Exposição traz ônibus que revolucionaram a história do transporte coletivo em Curitiba

Primeiro ônibus expresso de Curitiba, de 1974. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Por Marcos Xavier Vicente e Alex Silveira

A história do transporte público de Curitiba vai estar em uma exposição de ônibus sábado (14) em uma garagem na Rua Roberto Barroso, no bairro Centro Cívico. Entre eles, dois ônibus que marcaram Curitiba como exemplo de planejamento urbano e que influenciaram o transporte coletivo do mundo: o primeiro expresso e o primeiro biarticulado.

A Exponi 500 chega à nona edição e é promovida pela Omnibus do Brasil, instituição de preservação da história do ônibus com sede em Curitiba. Os ingressos serão trocados por dois quilos de alimentos não perecíveis (mais informações no fim do texto).

Entre as estrelas da exposição estará o primeiro expresso de Curitiba, mantido pela Viação São José. O sistema revolucionário implantado pelo prefeito e urbanista Jaime Lerner em setembro de 1974 criou uma canaleta exclusiva para a circulação de ônibus, ganhando mais tarde o nome de Bus Rapid Transit (BRT). A primeira frota era composta por 20 ônibus que faziam duas linhas: Santa Cândida/Rui Barbosa (eixo Norte) e Capão Raso/Praça Dezenove de Dezembro (eixo Norte). Atualmente, são nove linhas expressas na cidade.

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Além do primeiro expresso, a Exponi 500 também trará o primeiro biarticulado de Curitiba, que mais do que dobrou a capacidade dos ônibus. Enquanto os veículos antigos, com apenas uma divisória, transportavam apenas 120 passageiros, o ônibus com duas articulações passou a transportar 280 pessoas.

Primeiro biarticulado de Curitiba, o ED001, está sendo restaurado. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Também lançado por Jaime Lerner em outubro de 1992, em sua última gestão na prefeitura, hoje o sistema biarticulado é replicado em cidades como Bogotá (Colômbia), Cidade do México e Rio de Janeiro.

O biarticulado pioneiro Volvo, batizado de ED001, começou a ser reformado e revitalizado pela Viação são José em fevereiro de 2018. Ele ainda não está pronto, mas o motor funciona.

“Ele está rodando. Por si só, carrega muita história. O que falta são detalhes para concluir a revitalização do ônibus. Buscamos algumas parcerias e, em breve, teremos mais informações a respeito”, aponta o engenheiro mecânico Eduardo Tows da Viação São José, responsável pela reforma e um dos organizadores da exposição.

E pensar que por pouco um dos capítulos mais importantes da história do transporte coletivo de Curitiba não virou sucata. Em agosto de 2017, a frota pioneira de 33 biarticulados de Curitiba, que rodou até 2002, foi encaminhada para desmanche. Entretanto, o veículo pioneiro foi salvo e agora vai estar na exposição para contar história. Uma das possibilidades no futuro é de que o primeiro biarticulado se torne uma espécie de museu móvel contando a história dos expressos na cidade.

Primeiro biarticulado em ação, quando ainda era cinza.Francisco José Becker/Arquivo pessoal

Entre as características mais memoráveis dos primórdios dos biarticulados, o destaque é a campainha que tocava quando as portas das estações-tubo eram abertas. Hoje ela está extinta, mas quem pegou o biarticulado lá no começo ainda deve se lembrar do barulhinho.

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Outra curiosidade é que quando foi lançado, o biarticulado era prateado, não vermelho como hoje. Foi somente em 1995 que todos os carros foram pintados de vermelho. A cor prateada foi escolhida para seguir o padrão do ônibus Ligeirinho lançado um ano antes. A mudança para o vermelho foi para dar mais visibilidade aos ônibus, que acabavam “se camuflando” na neblina.

Restauro próprio

“Os visitantes terão uma surpresa, com a apresentação de outro veículo particular recém-reformado”, ressalta Tows. Ele mesmo vai levar a sua própria pérola para a exposição: o engenheiro restaurou por conta própria um ônibus Mercedez-Benz 1113 modelo Gabriela II com carroceria Caio ano 1979. O modelo foi usado no transporte de Curitiba entre as décadas de 70 e 80.

“Esse exemplar é um carro que me acompanhou na infância. A garagem que fazia o transporte escolar tinha muitos desses. Acho ele muito bonito até hoje, era além do tempo dele. Sempre tive vontade de ter um Caio Gabriela”, explica o engenheiro apaixonado por ônibus.

Engenheiro Eduardo Tows levou quatro anos para restaurar o ônibus modelo Gabriela que vai estar na exposição.| Foto: Nay Klym/Gazeta do Povo

Além dessas duas relíquias de Curitiba, os visitantes terão oportunidade de conhecer as tendências tecnológicas de outros ônibus mais modernos disponíveis no mercado.

Exponi 500

O local da exposição é a uma garagem de ônibus, na Rua Roberto Barroso, número 1239, onde funcionava a antiga Auto Viação Marechal, que utilizava a marcação 500 nos prefixos dos ônibus. Por esse motivo, inclusive, a exposição tem o nome de Exponi 500, em homenagem ao endereço onde ela ocorre neste ano.

Para receber as famílias, haverá espaço de alimentação e banheiro com fraldário. As crianças receberão uma pulseira de identificação, para oferecer mais segurança aos pais. Também haverá monitora no espaço kids, que tem mesa para os pequenos desenharem e pintarem e monitora.

ônibus antigos que vão estar expostos na Exponi 500 sábado, no Centro Cívico. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

A Exponi já foi realizada em Joinville (SC), Ponta Grossa, Colombo e Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Desde que começou a ser organizada, a exposição já teve 359 veículos expostos e cerca de 3,3 toneladas de alimentos arrecadados e distribuídos para instituições de assistência social.

No dia da Exponi 500, logo na entrada, o visitante receberá a edição impressa da revista A Folha do Omnibus, de numero 130. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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