Curitiba

Dura batalha

Há pouco mais de três anos, Cristian Arzua Ferreira descobriu que é portador de uma doença degenerativa e sem cura: a esclerose múltipla (EM). Desde então, ele e a esposa travaram uma luta para enfrentar a doença. Nos últimos meses, os problemas foram aumentando, os sintomas se agravando e eles agora precisam de ajuda para um tratamento novo que estão apostando funcionar.

Cristian contou à Tribuna do Paraná que descobriu a doença, em 2014, depois de muitas dores de cabeça e de sentir as pernas travarem. ‘Estava andando e, do nada, uma das pernas parava. Eu não conseguia me mover e sentia fraqueza, cheguei a cair várias vezes‘.

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o cérebro, nervos ópticos e a medula espinhal (sistema nervoso central). Isso acontece porque o sistema imunológico do corpo confunde células saudáveis com "intrusas", e as ataca provocando lesões.
Cristian descobriu a doença em 2014. Foto: Gerson Klaina

Ao procurar os médicos, demorou para que ele e a esposa descobrissem o que era de fato. ‘Os médicos acreditavam ser várias coisas, mas não o meu problema. Só descobrimos que era esclerose quando me pediram uma ressonância magnética completa (do cérebro, da medula espinhal e de outras partes do corpo)‘. Embora a descoberta, ele disse que muito antes, em 2010, sentiu alguns sintomas, mas não pensou que poderia ser esclerose.

Logo no início, Cristian foi encaminhado para tratamento no Hospital de Clínicas de Curitiba. ‘Lá comecei a receber o medicamento, um corticoide, o mesmo que é feito para todos os portadores de esclerose. Acontece que este tratamento, ao meu ver, não demonstrou controle da doença. Ela continua evoluindo‘.

No começo, quando a doença foi descoberta, Cristian ainda conseguia caminhar e até mesmo correr com o filho pequeno, que atualmente tem 5 anos. ‘Agora eu não consigo sequer andar muito, porque não tenho controle‘, contou o homem.

Segundo a esposa, o último episódio traumático aconteceu em uma ida ao parque com o pequeno. ‘Ele chorou dentro do carro, porque não tinha nem condições de andar na grama com o filho. A gente tem sofrido muito com tudo isso‘, desabafou Caciani Roselini de Lima.

Entre os principais sintomas sentidos por Cristian, está o cansaço, dificuldade de locomoção, dores fortes de cabeça e falta de equilíbrio. ‘Eu sei que eu tenho força, mas não consigo me controlar. É horrível, uma sensação de dependência‘, explicou. A vida da família, de modo geral, teve que passar por algumas mudanças de adaptação.

Apostando as fichas

Foto: Gerson Klaina
Cristian começou um tratamento alternativo e precisa de ajuda financeira para continuá-lo. Foto: Gerson Klaina

A tentativa de buscar pelo controle e a estabilização da EM fez com que Cristian e a esposa chegassem a um médico em Curitiba, que faz um tratamento com vitamina D. “São altas doses de vitamina, atreladas a outros medicamentos, que têm surtido efeito em outros pacientes”, explicou o homem.

A novidade veio para o casal em tom de esperança, uma vez que eles já estavam desenganados e sem visão de futuro. “Descobrimos este novo tratamento num momento que já não acreditávamos em mais nada. Por ser algo mais natural, com vitamina, acreditamos que possa dar certo e nós temos que confiar”, disse a esposa de Cristian.

Sem deixar o acompanhamento e o tratamento feito pelo HC de lado, pois consideram importante, o casal resolveu dar o pontapé inicial para essa nova forma de tentar controlar a EM. “Passamos pela primeira consulta, fizemos a primeira aplicação da vitamina D e também compramos alguns outros medicamentos, mas esses com valores menores”.

Pelo alto preço, que demandaria investimento de, aproximadamente, R$ 2.500 de dois em dois meses, o casal resolveu procurar a reportagem para pedir ajuda. Pagando aluguel da casa onde moram, Cristian, afastado pelo INSS, recebe cerca de R$ 1.400 e a esposa, contadora, aproximadamente R$ 1.800. “Confiamos que este tratamento vai ajudar, mas sozinhos não temos condições de arcar”.

Cristian mantem ainda o plano de saúde, que o ajuda com boa parte dos exames e para emergências, mas não com consultas especializadas. ‘A consulta, por exemplo, custa R$ 600 e sai do nosso bolso‘, detalhou. As ajudas para o casal podem ser feitas através da Conta Poupança (CP) de Cristian Arzua Ferreira (com CPF 961.837.809-87), na Caixa Econômica Federal: Agência 1632, Operação 013, Conta: 00033258-6.

Alerta à população

Pensando em ajudar aos outros, Cristian aproveitou para fazer um alerta à população de modo geral, para que se atentem aos sintomas principais da esclerose múltipla. Segundo ele, o começo pode ser confundido até mesmo com doenças mais simples, mas é importante insistir. “Procurar um, dois, três médicos, quanto for necessário. E se possível, peça para que o médico insista em uma ressonância, porque só ela pode descobrir de fato a EM”.

Conforme o portador da EM, muito pouco é falado sobre a doença e, por isso, as pessoas ainda sofrem com a falta de informação. “Muita gente não sabe o que é a doença. Por isso digo que temos que procurar mais, pra entender melhor”. Assim como nos casos de outras doenças autoimunes, quanto antes se descobre que tem esclerose, melhor. “Porque quanto mais tardia a descoberta, mais os sintomas vão se agravando e o controle se torna mais difícil”, alertou.

Na EM o sistema imunológico passa a atacar a cobertura dos nervos, a mielina. O dano interfere na comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e outras partes do organismo. Na maioria das vezes, segundo especialistas, o diagnóstico da esclerose pode ser demorado. “E os sintomas, que vem e voltam, fazem com que a gente deixe de procurar o médico. Isso não pode acontecer, a gente não pode pensar que se curou”.

A ressonância magnética pode revelar lesões relacionadas à inflamação e à perda de mielina no cérebro e na medula espinhal. Ainda conforme especialistas, a presença destas lesões não é a prova definitiva de que um paciente tenha esclerose múltipla, mas o resultado precisa ser avaliado e interpretado em conjunto com os demais exames laboratoriais

Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

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