Já diz a marchinha: “ai ai ai ai, está chegando a hora”. Enquanto nos sambódromos Brasil afora os tamborins aquecem, muita gente aguarda ansiosamente a temporada das folias com nada além “daquilo” na cabeça. Atentas ao tema, autoridades de saúde já começam a divulgação das campanhas de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), cujos índices cresceram de maneira assustadora no país nas últimas décadas. Distantes do radar, porém, infecções ainda pouco conhecidas já preocupam as comunidades científicas de países da Europa nos quais porcentagens não tão insignificantes da população já estão contaminadas. E não para por aí, além da relação íntima, contatos simples e “banais”, como o inofensivo beijo também têm despertado as atenções, já que uma série de doenças também podem ser transmitidas pela boca.

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Para entender um pouco melhor sobre os riscos de contágio e apontar algumas dicas de prevenção para quem quer cair na folia sem descuidar da saúde, a Tribuna do Paraná conversou com profissionais da área médica que destacam: o melhor remédio ainda é a prevenção.
Aos cofres públicos o último Carnaval não decepcionou. Segundo o Ministério do Turismo, nos 5 dias de folia de 2018 o país recebeu nada menos que 400 mil turistas estrangeiros movimentando mais de R$ 11 bilhões na economia nacional. Para esse ano, as projeções não são diferentes. Na capital carioca, que é um dos principais destinos dos viajantes, por exemplo, a taxa de reservas nos hotéis da cidade já chega aos 70%, conforme publicação recente do jornal O Globo. Segundo a Associação das Indústrias de Hotéis (ABIH Nacional), só no Rio de Janeiro, a ocupação deve chegar a 100% no período que vai do dia 28 de fevereiro a 03 de março.

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Tão exponencial quanto o fluxo de turistas esperado para a festa desse ano, também é o aumento de casos de doenças sexualmente transmissíveis entre brasileiros nas últimas décadas. Segundo publicação recente da revista Abril, levantamentos divulgados pelas autoridades de saúde nacionais mostram que, de fato, o brasileiro andou baixando a guarda contra algumas DST’s. Entre o “top 3”, a sífilis foi uma das que mais cresceu em todo o país. Só no Paraná, por exemplo, o número de infectados aumentou 63,1% de 2013 para 2014. Quando o assunto é infecção pelo HIV, então, os índices de contágio chegaram a aumentar 351% no Estado entre os anos de 2010 e 2016, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SESA).

Não tão divulgadas, porém, quatro novas doenças que podem ser transmitidas sexualmente já começam a preocupar a comunidade científica internacional e vários casos registrados em países da Europa despertam o alerta para possíveis novas contaminações ao redor do globo. Para explicar um pouco melhor quais doenças são estas, como são transmitidas e as melhores formas de prevenção, a ginecologista e conselheira do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Regina Piazzetta, recomenda: preservativo sempre!

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Não pode relaxar

Apesar de tais doenças serem consideradas “populares”, a especialista alerta para os perigos da folia irresponsável e destaca: a saúde começa pela boca. “A boca pode ser a porta de entrada não só para essas doenças mais comuns como também para infecções mais graves como sífilis e hepatite. Por esse motivo, o melhor remédio ainda é a prevenção por meio da manutenção adequada da saúde oral com escovação e uso de fio dental”, recomenda.

Da mesma forma, Regina Piazzetta, ressalta a importância de não relaxar quanto à prevenção de DST’s, principalmente quando o assunto é o comportamento de risco. Para tanto, um item simples, barato e fácil de achar ainda é a melhor solução. “Não tem jeito. Para prevenir, a camisinha ainda é a principal alternativa. Em qualquer situação, sempre vale lembrar que ‘quem vê cara não vê DST’. Com isso em mente, a folia está liberada”, finaliza.

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Elas estão por aí, basta prevenir!

Ainda sem nomes populares, as novas doenças assustam. Saibam os detalhes de cada uma delas:

Neisseria Meningitidis

Causadora de uretrites, a bactéria também chamada “meningococo”, é conhecida por causar meningites invasivas e potencialmente mortais. A última descoberta é a de que, agora, essa mesma bactéria está associada à uma série de infecções genitais, sendo a transmissão sexual uma das possíveis formas de contágio, segundo os pesquisadores. “Não se pode bater o martelo e dizer que é, de fato, transmitida sexualmente. A comunidade científica, no entanto, encontra fortes indícios de que seja o caso”, afirma a especialista. Segundo publicação da agência BBC, estudos sugerem possível transmissão dessa mesma bactéria via outras formas de contato íntimo como beijos profundos e sexo oral.

Foto: Arquivo/Tribuna do Paraná.

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Mycoplasma genitalium

Com índices de infecção entre 1 e 2% da população mundial, a bactéria tem preocupado a comunidade médica não somente devido à sua propagação mas também à resistência do micro-organismo aos antibióticos indicados ao tratamento da infecção. Associada à outras patologias mais comuns, como clamídia e gonorreia, a bactéria ainda em fase de pesquisa apresenta potencial de causar infertilidade, abortos e inflamações pélvicas, comprometendo o sistema reprodutor feminino.

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Shigella flexneri

A bactéria “apareceu” na década de 70 entre homens homossexuais e bissexuais e, ao longo dos anos, também desenvolveu resistência a antibióticos. Conhecida por provocar infecções intestinais acompanhadas por fortes diarreias com muco, o micro-organismo é transmitido a partir do contato direto com as fezes. Por isso, os pesquisadores indicam uma possível associação da bactéria a práticas como sexo anal e sexo oral.

Linfogranuloma venéreo

Provocado por um agente também conhecido como “clamídia”, o linfogranuloma venéreo provoca fortes infecções no sistema genital, além de caroços e úlceras na região da virilha. Caso não tratada, a patologia pode levar a doenças crônicas mais graves na região do reto e do cólon.

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Beijo da morte

Cirurgião dentista, Diego Lopes Tareszkiewicz, alerta que DST’s podem ser transmitidas também por via oral. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Para quem pensa que doenças graves são transmitidas apenas por meio das relações sexuais, profissionais da odontologia alertam para o perigo de sair beijando a torto e a direito, como costuma acontecer em micaretas e festas de rua. Segundo o cirurgião dentista, Diego Lopes Tareszkiewicz, os riscos de contágio de uma série de patologias por meio do beijo é grande, já que boa parte da população carrega na boca bactérias e vírus potencialmente perigosos. O especialista aponta quatro doenças comuns que podem ser passadas de uma boca para outra.

Cárie

Com risco de transmissão diretamente proporcional ao número de bocas beijadas, a cárie encontra nos “desleixados” seu alvo favorito. “Pessoas que não mantém a higiene oral adequadamente são mais suscetíveis à contaminação pela cárie porém, basta beijar alguém que esteja com a bactéria para entrar para a lista de potenciais contaminados”, explica Tareszkiewicz. Segundo o especialista, cerca de 70% da população nacional é infectada pela bactéria.

Herpes

Transmitido por contato direto e extremamente contagioso, o vírus da herpes ­ uma vez contraído ­ não tem cura e pode causar transtornos um tanto incômodos entre seus portadores. “É uma doença que acompanha para o resto da vida e, para ser infectado, basta beijar alguém que esteja com a ferida. O problema é que a lesão nem sempre é bem visível e isso aumenta muito o risco de transmissão”, diz.

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Mononucleose

Conhecida como “doença do beijo”, a mononucleose pode ser facilmente confundida com a gripe. Transmitida pelo vírus Epstein-Barr, a patologia é transmitida por meio da saliva. “Apesar de ter cura, a infecção por mononucleose provoca sintomas bastante desagradáveis que podem deixar a pessoa bastante debilitada por vários dias. Por isso, na dúvida, é melhor se prevenir”, alerta.

Candidíase

Popularmente conhecida como “sapinho”, a candidíase é provocada por um fungo e é facilmente transmitida pelo beijo, principalmente entre indivíduos com o sistema imunológico deficitário. Caracterizada por escamas brancas que podem se se espalhar pelas mucosas orais, a doença é tratada com antifúngicos e corticoides.

Prevenção

Segundo Regina Piazzetta, apesar de preocupantes, tais doenças ainda não fazem parte da lista de epidemias alarmantes, sendo ainda encaradas como “sinais de alerta” entre as autoridades de saúde. “Mesmo sendo monitoradas pelo Ministério da Saúde, essas bactérias ainda afetam porcentagens muito baixas da população. Além disso, o contágio via sexual está em sede de estudos para que se defina de forma mais precisa como, e se isso realmente acontece”, explica.

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