Curitiba

Curitiba 326 anos: Cidade é pioneira em delivery. Descubra!

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Escrito por Giselle Ulbrich

Você sabe qual foi o primeiro delivery de costela em Curitiba? Tribuna descobriu! Foi num restaurante do Centro, que existe até hoje

Com alguns toques na tela do celular hoje é fácil receber comida em casa. Não precisa nem tirar o pijama, pois é só ir rapidinho na frente de casa atender o motoboy. E há vários aplicativos que ajudam a cometer o pecado da preguiça (de cozinhar ou se arrumar para sair), como iFood, Uber Eats, James, Rappi, entre outros.

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Mas, 18 anos atrás, o empresário Natal dos Santos, dono do restaurante dançante Pantera Negra (mais conhecido como Gato Preto), no Centro de Curitiba, teve a brilhante ideia de vender comida e comodidade. “Se isso já existia, aqui em Curitiba ou em algum outro lugar do Brasil, eu não sabia. Eu nunca tinha ouvido falar deste tipo de serviço. Foi uma ideia que veio na minha cabeça”, diz Natal, que preparou um panfleto com o cardápio e a frase “Entregamos na sua residência”, que ele distribuiu em prédios e hotéis nas proximidades.

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Já no primeiro dia, a propaganda surtiu efeito. A primeira encomenda foi feita por moradores do Pensionato Saure, que ficava ali na Rua Saldanha Marinho, no Centro, e hoje não existe mais. E lá foi o próprio Natal entregar a famosa costela do estabelecimento, com salada, arroz e maionese. Logo surgiram mais pedidos e ele mandava a equipe do jeito que fosse: a pé, de bicicleta ou de carro, conforme a distância. Logo, o empresário se viu obrigado a comprar motos e contratar funcionários especificamente para as entregas, até terceirizar o serviço anos mais tarde.

Também naquela época não existiam embalagens próprias para delivery. Natal pegava as embalagens de alumínio das marmitas. Aliás, foi um dia olhando para as marmitas no balcão que ele teve a ideia de entrega-las na casa dos clientes, ao invés de fazê-los vir buscar.

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Noturno

O Gato Preto não funciona durante o dia. Abre das 18h às 7h. Surgiu há 46 anos, com a intenção de ser uma opção noturna para quem sentia fome no meio da diversão. O restaurante chamava-se Gato Preto e tinha outro dono, que vendeu o estabelecimento a Natal em 1972. O restaurante mudou de nome: Pantera Negra. Mas “Gato Preto” está enraizado até hoje na memória dos curitibanos.

O cardápio foi aumentado e passou por algumas modernizações. Mas há 46 anos a costela continua sendo o carro chefe e foi premiada pela revista Veja como a melhor de Curitiba, por três anos consecutivos. Aliás, o Gato Preto vende de 800 a 1.200 quilos de costela por semana.

Só na empresa Volvo, no bairro CIC, Natal chega a entregar até 15 costelas de uma só vez. “Mas o pessoal pede de tudo. Picanha na chapa, mignon recheado, peixe, grande quantidade de canja, pizza. Começou a esfriar, sai muita sopa de bucho. Hoje mesmo eu cheguei mais cedo e o primeiro pedido foi sopa de bucho, para entregar lá na BR-277, no Cajuru”, diz Natal, que já começa a receber pedidos antes da casa abrir.

A crise afetou o restaurante, mas não diminuiu muito a clientela, nem a equipe de mais de 60 funcionários. “Começo de mês tem mais pedidos, passam de 50 por dia”, revela o empresário.

Inusitado

Nestes anos todos de delivery, Natal já passou por situações inusitadas. “O marido ligou aqui e disse que a mulher gestante estava com desejo de comer costela. Disse que não tinha dinheiro para pagar, mas que não queria deixar a esposa com vontade. Se propôs até a assinar um papel, se comprometendo a pagar na semana seguinte. Eu vi que não era maldade, pendurei a conta e ele veio pagar depois. Também teve cliente que pendurou, mas veio pagar três, quatro meses depois. Mas também já tive calotes e trotes”, disse ele.

“Um homem ligou dizendo que era deputado, que estava em viagem, mas que gostaria que entregasse comida para a esposa dele, hospedada num hotel perto da reitoria. Quando chegamos, não tinha nenhuma mulher. Foi trote e terminou em confusão no saguão”, relembra o empresário.

Insegurança

Hoje, diz Natal, a violência dificulta o trabalho. “A segurança do nosso estado hoje é zero. Tem áreas que a gente não pode mais entregar, porque o motoboy chega lá e leva arma na cara. O ladrão toma do entregador a carteira, o celular e a comida”, lamenta o pioneiro da entrega de comida em casa em Curitiba.

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Sobre o autor

Giselle Ulbrich

(41) 9683-9504