Os depoimentos de dois dos acusados pela morte do ex-jogador de futebol Daniel Corrêa de Freitas, 24 anos, foram tomados na tarde desta segunda-feira (5), na 1ª Delegacia Regional de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, o mais esperado deles, do empresário Edison Brittes Júnior, de 38 anos, assassino confesso de Daniel, foi adiado e uma nova data será marcada pelo delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo caso.
O corpo de Daniel foi encontrado em um matagal de uma estrada rural na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, no dia 27 de outubro, sábado. Edison Brittes foi preso após confessar o crime. Ele alegou que estaria defendendo a esposa, Cristiana Brittes, de uma tentativa de estupro por parte de Daniel, na casa da família, em uma confraternização realizada depois da festa de aniversário de 18 anos da filha, Allana.
A polícia vai comentar o teor dos depoimentos em entrevista coletiva marcada para a manhã desta terça-feira (6). A primeira a depor foi Cristiana. O depoimento, que começou por volta das 14h30, durou cerca de 1 hora e 40 minutos. Segundo Cláudio Dalledone Júnior, advogado de defesa da família, ela chorou muito e voltou a afirmar que Daniel tentou estuprá-la. Em seguida, por volta das 16h20, Allana começou a depor e falou com o delegado Trevisan em torno de 1 hora.
O depoimento de Edison era o mais esperado, afinal ele confessou o crime. No entanto, com a apresentação de novas testemunhas e até coautores do crime, o delegado cancelou o depoimento na última hora. Segundo a Polícia Civil, a decisão foi tomada para que o resultado de perícias e o depoimento de novas testemunhas sejam anexados à investigação para aí então tomar o depoimento do autor do crime.
Novos áudios
Em áudios divulgados pela RPC TV, Edison demonstra frieza em duas oportunidades após ter assassinado Daniel. No primeiro, a mãe do jogador, Eliane, fala que recebeu as condolências de Edison. “Eles tiveram a coragem de falar com a voz mais doce do mundo que eles estavam prontos para me ajudar com o que fosse preciso. Mandaram até foto falando que iam no IML para ter certeza de que não era ele. Sangue frio, monstruoso”, disse.
Antes de confessar o crime, Edison ligou para o amigo em comum da família e comentou sobre o caso. “Que tragédia. Triste, muito triste. Pensa aí numa forma de podermos ajudar que faremos de tudo”. “A gente não sabe o que aconteceu, ele foi embora. Ele não saiu do celular e foi embora”, disse no áudio.
Edison falou sobre como a filha se sentiu com a notícia e o que ele pensava sobre Daniel. “Desespero, minha filha esta num desespero, em choque. Dei atá calmante para ela (…) Estou sem palavras. Ele veio de longe só para o aniversário dela. Ele era muito querido pela gente”, disse no áudio divulgado.
Dalledone disse que não vê o novo áudio como algo que vá influenciar o processo. “Não enxergo assim, como reviravolta. Fato é que recobrada a consciência, ele procurou um advogado e indicou locais onde teriam convicção material, se colocou à disposição e [está] colaborando”.
+ Confira o desenrolar dos acontecimentos:
Sábado (27): Ex-jogador do Coritiba é encontrado morto em São José dos Pinhais
Quarta (31): Corpo de Daniel é velado em Minas Gerais
Quarta (31): Daniel foi espancado antes de ser morto, diz testemunha
Quinta (1): Suspeito de matar ex-jogador é preso, junto com esposa e filha
Sexta (2): Conversas de Whatsapp apontam que filha de suspeito fez contato com família de jogador
Sábado (3): Saiba em que condições está presa a família Brittes, acusada da morte do jogador Daniel
Família Brittes
Até a manhã de segunda, a família seguia separada na carceragem de São José dos Pinhais. Conforme explicou a assessoria de comunicação do advogado responsável pela defesa, desde a prisão os três tiveram de ser alocados em diferentes cômodos da delegacia. Enquanto Allana e Cristiana estão presas numa cela improvisada, Edison segue detido na carceragem, junto com os demais presos.
Bastante “abatidas”, segundo a assessoria, mãe e filha estão presas numa das salas da unidade, que costuma ser utilizada para a realização de audiências. Para “recebê-las”, o local foi equipado com dois colchões, cobertores, itens de uso pessoal e algumas peças de roupa. O local conta com uma mesa (de uso do escrivão), cadeiras e banheiro reservado.
Presos em caráter temporário, os três seguem sob custódia válida por 30 dias, que podem ser prorrogados caso as autoridades policias e jurisdicionais entendam necessário. Enquanto isso, o caso segue sob investigação da Polícia Civil de São José dos Pinhais.
Novas testemunhas
Além dos depoimentos da família Brittes, apresentou-se pessoalmente à polícia, nesta segunda, o vendedor autônomo Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, de 19 anos, um dos três rapazes que estavam no carro com o empresário Edison Brittes Junior, quando o suspeito levou o ex-jogador para o matagal onde foi encontrado.
A expectativa do advogado do jovem era que o depoimento pudesse ser tomado durante a apresentação, uma vez que Eduardo Henrique mora em Foz do Iguaçu, no oeste do estado, e está temporariamente na capital enquanto aguarda para explicar a sua participação no crime. No entanto, o delegado responsável pelas investigações marcou o interrogatório para a próxima quinta-feira.
O depoimento do jovem deve ajudar a unir algumas pontas que ainda não batem na história da morte de Daniel. Por exemplo, se o ex-jogador ainda estava vivo quando foi levado até o matagal. Também se a versão sustentada pelo empresário Edison Brittes é verdadeira, de que a morte ocorreu em defesa da esposa que estaria sendo vítima de tentativa de estupro. Eduardo Henrique Ribeiro prestará depoimento na quinta-feira (8), às 14h, na condição de indiciado pelo crime. O jovem não tem mandado de prisão.
Segundo o advogado de defesa, Edson Stadler, Eduardo Henrique é primo de Cristiana Brittes, esposa de Edison Brittes. Durante a apresentação do rapaz na delegacia, Stadler explicou que o jovem é testemunha ocular da morte do jogador. O advogado disse que ele estava na casa, participou da agressão e estava junto no carro, sendo um dos três homens que acompanharam Edison até o bairro Mergulhão. O advogado de defesa não informou se o jovem já conhecia o jogador Daniel.
Stadler também preferiu não adiantar qual é a versão do crime que será apresentada pelo seu cliente ao delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo andamento das investigações na delegacia de São José dos Pinhais. “Não posso adiantar a versão do meu cliente porque o processo tem ainda muitos elementos e o interrogatório dele é uma matéria de defesa”, disse.
Edson Stadler não é o advogado dos outros dois envolvidos que estavam dentro do carro com Edison Brittes, no momento do crime. Questionado sobre a participação de Eduardo Henrique na morte do jogador, o advogado disse que isso é a autoridade policial que tem que determinar. O defensor também diz não temer uma combinação de versões entre os outros indiciados. Segundo ele, os advogados trabalham dentro da ética. “Eduardo estava na casa e participou de todo o evento. É o que posso dizer no momento”, afirmou.
Mais indiciados
Os outros dois homens indiciados que serão ouvidos são David Willian Villero Silva, 18 anos, e Igor King, de 20 anos. O advogado deles é Robson Domacoski, que esteve na delegacia de São José dos Pinhais na manhã desta segunda, sem a companhia dos clientes. O objetivo da visita também foi colocá-los à disposição do delegado Trevisan para a coleta dos depoimentos. Segundo informou o advogado Domacoski, ainda não há uma data definida para os interrogatórios.
Ambos os advogados informaram que os depoimentos ainda não ocorreram por falta de agenda. Segundo eles, o delegado Amadeu Trevisan preferiu ouvir primeiro a família Brittes.
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