Espere sentado!

Pedro Ivo, 27 anos, foi surpreendido com a notícia de demissão. Ele e outros colegas de trabalho acabaram dispensados de um supermercado de Curitiba que fechou as portas neste ano. Foram 10 meses na empresa, onde ele atuava como fiscal de loja.

Pedro Ivo ficou seis meses tentando agendar o seguro-desemprego pela internet. Foto: Felipe Rosa
Pedro Ivo ficou seis meses tentando agendar o seguro-desemprego pela internet. Foto: Felipe Rosa

Com a recessão econômica e a dificuldade em achar outro emprego, recorreu ao seguro-desemprego, benefício pago ao trabalhador brasileiro formal ou doméstico, em três ou cinco parcelas, para auxiliar o beneficiário com a assistência temporária em caso de demissão sem justa causa. Só que, para conseguir o agendamento de análise do seguro, Pedro precisou ter muita paciência.

“Foram seis meses tentando um agendamento online – o pedido só pode ser feito pelo site. Muitas vezes eu achava uma vaga, clicava e, quando começava a preencher o cadastro, perdia a chance, porque outra pessoa pegava o horário disponível. Não foi nada fácil. Cheguei a ir até uma agência na Rua da Cidadania do Bairro Novo, mas não puderam me ajudar. Por sorte, agora consegui agendar e estou no aguardo da avaliação”, explica.

Para ter a garantia do benefício, o trabalhador precisa ter contribuído durante, no mínimo, 12 meses nos últimos 18 meses anteriores à data da demissão, se é a primeira vez que solicita o seguro-desemprego. Em caso de segundo pedido, deve ter trabalhado durante, pelo menos, 9 meses nos últimos 12 meses. Na terceira solicitação, é necessário que tenha trabalhado durante 6 meses antes da data da dispensa.

De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná (Seju), responsável pela agência do Trabalhador, o tempo médio de espera entre a data de demissão e a data do requerimento, em Curitiba, é de 54 dias. O órgão informa também que, de janeiro a agosto de 2016, a média foi de 5.328 pessoas por mês tentando o seguro-desemprego: 42.628 no total dos oito primeiros meses do ano. Desses, 40.388 tiveram o benefício concedido, uma taxa de 94,74% de aprovação.

Para dar entrada na solicitação, o interessado deve agendar pelo site www.aplicacoes.trabalho.pr.gov.br/agendamento

Sandro esperou quase 60 dias para conseguir marcar consulta com perito do INSS. Foto: Felipe Rosa
Sandro esperou quase 60 dias para conseguir marcar consulta com perito do INSS. Foto: Felipe Rosa

INSS

Quem também enfrentou uma longa espera foi o Sandro Toniau, 51 anos, que trabalha como gerente. Em uma queda, fora do ambiente de trabalho, deslocou a clavícula. A lesão o impediu de exercer o ofício temporariamente. Em casa, passou a insistir na tentativa de agendar a perícia médica no INSS, a fim de receber o auxílio-doença. “Foram quase 60 dias para conseguir marcar a consulta aqui”.

INSS alega que prazos de espera variam conforme o serviço e agência. Foto: Felipe Rosa
INSS alega que prazos de espera variam conforme o serviço e agência. Foto: Felipe Rosa

Como as contas não dão trégua e sem receber salário da empresa, a solução foi fazer um empréstimo. “Estou torcendo para liberarem o pagamento do seguro. Mas, enquanto isso, para pagar as despesas precisei contratar um empréstimo. Estou quebrado, sem rendimento, preciso arcar com tudo. Vou pagar juros por isso”, lamenta.

Por meio da assessoria de imprensa, a Previdência Social  diz não ter informação a respeito do tempo de espera, mas alega que são prazos variáveis de acordo com cada serviço e agência do INSS. A nota diz ainda que “o agendamento pode ser feito pela internet (www.previdencia.gov.br) ou pelo telefone 135, a central de atendimento do órgão, que funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h.

Tatiana conseguiu atendimento de uma semana para outra para fazer o RG do filho. Foto: Felipe Rosa
Tatiana conseguiu atendimento de uma semana para outra para fazer o RG do filho. Foto: Felipe Rosa

Instituto de Identificação

Por dia, cerca de mil RGs são emitidos em Curitiba. Vinte e cinco mil por mês.  A fisioterapeuta Tatiana Sanches precisou levar o filho pequeno, Antônio Sanches, para tirar a primeira identidade. “Agendei pelo site na semana passada e trouxe ele aqui depois de quatro dias. Fiquei 5 minutos na fila e, rapidamente, já estávamos saindo com o protocolo”. Depois desse procedimento, há um prazo de cinco dias úteis para a chegada do documento ao posto do Instituto de Identificação. O serviço é gratuito.

Apesar da eficiência observada por Tatiana, a reportagem simulou uma tentativa de agendamento pela internet pelo www.institutodeidentificacao.pr.gov.br e não conseguiu horário em nenhum dos postos disponíveis (Centro, Capão da Imbuia, Bacacheri, Cajuru, Portão, Cidade Industrial, Santa Felicidade, Boqueirão e Fazendinha). Pelo telefone (41) 3200-5895  –  que também serve para agendar atendimento, uma gravação afirma que “não há horários disponíveis para agendamento na cidade”.

Instituto de Identificação admite problemas no agendamento online. Foto: Felipe Rosa
Instituto de Identificação admite problemas no agendamento online. Foto: Felipe Rosa

Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto de Identificação do Paraná diz reconhecer a grande procura do agendamento via internet e afirma que trabalha para que o problema seja solucionado. O órgão faz, ainda, um apelo para que a população compareça nos dias agendados, já que mais de 30% dos agendamentos online não são concretizados, por ausência do solicitante – o que atrapalha o serviço prestado à sociedade.

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