Por: Fernanda Makino
Usuários do transporte coletivo estão cada vez mais preocupados com uma infração que praticamente todos os moradores de Curitiba já presenciaram: avanço de sinal vermelho. A Tribuna relatou, em novembro do ano passado, um acidente que terminou com um jovem morto e 14 feridos por causa de avanço de sinal por um motorista de coletivo. Somente de janeiro a outubro deste ano, 409 acidentes envolvendo ônibus foram registrados pela Polícia Militar na capital paranaense. A via mais perigosa, segundo a PM, é a Avenida Marechal Floriano Peixoto, seguida pela Rua Izaac Ferreira da Cruz e Avenida Visconde de Guarapuava.
O técnico em informática Marcelo Vieira passa todos os dias pelo cruzamento da Travessa da Lapa com a Rua José Loureiro e, apenas nesse trecho, já presenciou três acidentes na mesma semana. “Na quarta-feira, o ônibus bateu em um carro; na quinta, outro articulado se chocou com uma moto; e, na sexta, novamente envolvendo um carro”, relata. A cozinheira Giovana Alves também já viu vários acidentes por causa dos “furões”, especialmente no Batel. “É muito perigoso. As pessoas quase caem do ônibus por causa disso”, conta.
Esses casos preocupam não só os usuários do transporte público, mas principalmente os pedestres. A região do Centro, em geral, é a que mais impressiona o pastor Glauro Garajal. “Acho que por causa da maior circulação de pessoas, né? Isso incomoda. Arrisca a vida dos pedestres e há risco de acidente”, afirma. Para evitar mais dor de cabeça, é preciso redobrar a atenção. “Precisamos sempre olhar para os dois lados”, explica o servente de pedreiro Pertuliano Araújo.
Corrida contra o tempo
Avançar o sinal vermelho do semáforo é considerado infração gravíssima, soma sete pontos na carteira nacional de habilitação (CNH) e gera multa de R$ 191,54 para o condutor. Mesmo assim, os motoristas arriscam a própria a vida e a de outras pessoas com o objetivo de cumprir os horários estabelecidos pela Urbs. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) confirma que os profissionais são pressionados para honrar a tabela, mas o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) afirmou, em nota, que “isso faz parte do trabalho de um motorista de ônibus, mas em nenhuma hipótese significa que qualquer lei pode ser desrespeitada”.
Ações educativas
Para evitar os “furões” do trânsito, a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) afirma que realiza periodicamente, em conjunto com a Urbs – gestora do sistema de transporte coletivo -, capacitações com motoristas de ônibus na Escola Pública de Trânsito sobre os mais diversos temas, incluindo o respeito à sinalização. As empresas dizem também reforçar, periodicamente, a importância de se observar as leis de trânsito, seja em cursos ou na Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho.