A arte da cerâmica é tão antiga que estudiosos afirmam ser a mais velha das indústrias. No Brasil, por exemplo, os portugueses que chegaram descobriram que os índios já trabalhavam com o barro há muito tempo.
Hoje em dia, mesmo com a indústria da área passando por muitas mudanças, a técnica se mantem praticamente a mesma e as peças, que costumam ter muitas particularidades, são muito valorizadas. Assim, essa pode ser uma boa saída para quem quer começar do zero, aprendendo a fazer sua renda, literalmente.
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Em Curitiba, são vários ateliês que buscam ensinar a técnica da cerâmica, entre eles o Ateliê Recanto do Barro, da artista Risolete Bendlin, de 58 anos. Nascida em Curitiba e criada em Maringá, no interior do Paraná, ela morou por 15 anos em Buenos Aires, na Argentina, onde estudou na Escola Número 1 de Cerâmica.
Lá, ela teve a chance de fazer um curso que não existe no Brasil: técnica em cerâmica artística. “Casei e, como eu gostava de pintura, resolvi procurar a arte da cerâmica. Me apaixonei e resolvi me entregar. A formação, que durou três anos, me abriu muito os horizontes. Também me deu a possibilidade de aprender a história da arte e poder passar todo esse conhecimento pra frente”.
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Risolete montou seu ateliê em Curitiba e, desde então, não parou de trabalhar. Nas segundas-feiras produz peças sob encomenda e nos outros dias se dedica aos cursos. “Hoje em dia tenho aproximadamente 30 alunos”. Ela, que vive disso há 15 anos, conta que a maioria das pessoas procura as aulas de cerâmica como uma “arteterapia”. “Eu, por exemplo, faço aula de canto como terapia, mas tem gente que encontrou na cerâmica o seu hobby”.
Com um curso completo, que ensina do começo ao fim como produzir uma peça, Risolete também mostra aos seus alunos que é preciso ter paciência e tranquilidade. “Todo o processo, que vai do trabalho com barro à pintura, leva aproximadamente 20 dias. Como o barro é uma coisa viva, exige que a pessoa tenha equilíbrio. A pessoa se desliga. É uma terapia”.
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Os alunos?
A artista conta que percebeu nos últimos anos um aumento no número de pessoas que a procuram. “Hoje existe muito mais gente fazendo em Curitiba. Advogados, médicos, professores, tenho alunos dos mais diferentes possíveis. Muita gente procura depois que se aposenta, buscando uma atividade artística”.
Mas o valor gasto no curso, conforme Risolete, pode virar um bom investimento porque quem aprende as técnicas pode passar a fazer peças para vender. “O investimento acaba sendo uma realização pessoal de cada um. Você investe nas aulas, mas vê o seu produto. Tem alunos que já estão vendendo as peças, ou seja, pagam as aulas, mas fizeram disso uma futura profissão e se envolvem tanto que já começam a participar de bazares e a vender. Durante o processo, certamente você vai ter retorno, não só o pessoal, como também financeiro”.
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Novos ares!?
No dia em que a Tribuna esteve no ateliê de Risolete, duas alunas se dedicavam sem ao menos prestar atenção na movimentação que ocorria ali: Anamaria Martins Schneider, 65 anos, e Marcelle Langaro, 26. Professora de música, Anamaria disse que encontrou na cerâmica uma possibilidade de descobrir em si mesma um novo dom. “Sempre tive atração muito grande pelo barro, pela argila. Como tenho pós-graduação em arte moderna e contemporânea, fui entrando em contato com essas coisas e resolvi procurar saber mais”.
Anamaria conta que descobriu, na cerâmica, ‘um sabor diferente da vida‘. “Poder ver as coisas que você constrói é maravilhoso. Às vezes te surpreende. Você acha que não vai fazer muita coisa, mas sai algo fantástico. E o prazer de ver uma coisa criada por você, colocando a criatividade em cima, é o que move a gente”.
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Ela conta que, além de aprender a fazer o básico, as aulas abrangem muitas outras coisas. “Vai muito além de confeccionar coisas, tem a pintura, o decalque, enfim. Comparo com a minha profissão, a música, que traz algo para a alma que me faz viajar. Aqui é a mesma coisa. Você se concentra. Pra mim tem funcionado como uma boa terapia, mas quem sabe possa ser uma futura profissional?”.
Da mesma forma pensa Marcelle, que é arquiteta e começou as aulas de cerâmica para se desligar do ’mundo lá fora’. Hoje em dia, a jovem começou a investir na possibilidade de respirar novos ares. “Comecei como hobby e quando vi já estava mergulhada e apaixonada. Comprei equipamentos e quero fazer disso uma nova profissão”.
Ela disse amar a arquitetura, mas avaliou que o estresse do trabalho sempre é aliviado quando se dedica à cerâmica, o que a fez reavaliar o que quer continuar a fazer. “Aqui me acalmo, a cerâmica me deixa mais tranquila. Estava tendo muitos problemas de estresse, ansiedade, e com a cerâmica eu vi que poderia trabalhar e ser feliz. Pretendo sim investir, já estou, na verdade”.
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Realização é tudo
Risolete afirma que ver em seus alunos essa realização é o que a faz continuar há tanto tempo insistindo em seu sonho. “O que acontece com as pessoas é a minha verdadeira realização. Já tive alunos abrindo seu próprio ateliê e, para mim, é a maior resposta, porque ver as pessoas fazendo isso mostra também o meu próprio crescimento pessoal e espiritual”.
Além de professora, Risolete acredita que passou a ser amiga, terapeuta e conselheira das pessoas, já que acaba se envolvendo com muitas delas. “Depois de tanto tempo, você acaba sendo mais do que ceramista. A aula dura três horas, uma vez por semana, então a gente se envolve e envolve as pessoas na vida da gente, criamos vínculos mesmo. Escuto muitas coisas, eles escutam também muitas coisas minhas. Procuro fazer com que as pessoas se sintam bem aqui”, disse a artista, que recebe, todos os dias, seus alunos com pelo menos um bom copo de café e um pedaço de bolo.
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Quer aprender?
O Ateliê Recanto do Barro fica na Rua Atílio Bório, 1674, no bairro Alto da XV, em Curitiba, mas está em todas as redes sociais como Facebook e Instagram. Risolete adianta que todas as pessoas são bem vindas. ‘Dos 16 aos 100 anos. O que importa é a vontade de aprender e ver algo feito pelas suas mãos ganhar forma‘. O telefone de contato do ateliê é (41) 99174-7372.