A dor da espera

Aroldo tem 60 anos. Durante 16 ganhou a vida como latoeiro, arrumando carros em uma oficina instalada no quintal da própria casa, no bairro Xaxim, em Curitiba. Mas, em janeiro, começou a sentir dores nas pernas e na coluna. Alguns meses depois, precisou entregar os pontos. Sem condições de exercer o trabalho, encerrou as atividades.

A dor, cada vez maior, ganhou nome: artrose na bacia. Onze bicos-de-papagaio (osteofitose) aumentam ainda mais o sofrimento. Seu Aroldo não consegue mais caminhar sem a ajuda de um andador ou de pelo menos uma muleta. “Quando é alguma distância um pouco maior, só de cadeira de rodas mesmo”, diz.

“Não tenho mais a cartilagem entre os ossos, gastou e os médicos não sabem o motivo exato. A única coisa que eu sei é que dói demais – é osso com osso agora. Só uma prótese resolve meu problema, segundo os médicos. Primeiro preciso fazer a cirurgia do lado direito, que está mais complicado, e depois, quando melhorar desse lado, faço o esquerdo”.

Durante a maior parte do tempo, Aroldo permanece na cama hospitalar. Diz já ter tentado o internamento, mas sempre teve o pedido negado porque “ainda consegue andar”.

O remédio que toma durante o dia-a-dia já não faz mais o mesmo efeito. “De vez em quando me dá uma crise de dor e eu preciso ir até o posto 24 horas para tomar injeção. O alívio dura três dias no máximo e daí volta todo o problema”.

Dependendo de amigos

Foto: Lineu Filho
Durante a maior parte do tempo, Aroldo permanece na cama hospitalar. Foto: Lineu Filho

Sem poder colocar dinheiro dentro de casa, Aroldo conta com o suporte da filha e do genro. Ela, que trabalha como menor aprendiz em um supermercado, tem salário de R$ 600. O rapaz, que também mexe com carros, não tem pagamento fixo. “De vez em quando tem cliente, de vez em quando não, mas geralmente ele tira mais ou menos a mesma coisa que ela”, explica. A residência humilde onde a família mora, nos fundos de um terreno, é alugada a um custo de R$ 450 por mês.

Doações de alimentos, remédios e até roupas são bem-vindas. A sobrinha, Mahyza Santa Rosa, explica que grande parte do apoio tem vindo de amigos, vizinhos e familiares. “Enquanto ele trabalhava, acabou ajudando muita gente. Um reparo aqui, outro ali e, muitas vezes, nem cobrava pelo serviço. Agora essas pessoas têm mostrado que ele não está sozinho e estão contribuindo da maneira que podem”.

Cirurgia sem previsão

Foto: Lineu Filho
Sem poder colocar dinheiro dentro de casa, Aroldo conta com o suporte da filha e do genro. Foto: Lineu Filho

A agonia de Aroldo e da família é acompanhada pela ansiedade. Não se sabe quando o homem poderá ser operado. “Estou na fila do SUS e o médico que me atende disse que é algo que pode demorar 4, 5 ou 6 anos. Não tem como me dar uma data. É muito complicado pra gente não poder trabalhar e ter que lidar com tanta dor”, desabafa.

Se a família – que tem renda mensal de pouco mais de R$ 1.000, optasse pelo procedimento particular, o custo seria de aproximadamente R$ 40 mil para cada um dos dois lados da bacia afetados.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, responsável pela inclusão de pacientes na lista de procedimentos cirúrgicos cobertos pelo Sistema Único de Saúde, confirmou que o retorno do paciente ao hospital está marcado apenas para março do ano que vem, e não detalhou qual o tempo médio de espera por esta cirurgia.

Pode ajudar?

9704-9809 Aroldo
9656-6063 / 3379-3219 Mahyza
Caixa Econômica Federal
Agência 1282 operação 013
Conta-poupança 72739-2
Aroldo Carlos Ribeiro
CPF 339.936.619-15

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