesas e até se encostando na parede para apreciar o sanduíche.
A esposa de Luiz Fernando, Andressa Amaral, é a responsável pelo atendimento e cobrança, enquanto o marido fica na chapa – auxiliado pela tia. “A gente começa às 10h da manhã nos preparativos e vai até de madrugada, trabalhamos de segunda a sábado. Todos nossos molhos são de qualidade, alguns importados. Temos também os caseiros e, mesmo quem compra para viagem, pode aproveitar. A gente oferece o molho em sachês”, explica ela, que também largou o emprego antigo.
Entre os sabores, o preferido do público é o de strogonoff – que acompanha as vinas. Mas o casal também oferece opções de lanches para os vegetarianos e veganos.
Encomenda pelo Whats
A modernidade não para só no wifi. Um grupo no WhatsApp, com os clientes mais assíduos, é o canal de encomenda. “É muito bacana, a gente pede e passa pegar. Mas, geralmente, nós preferimos comer aqui no local mesmo”, explica Alessandro Rodrigo Franco, analista de sistemas. A esposa, Lorena Isis, bancária, também é fã de carteirinha. “É o melhor da região. São caprichosos e atenciosos. É tudo de qualidade e muito gostoso”, garante. Devido ao sucesso, Fernando e Andressa pretendem instalar uma tenda para proporcionar mais conforto aos clientes.
Quase 500 carrinhos
De acordo com a Prefeitura de Curitiba, atualmente 498 profissionais do ramo trabalham legalizados na capital. A solicitação do cadastro dos carrinhos pode ser feita em qualquer um dos escritórios da Secretaria de Urbanismo – localizados nas dez Ruas da Cidadania de Curitiba. A liberação do serviço e a entrega da carteirinha são feitas pelo Cadastro de Ambulantes, que fica na Rua da Cidadania Matriz – Praça Rui Barbosa.
Os interessados precisam cumprir alguns requisitos, como vender apenas o que for liberado e nos horários permitidos, assim como respeitar os locais onde há a proibição. A fiscalização é executada pelos fiscais de Urbanismo, que verificam se as determinações são cumpridas. Em caso de irregularidade, o carrinho é apreendido, assim como os produtos oferecidos. O proprietário pode recuperá-los só depois de pagar uma multa.
Serviço
- ROCK’N DOG
Via Vêneto esquina com Rua Francisco Manfron, Santa Felicidade: de segunda a sábado, a partir das 18h30. OBS: o hot-dog de 60 cm só é vendido às sextas e sábados - DOG DO AMIGÃO
Avenida Prefeito Erasto Gaertner com a Rua Gago Coutinho, Bacacheri: de segunda a sábado, das 19h15 à meia-noite