Fernando Antônio de Bulhões ou, como é conhecido, Santo Antônio. O brasileiro tem ele como um fiel escudeiro quando o assunto é casamento. Não há quem não saiba da história de que ‘se achar o santinho no bolo de Santo Antônio, vai encontrar o amor’ e, ao que tudo indica, quando se tem fé, o pedido pode ser realmente atendido. Em Curitiba, por exemplo, encontramos dois grandes exemplos do quanto o santo português é forte e não abandona seus fiéis.
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Ao contrário da lenda religiosa, que diz que quem encontra o santinho no bolo deve se casar em breve, em sua história, Santo Antônio nunca teve sermões ou algo específico sobre casamentos, mas se tornou conhecido como ‘Santo casamenteiro‘ por conta de ajudas que dava a moças humildes. Na época, era necessário um dote para que houvesse o casamento e o santo acabou sendo o responsável por alguns casos.
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Com essa relação de Santo Antônio com as moças que queriam casar, criou-se a tradição de confeccionar o bolo para comemorar o seu dia. Apesar disso, protetor das causas perdidas, Santo Antônio é um santo dos milagres que, ainda em vida, atendeu cegos, surdos, coxos e doentes, que se curavam. Segundo a história, Antônio tinha conhecimento e grande poder de pregação.
O bolo, tradicional em nossa cultura, é vendido em Curitiba em pelo menos 19 igrejas até hoje, quando é comemorado seu dia, mas foi numa paróquia dedicada a Santo Antônio que encontramos duas histórias de fé e de amor. Ironicamente (ou não) as duas histórias se entrelaçam e acabam sendo exemplos do quanto acreditar no que se pede pode ser o primeiro passo.
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A primeira história é a de Luzia Coleto Manfron, de 71 anos, que há 23 anos é a responsável pela confecção do bolo na Paróquia Santo Antônio do Boa Vista. “Tudo começou a partir de um pedido do meu marido ao santo, mas não era sobre casamento que ele tratava. Quando meu marido recebeu a graça, cumpriu a promessa que seria fazer um bolo com santinhos, vender e arrecadar o dinheiro para a igreja”, lembrou Luzia.
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Na época, o único bolo preparado pelo marido de Luzia foi vendido em questão de minutos e de lá para cá começou uma história de fé na paróquia. “De quando começamos até hoje, só aumentamos a produção e, neste ano, por exemplo, fizemos três mil assadeiras, o equivalente a 23 mil pedaços”.
O marido de Luzia morreu há seis anos, mas ela continuou o legado deixado por ele por um único motivo: a fé. “Meu marido se foi, mas resolvi continuar. A fé que sempre tivemos em Santo Antônio me dá força e me sinto muito bem em poder seguir na intenção que meu marido tinha, uma história de mais de 20 anos que só me dá orgulho”.
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Na Paróquia Santo Antônio do Boa Vista o bolo é sempre vendido até o dia 13, quando se comemora o dia do santo, mas Luzia garante que nem sempre sobra. “Sempre acaba antes. Mas o que fica disso tudo são as histórias, porque a gente brinca que quem acha o santinho vai casar, mas no fundo isso acaba sendo verdade. Acabamos sabendo de relatos dos mais jovens e também dos mais velhos que acabam encontrando um amor após achar o santinho no bolo”.
Juntos pelo santo
A história de Fernanda Coelho de Oliveira, 34 anos, e Adriano Cabral e Silva, 37, acaba passando pela da dona Luzia. O casal, que está junto há nove meses, se conheceu depois que os dois comeram o bolo de Santo Antônio e encontraram o santinho, mas o pedaço de Fernanda quem deu foi a mulher que, há 23 anos, viu histórias começarem. Hoje, o casal já até comprou apartamento e pensa em casamento.
“Fazia aulas de zumba com a neta da dona Luzia e ela nos mandou bolo no ano passado. Quando comi, encontrei o santinho no meio e brinquei ‘agora vai’. Coloquei o santinho de ponta-cabeça no freezer e pedi com muita fé”, contou Fernanda.
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A mulher, que é responsável por um hospital veterinário, nem se ligou, mas seu amor estava bem perto dela, na academia que os dois frequentam no bairro Boa Vista, bem perto da igreja de onde saiu o bolo. “A gente se via na academia, mas nem sabíamos o nome um do outro. Um dia eu falei para a instrutora que ele era muito gato e ela disse que ele olhava para mim, eu desconfiei, mas achei que era só simpatia. Descobrimos o nome dele e adicionei na rede social, mas ele não me aceitou de imediato”.
Adriano só aceitou Fernanda na rede social três meses depois. “Me mandou mensagem dizendo ‘que bom te ver por aqui’ e eu já estava quase desistindo, pensei que eu tinha levado um fora. Depois de tanto tempo, a gente começou a conversar e saímos pela primeira vez, foi aí que eu me surpreendi de novo, pois quando contei a ele que tinha achado o santinho no bolo, ele disse que também tinha comido e achado. Os dois da mesma igreja”.
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O homem, que trabalha como contador num escritório bem perto da paróquia, contou que aceitou o bolo porque estava com fome. “Fiquei trabalhando até mais tarde e tinham dito que tinha bolo na igreja. Pegaram dois pedaços para mim e encontrei dois santinhos, um em cada. Confesso que nem sabia da história de Santo Antônio, mas me contaram e eu imediatamente guardei os santinhos, um na carteira e o outro na minha mesa do escritório, nem imaginei que não demoraria a encontrar o amor”, disse Adriano.
Mantendo a tradição, o casal continua malhando junto e, com isso, acaba se vendo todos os dias. “Continuamos malhando juntos porque é a hora que a gente pode, mas acabou sendo um momento de a gente se encontrar. No final de semana a gente não se desgruda e durante a semana se vê na academia”, comentou Adriano.
Vem casamento!
Depois que começaram a sair, não demorou a Adriano pedir Fernanda em namoro. “Saímos por 11 dias, ele me pediu em namoro e quando vimos nossa história já estava sendo construída. Compramos um apartamento e as coisas foram fluindo”, disse ela. “Estávamos tão perto um do outro e precisou da intervenção divina para que nos encontrássemos”, avaliou Fernanda.
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A ideia dos dois é, sim, oficializar a relação com um casamento, mas já consideram Santo Antônio como padrinho. “Vamos morar juntos a partir do final do ano que vem, quando fica pronto o apartamento. Primeiro vamos priorizar o apartamento, quando estivermos lá dentro, a gente pensa no casamento”, comentou Adriano. “Enquanto isso, o meu santinho continua no freezer e vai ficar até eu casar, não quero saber desse negócio de namorar”, brincou Fernanda.