O Terminal Guadalupe, na região central de Curitiba, possui o maior número de linhas que ligam a cidade à Região Metropolitana. De acordo com a Urbanização de Curitiba (Urbs), 50 linhas passam pelo local, sendo 39 metropolitanas, e circulam diariamente cerca de 70 mil passageiros. E quem usa o terminal sofre com a falta de segurança.

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Uso de drogas, prostituição e pequenos furtos são recorrentes e tiram a tranquilidade dos comerciantes e dos usuários do terminal. É o caso de Moacir Gonçalves dos Santos Filho, 45 anos, que mora em Pinhais e trabalha no centro de Curitiba. Ele utiliza o Guadalupe há 14 anos e conta que o terminal já esteve pior, mas ainda está longe de estar bom. “Eu não ando tranquilo por aqui, especialmente nos arredores da estação. Tem muita gente usando drogas e mulheres se prostituindo. Minha sobrinha já foi assaltada e já até mudou o lugar onde pega ônibus, porque está com medo de andar por aqui”, relata Moacir.

O posto da Polícia Militar que ficava no terminal foi desativado em 2010 e, para tentar minimizar a falta de segurança, a Urbs se responsabilizou pelo apoio da Guarda Municipal e de uma empresa de vigilância terceirizada, além da instalação de oito câmeras de vigilância 24 horas. Mas nem mesmo as câmeras são suficientes para resolver os problemas.

Câmeras

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“As câmeras de monitoramento tinham o objetivo de coibir o tráfico, mas elas não resolvem nada. Existe uma casa onde deveria ter alguém monitorando as imagens, mas ela está fechada e sem ninguém”, explica o comerciante Aurélio Siu Hang, proprietário da lanchonete 24 horas dentro do Guadalupe há 26 anos.

De acordo com a Urbs, atualmente as imagens das câmeras são gravadas, recolhidas e analisadas pela empresa responsável pelo monitoramento remoto. Outra medida são as 12 câmeras instaladas nos ônibus e estações tubos para monitorar especificamente o transporte coletivo. A transmissão é feita em tempo real e ajuda a fiscalizar situações de irregularidade.

Central de monitoramento das câmeras está sempre fechada e vazia. (Felipe Rosa)
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Policiamento

Há cerca de um ano e meio já foi enviado um comunicado às Polícias Federal, Militar e Civil sobre a insegurança no Guadalupe, por isso a Urbs espera que os responsáveis pela segurança pública do Estado também adotem as medidas necessárias. Em nota, a Polícia Militar afirmou que o policiamento que compete à entidade nas proximidades do terminal está sendo realizado diariamente e também dentro de operações especiais desencadeadas pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope). “Eu nunca fui assaltado, mas eu não trabalho tranquilo. O módulo móvel da PM só aparece de vez em quando. Estou aqui há 26 anos e a gente vê muito absurdo”, relata Aurélio.

Outro comerciante antigo é José Machado, de 58 anos, que trabalha há mais de 15 anos no terminal. “Moro em Colombo e venho para cá trabalhar todos os dias de ônibus. Falta muita segurança, sim. Dentro e fora do terminal e a polícia só vem de vez em quando. Me roubaram 15 guarda-chuvas há duas semanas aqui dentro do Guadalupe”, conta José, que vende diversos brinquedos, chaveiros e outros produtos.

Segundo comerciantes, módulo móvel só aparece de vez em quando. (Felipe Rosa)

Melhorias não saíram do papel

No final de 2013, a prefeitura de Curitiba anunciou inúmeras reformas no Terminal Guadalupe e em seu entorno, mas poucas delas efetivamente saíram do papel. A previsão era que as obras iniciassem após o fim da reforma da rodoferroviária. O que foi feito até agora foram pequenas mudanças estruturais, como a reforma dos banheiros e a instalação de sinais eletrônicos nos pontos de ônibus. “O terminal está bonito, mas o problema maior continua”, reclama Moacir.

Para atender à crescente demanda de usuários está previsto um novo projeto de requalificação, mas o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) ainda está buscando recursos através do governo federal. As obras previstas para o Terminal Guadalupe fazem parte do Plano de Mobilidade de Alta e Média Capacidade de Curitiba e estão projetadas em R$ 30 milhões com um prazo de conclusão de até um ano e meio.

História

O Terminal do Guadalupe, localizado entre os cruzamentos das ruas João Negrão e André de Barros, foi construído em 1956 e inaugurado em maio de 1958 pelo então prefeito Ney Braga. Durante quase 20 anos, o terminal chegou a abrigar a antiga rodoviária de Curitiba até que, em 1972, a rodoviária foi transferida para a atual localização. De lá para cá, o terminal concentra o maior número de linhas de ônibus que ligam Curitiba à região metropolitana.