Uma empresa curitibana especializada em restauração de lustres, luminárias e abajures está salvando relíquias familiares e preservando a história da cidade. A Alves &Nicoletti Iluminação e Decoração já realizou serviço no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, em Igrejas Católicas da capital paranaense, utilizando métodos artesanais para conservar e levar a chamada “cereja do bolo” aos ambientes.

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A trajetória desta empresa localizada no bairro Pilarzinho começou com uma demissão. José Roberto Alves, 67 anos, depois de trabalhar por 33 anos em uma firma, recebeu o cartão vermelho. Momento de tensão para a família que abraçou a ideia de apostar no ramo de luminárias, lustres e abajures. “Estava próximo da aposentadoria e fui demitido. Fiquei perdido e decidi restaurar, consertar luminárias e abajures. Foi passando o tempo e fui contratando mais funcionários. Em 2008, a gente iniciou a Alves & Nicoletti”, relembrou José.

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José abraçou a ideia de apostar no ramo de luminárias, lustres e abajures após uma demissão. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Ao acompanhar o dia a dia na Alves&Nicoletti é impossível não voltar no tempo ou mesmo viajar por países europeus, asiáticos e africanos. Em uma pequena sala, é fácil notar a boa quantidade de vasos que podem ser acoplados em abajures. Sabe aquele antigo da casa da vó que se quebrasse daria um grande problema? Com os chamados Caçadores de Relíquia, a chance de não ser repreendido pela família existe.

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“Muitos chegam aqui desanimados ao relatar que houve a quebra de uma peça antiga. Corremos atrás, investigamos para ver se tem outra semelhante. Temos contato com os chamados Caçadores de relíquia, são pessoas que procuram peças para a gente e nos oferecem. No último caso, fazemos uma adaptação com outro vidro, uma pintura, um metal ou a reconstituição dela completamente. Não deixamos sem resposta”, orgulha-se José.

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Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Lustre italiano da Matriz de Santa Felicidade

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Para encarar o trabalho na Alves&Nicoletti, o funcionário tem plena noção que uma peça pode valer uma grana alta. Um lustre mal colocado pode causar transtorno sem precedentes na casa de alguém. E se for dentro de uma igreja? A comunidade de Santa Felicidade aguarda desde 2017 o fim da obra da Paróquia de São José e Santa Felicidade para ter novamente um lustre que veio da Itália em 1954.

O trabalho na peça foi realizado faz tempo e aguarda a conclusão da obra na Matriz para voltar para casa. Vale reforçar que um lustre é sempre o último a ser colocado na obra.

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O trabalho na peça da Igreja de Santa Felicidade foi realizado faz tempo e aguarda a conclusão da obra na Matriz para voltar para casa. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Tiramos ele da Igreja com andaime e várias pessoas concentradas. Demorou 60 dias para ficar pronto. Foi feito o polimento, envelhecimento, revisão na parte elétrica, uma restauração total para uma peça que pesa 100 quilos. Ele é avaliado entre R$ 400 a 500 mil reais. Desejo ver a reação da comunidade quando o lustre for instalado. Vai ser um impacto”, garantiu José que prestou serviços para igrejas de bairros como Mercês e Butiatuvinha.

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Restauração no Palácio Iguaçu

Outro trabalho que dá orgulho na Alves&Nicoletti foi realizado no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná. Dentro do Palácio, existem inúmeros lustres antigos e que mostram a suntuosidade de um local histórico. “Fizemos a restauração dos lustres da parte interna no Palácio Iguaçu. Foram três peças com dois metros de altura em latão polido em forma de cilindro, todos com vidros curvados para o salão principal. Tiveram ainda outros dois lustres grandes em modelo europeu com folha de ouro. Foi restaurado, fizemos a parte elétrica e para fazer esse trabalho na folha foi enviado para São Paulo para um artista”, comentou José.

Outro ponto com vários modelos é o Cemitério Vertical de Curitiba, que costuma fazer a limpeza anualmente de 30 lustres. “Temos um prazo de uma semana para realizar o trabalho. Nós retiramos e trazemos para o barracão, onde fazemos higienização e toda revisão”, disse o proprietário.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Alce, cigarro e ketchup

Nem sempre os clientes mais tradicionais aparecem. Já teve freguês levando chifre de alce para fazer lustre, ketchup sendo usado para limpar e mulher fumante não acreditando que o produto era dela após limpeza.

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Quem garante as histórias é o simpático Edson Cavalheiro, 48 anos, uma espécie de coringa na empresa. Ele retira o lustre na casa do cliente, traz para a empresa, faz a desmontagem, mexe com os cristais e ainda faz a instalação.

Edson retira o lustre na casa do cliente, traz para a empresa, faz a desmontagem, mexe com os cristais e ainda faz a instalação. Ele tem cada história…Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Aqui não tem uma função especifica, mas pintura não é o meu forte. Tenho meu celular cheio de imagens do trabalho e lembro do causo da mulher fumante. Retiramos um lustre tradicional cheio de correntes e já estava amarelo. Fizemos uma boa limpeza, restauração e fomos instalar. Quando ela viu, ela ficou braba falando que não era dela. Ela tinha o lustre há mais de trinta anos e nunca havia limpado. Explicamos o trabalho, e ela confessou que fumava debaixo do lustre, e a fumaça ia direto. Quando limpamos saiu toda a sujeira. Ela ficou impressionada”, ironiza Edson.

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Aliás, Edson trabalhou em um lustre que estava corroído por dentro. Motivo: ketchup. “As pessoas olham na internet e usam coisas absurdas. Esqueça sprays milagrosos, pois o produto vai limpar por uma semana, mas depois vai corroer. Uma pessoa leu que ketchup limpa, mas não sabia que na verdade o molho corrói. Fizemos a restauração, mas o barato sai caro”, alertou o faz-tudo da Alves@Nicoletti.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Serviço

Serviço: Alves & Nicoletti

Telefone: 3354-7722 / 99972-4048

Veja mais informações no site da Alves & Nicoletti