Exercícios físicos até a hora do parto? Curitibana encarou o desafio. Veja como foi!

Vanessa saiu da academia direto para a maternidade. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana

No espaço de treinamento funcional CF, no bairro Água Verde, em Curitiba, primeiro chegava a barriga, depois a Vanessa. Assim foi durante os 18 meses das duas gestações da engenheira mecânica Vanessa Xavier, de 31 anos. Na lista infindável dos mitos acerca da gestação, talvez o mais difundido (além daquele que diz que grávida come por dois), é o de que a prática de atividades físicas fica proibida entre as mamães em espera.

Logo que soube que estava grávida da primeira filha, Marina, em 2017, Vanessa optou em manter a rotina de treinos que já tinha antes de engravidar e foi até os 45 do segundo tempo. “Eu já corria há 6 anos e fazia treinamento funcional para melhorar a performance nas pistas. Quando engravidei da Marina até pensei em parar com as corridas, mas não quis aceitar o fato de ficar parada. Com apoio da família e incentivo do médico, conversei com meu professor e continuei a treinar normalmente durante todo o período”, revelou Vanessa.

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Com respaldo do professor Leonardo Dambiscki, que já a acompanhava, Vanessa não encontrou empecilhos à prática nem mesmo nos últimos meses da gestação, nos quais normalmente o corpo das mamães sofre um pouco mais com o aumento do peso, dores e desconforto. “Os treinos foram adaptados para cada fase da gravidez de modo a manter meu condicionamento e, ao contrário do que muita gente imaginava, eu me sentia melhor após as aulas”, conta.

Segundo Vanessa, a recuperação após o parto também foi alcançada pelos impactos positivos da atividade física durante o período gestacional. “Isso tudo é fruto de um trabalho muscular específico para a gestante, onde a musculatura abdominal, assim como a da pélvis e períneos são mais exigidos durante os treinos. Com isso, não só a recuperação fica mais rápida, mas o próprio parto. Com uma mãe mais forte, mais rápido fica para empurrar o bebê”, explica Dambiski.

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Se a gestante já era atleta, pode continuar fazendo exercícios durante a gravidez. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana
Se a gestante já era atleta, pode continuar fazendo exercícios durante a gravidez. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana

Habituado a preparar treinos para gestantes, ele afirma que – entre aquelas que já praticavam atividades físicas antes de engravidar – quase nada muda nos primeiros meses. “Antigamente havia mitos que diziam que atividade física prejudica a criança, que a mãe não deve fazer esforço. Hoje, o que temos observado, é que os médicos não apenas refutam essas teorias, como as incentivam a manutenção dos treinos entre as gestantes”, afirma.

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Com nada menos que 20 grávidas “na bagagem”, num período de 7 anos, Dambiski explica que os ajustes das aulas são feitos de acordo com a necessidade de cada mãe e gestação, observando sempre a questão hormonal e outros sintomas incômodos que possam vir a afetar um pouco o desempenho da aluna durante o treino. “Cada gravidez é diferente da outra. E isso vale para a mesma mãe que já teve um bebê e engravida de novo. É outro filho, outro momento e o corpo se comporta de maneira diferente”, pondera.

Foi o que aconteceu com Vanessa que, na 2ª gravidez, passou por apertos que não passaram nem perto de acontecer na primeira gestação. “Tive dores, enjoos fortíssimos e me sentia bastante cansada”, relembra. Mesmo assim, a exemplo da primeira gravidez, a engenheira se manteve fiel aos treinos. A dedicação foi tanta que, nem mesmo o horário marcado para o parto da 2ª filha, Gabi, no final do ano passado, impediu Vanessa de comparecer à aula. “Eu ia ganhar a Gabi à noite e, como o parto era cesárea, liguei para o Leo para saber se dava pra fazer um último treino antes do grande momento. E assim eu fui. Aos 45 do segundo tempo, da aula direto para a maternidade, no mesmo dia”, contou.

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O que dizem os médicos?

Pacificada entre boa parte dos médicos, a prática de atividades físicas entre gestantes que já costumavam praticar exercícios antes de engravidarem é recomendada e até indicada.

Segundo a médica residente em pediatria do Hospital Pequeno Príncipe, Heloísa Angelis, o momento exige alguns cuidados, mas não inspira restrições. “Gravidez não é doença. Para a gestante que já tem preparo físico para exercícios extenuantes não existe contraindicação, porém é necessário estar atento à resposta do corpo aos exercícios, principalmente àqueles de maior impacto por conta da placenta – responsável pela oxigenação do bebê. Por isso, a orientação de um ginecologista e de um profissional da atividade física que acompanhe a gestante durante os exercícios”, recomenda.

Mas atenção: “Se a gestante nunca treinou, não é recomendado que comece um esporte durante a gravidez. Para essas mamães recomendamos exercícios de menor impacto e mais leves como caminhadas lentas e hidroginástica”. Por fim, mesmo entre as mamães mais fortes, alguns esportes estão terminantemente proibidos como os radicais bungee jump e paraquedismo, por exemplo.

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O hábito dos exercícios físicos controla o ganho de peso e redução das dores lombares, além de prevenir contra algumas doenças, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, melhorando o sistema cardiovascular de mãe e feto.  “Porém, é necessário conversar com o médico antes de iniciar qualquer exercício para garantir que não se trata de uma gravidez de risco. Em alguns casos, há restrições e contraindicações que devem ser respeitadas”, finaliza Dambiscki.

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