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Por Maria Luiza Piccoli
mariav@tribunadoparana.com.br

Passar um dia inteiro sem carro parece impossível pra quem está acostumado com a rotina ao volante. De um lado as vantagens: privacidade, conforto e autonomia. Do outro, as inconveniências: custo alto do combustível, multas e o trânsito cada vez mais complicado. Fato é que, quem está acostumado a dirigir, torce o nariz para as outras formas de mobilidade. Pra mostrar que é possível ficar um dia sem carro, aceitei o desafio da Tribuna do Paraná, para participar do “Dia Mundial Sem Carro”.

A ação internacional, que acontece sempre no dia 22 de setembro, tem por objetivo estimular a reflexão sobre o uso exagerado do automóvel, além de propor às pessoas acostumadas a dirigir todos os dias, que repensem a dependência que têm dos veículos.

Para isso, percorri o trajeto do Mossunguê ao Tarumã – onde fica a redação da Tribuna, utilizando o transporte público de Curitiba. A viagem começou cedo, saindo às 7h45 da estação-tubo Paulo Gorski. O trajeto incluiu dois terminais – Campina do Siqueira e Cabral – e no embarque e desembarque contínuo de passageiros conversei com algumas pessoas que utilizam as linhas diariamente.

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É o caso da diarista Fernanda Maia, 45 anos, que pega o Interbairros II todos os dias para chegar à residência onde trabalha, no Pilarzinho. “São muitos anos de ônibus, a gente acostuma. Como embarco sempre no mesmo horário, acabei fazendo amizade com os motoristas, cobradores e com muita gente que faz esse mesmo caminho. A gente vai conversando e isso ajuda a passar mais rápido”, brinca.

Para quem não está mais habituado ao transporte público, a locomoção exige um pouco mais de paciência. É o caso da fonoaudióloga Consuelo Ramos, que precisou encostar o carro em uma oficina para manutenção e teve que pegar o ônibus para trabalhar. “O primeiro ônibus veio lotado, então tive que esperar o próximo, mas sem problemas. Isso faz parte da rotina e a gente acaba perdendo o costume de se programar pra esses pequenos percalços”, afirma.

O percurso até a Avenida Victor Ferreira do Amaral – que, de carro, normalmente faço em 30 minutos – durou cerca de uma hora e vinte minutos sem maiores complicações – apesar do horário de pico e da movimentação intensa nos ônibus. Sã e salva, cheguei ao trabalho e garanto: é possível desapegar do carro por um dia!

De bike

Por Lucas Sarzi
lucass@tribunadoparana.com.br

No jornalismo, toda pauta é considerada como um desafio e missão dada é missão cumprida, indiferente de como isso vai ser feito. Foi por isso que, quando fui desafiado a vir para o trabalho de bicicleta, aceitei sem pensar duas vezes. Da minha casa, no bairro Boa Vista, até a redação da Tribuna, no Tarumã, são quase 6 quilômetros, que variam com trechos íngremes e de subidas.

Pra quem está acostumado a ficar o tempo todo atrás do volante ou ainda num ônibus, pedalar pode ser um desafio ainda mais complicado. Me antecipando, saí de casa por volta de 12h20 e foi preciso parar na metade do caminho porque a pressão foi lá embaixo.

Depois de recuperado, segui – um pouco mais devagar, eu confesso – até o prédio do jornal. Cansei, suei e quase desmaiei (considerem o fato de que eu não sou acostumado a fazer exercício físico, portanto outra confissão), mas foi possível. Cheguei por volta das 13h e o trajeto, que eu faço em 15 minutos de carro, durou quase 40 minutos.

O caminho em si não é tenso, pois quem decide pegar a bicicleta consegue pedalar por boa parte da ciclofaixa. No meu trajeto, por exemplo, passei pela Avenida Paraná e segui até a Avenida Nossa Senhora da Luz, sem nenhum problema. O que observo é que ainda há muito desrespeito por parte dos motoristas, que nem sempre param quando veem um ciclista passando pela ciclofaixa.

Alerta importante

A pior parte do que aconteceu comigo, quando a pressão diminuiu, serve até mesmo como um alerta pela questão de saúde. Se você tem pensado em economizar um pouco deixando o carro na garagem durante a semana, considere começar aos poucos. No meu caso, por exemplo, não estava acostumado com um exercício tão intenso como a pedalada e o sol forte só piorou a situação.

A dica é experimentar seus limites antes de começar a fazer longos trajetos pedalando. Além disso, faça um check up pra ver como está a saúde e leve sempre consigo uma garrafa de água. Outra dica importantíssima: pare sempre que achar necessário, afinal você é a pessoa que mais sabe quando não dá mais pra continuar em frente.