Justiça determina repatriamento de menina que está longe da mãe, com o pai na França

Filha de Valéria Ghisi vai voltar para os braços da mãe após ser separada pelo pai.
Depois de dois ano, filha de Valéria Ghisi vai voltar para os braços da mãe. Foto: Arquivo pessoal

“Essa é a única razão pela qual meu coração ainda bate: a esperança de ter minha filha de volta”. Foi essa resposta dada por Valéria Ghisi, 39, à Tribuna do Paraná, quando perguntamos como ela se sente depois da decisão judicial que determinou o repatriamento de sua filha de 5 anos que, desde novembro de 2016 está sob tutela do pai, na França. O caso, que ganhou os noticiários nacionais, foi amplamente divulgado na época já que, além de ter sido acusada de sequestrar a criança, Valéria foi obrigada a entregar a menina por decisão emitida ainda em primeira instância pela justiça francesa. Numa mobilização policial que contou, inclusive com escolta de viaturas rumo ao aeroporto, a humilhação vivida por Valéria há 2 anos pode estar perto do fim.

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O drama da professora curitibana começou quando ela morava na França onde, ainda grávida, sofreu diversas agressões por parte de seu companheiro – um funcionário público francês cuja identidade não foi revelada à Tribuna. Cansada da violência doméstica, Valéria procurou a polícia francesa que, após várias denúncias feitas pela brasileira, chegou a deter o agressor. Pouco tempo depois, Valéria decidiu dar um fim à relação e voltar para o Brasil com sua filha, porém, para tanto, uma autorização assinada pelo pai da menina foi necessária, uma vez que a criança possuía dupla cidadania.

Documentos em mãos, ao chegar ao Brasil, a triste surpresa de Valéria foi a de que seu ex-companheiro a tinha denunciado por sequestro infantil. Foi então que o longo entrave judicial relativo à guarda da criança teve início. Embasada pela Convenção de Haia – tratado internacional do qual o Brasil também é signatário –, a justiça francesa emitiu uma ordem para criança fosse “devolvida” ao pai, restando à mãe apelar junto à Advocacia Geral da União (AGU). Diante da omissão das autoridades brasileiras, o caso chegou até a bancada do Senado, em Brasília, onde – em audiência pública – um apelo foi feito junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, responsável pelo processo.

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Quase um ano depois, há poucas semanas, a corte brasileira finalmente emitiu decisão favorável à Valéria, determinando que a justiça francesa encaminhe a menina de volta aos cuidados da mãe, que atualmente reside do bairro Centro Cívico, em Curitiba. Sem reconhecer a ordem, no entanto, a corte francesa se recusa a manter a cooperação internacional e agora exige que Valéria contrate um advogado francês para que a decisão seja executada por meio do ingresso de novas petições.

“Protegido” pelo governo francês, o ex-companheiro de Valéria tem restringido e monitorado o contato entre mãe e filha. “O limite é de duas ligações por semana. Ela diz que tem saudades e pede pra ver o quartinho dela com os brinquedos que ela gosta. No pouco tempo que conseguimos nos comunicar ela afirma querer vir para o Brasil”, revelou Valéria. “Meu maior anseio é para que tragam minha filha de volta de uma vez por todas. Em segundo lugar, meu apelo é para que a justiça brasileira deixe de ser omissa quanto aos direitos dos próprios brasileiros quando o assunto diz respeito às relações internacionais”, desabafa a professora.

Para mais esclarecimentos sobre o caso, uma coletiva de imprensa foi agendada para esta quarta-feira (10), na sede da OAB-PR, no Centro Cívico, na qual estarão presentes Valéria e os advogados Helena Rocha, Tatyana Friedrech e Marcus Pereira – que conduzem o processo.

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