Curitiba

Empresário de Curitiba construiu um bar/museu dentro de casa para abrigar coleção gigante

Escrito por Tribuna do Paraná

Por Gustavo Marques e Eduardo Luiz Klisiewicz

Nesta sexta-feira, 18 de novembro, comemora-se o Dia do Colecionador. Dos antigos papéis de carta das gurias às tampinhas de refrigerante dos piás, até relógios, carros antigos e obras de arte. O colecionismo fascina gerações há séculos. Para homenagear a todos eles, hoje vamos contar a história de um empresário de Curitiba que tinha o sonho de ter um botequim dentro da própria casa.

Ao som de clássicos da bossa nova, como João Gilberto, Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Dilson Luiz Barcellos Barra, 66 anos, construiu dentro da sua casa, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba, um bar particular com mais de 900 copos e outras relíquias que fazem o visitante voltar ao passado ou melhor, a uma boa mesa de boteco.

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Dilson é dono da Premier Banheiras, em Curitiba, mas é formado em Engenharia Civil. Desde a adolescência, no entanto, ficava encantado ao observar, mesmo que de longe, letreiros, painéis e luminosos que estampavam a marca de produtos pelos lugares que passava. E veio da boêmia noite do Rio de Janeiro o carinho especial pelo universo dos botecos e botequins. Na movimentada noite carioca, o ainda pequeno Dilson se apaixonou por pratos com desenhos e logomarcas, letreiros coloridos, copos, porta-copos (as famosas bolachas) e até cinzeiros personalizados.

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

“Acredito que essa paixão começou aos 12 anos, quando consegui um cinzeiro com a marca do hotel em que ficava hospedado. Tudo que tinha propaganda eu conseguia e colocava num guarda-roupas que eu tinha. Ainda bem que mamãe não dava bola”, brincou Dilson.

O empresário carregou centenas de itens junto consigo em caixas de papelão por anos, juntando tudo que podia. Quando comprou a casa em que mora atualmente, no bairro Jardim Botânico, veio a ideia de construir um ambiente para acomodar todos os itens reunidos ao longo deste tempo. Nada mais óbvio que construir um bar, como uma homenagem a este fascinante universo de boas histórias e amizades.

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“Eu sempre tive essa vontade de ter esse espaço. Antes da reforma, era um quarto menor, que até tinha uma ‘cara’ de bar, mas os copos ficavam escondidos, meio empilhados. Era muito pequeno”, lembrou. Quando decidiu reformar a casa, não teve jeito. “Eu ia fazer no espaço onde fica a churrasqueira, que já bem maior, mas achei pequeno (brinca). Aí fiz na lateral da casa, em cima da garagem”, completou.

É de se imaginar que a decisão de construir um bar dentro de casa possa disparar uma guerra com a patroa e as três filhas, mas não foi isso que aconteceu. “Sempre tive o apoio de todos aqui em casa, pois elas sabiam que era meu sonho. Quando comecei a fazer, me ajudaram trazendo um ou outro item”, orgulha-se.

Dentro do espaço o empresário é o único que tem liberdade para fazer mudanças e a limpeza no ambiente. Tudo é acomodado cuidadosamente em estantes e cristaleiras. Existem os copos, móveis antigos de familiares, garrafas de refrigerantes, rádios, canecas, peças de decoração, letreiros, mexedores de bebidas, bolachas e abridores.

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Imagem mostra coleção com copos, móveis antigos de familiares, garrafas de refrigerantes, rádios e muito mais
Coleção tem copos, móveis antigos de familiares, garrafas de refrigerantes, rádios e muito mais. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Além da coleção com 900 copos de vários cantos do mundo, de várias marcas diferentes de uísque, cerveja ou mesmo de refrigerante, o “clima” do ambiente leva o visitante a um verdadeiro pub (ou botequim, depende do espírito do “freguês”). “A ideia é essa, a pessoa viajar para outro lugar e deixar o estresse lá fora. O som foi instalado no teto, o papel de parede lembra os bares da Inglaterra e o telefone foi comprado em Buenos Aires. O vendedor disse que é da década de 1910, e tem linha exclusiva aqui em casa. Tudo funciona”, orgulha-se Dilson.

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A Coleção

Viagens, presentes de amigos e uma boa conversa com os garçons ajudaram a aumentar a coleção. O valor da coleção está em olhar para um objeto de uma forma diferente. Para muitos é apenas um copo, mas para Dilson pode ser uma relíquia.

“Essa coleção da Pepsi com copos da China, Rússia, Arábia Saudita e Japão foi trocada uma vez por copos comuns. O colecionador espera o bom momento para conseguir o desejo, e na maioria das vezes, não compro de primeira. Nos bares, mostro ao garçom a foto da coleção e peço para levar para casa um novo copo. Isso (pedir) ajuda, pois ele sabe que levarei de qualquer jeito”, brincou Dilson.

Imagem mostra coleção de copos da Pepsi
Coleção da Pepsi com copos da China, Rússia, Arábia Saudita e Japão foi trocada uma vez por copos comuns. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Uma curiosidade é que o colecionador não gosta de realizar compras pela internet, mesmo sabendo que pode encontrar algo raro em qualquer lugar do mundo. “Todas as minhas coisas têm um lado afetivo. Gosto de ficar aqui nas quintas e nas sextas, tomando alguma coisa e me lembrando da história de como eu adquiri a peça. Aqui tem móveis dos meus antepassados ou mesmo outros produtos que foram conquistados na base da conversa ou mesmo com a ajuda de outra pessoa. A internet a gente compra, chega em casa e coloca na prateleira. Não tem graça”, comentou Dilson, o verdadeiro dono do bar.

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“Todas as minhas coisas têm um lado afetivo”, frisou Dilson. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

E a mania tá contagiando outras pessoas. “Tem um amigo que começou a fazer coleção depois que conheceu o bar e já tá guardando tudo que encontra pelo caminho. Até minha dentista esses dias disse que tomou duas bebidas em determinado bar pra poder levar um copo pra coleção dela”, concluiu.

O colecionismo

Mais do que um hobby. Colecionar é quase uma arte para quem resolve mergulhar neste curioso universo. Segundo Gerando de Andrade Ribeiro Jr, em seu artigo “Porque Colecionar”, publicado pela Associação Brasileira de Filatelia Temática, “além da ideia básica de entretenimento, é uma arte e uma ciência e desenvolve o aprendizado, sendo uma atividade cultural por excelência”.

A história relata, em diversas etapas do desenvolvimento humano, uma série de pessoas, em diferentes locais, preocupadas em guardar, armazenar objetos, de modo a preservá-los. “Se isto não tivesse ocorrido, não teríamos, hoje, o conhecimento que temos de nosso passado. Os grandes acervos, em todo o mundo, quer particulares, quer de museus, arquivos, etc., iniciaram-se, em sua maioria, por pequenas coleções particulares”, diz o autor.

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Ao contrário do que se imagina, colecionar não é algo elitista, voltado para quem tem dinheiro (logo pensa-se em coleções de carros antigos, relógios, moedas raras, quadros de artistas famosos. Num passado não muito distante, colecionava-se selos, papéis de carta, latinhas de refrigerante/cervejas, tampinhas. Ainda é comum a coleção de figurinhas, por exemplo.

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Na Tribuna

Nós já falamos sobre a arte de colecionar algumas vezes. O Dia do Colecionador foi celebrado no ano passado com a história do João Marcelo Arriola, 48 anos, um antiquário numismata de profissão e sócio-proprietário da Casa do Colecionador. Mais do que uma loja de compra, venda e troca de itens colecionáveis, o lugar é um ponto de encontro, no Alto da XV, para quem curte objetos raros. Clique aqui para ler o material completo

Veja mais fotos da coleção incrível do curitibano Dilson:

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