A compra do material escolar é um “evento” na maioria das famílias brasileiras. Pais e filhos se reúnem, escolhem as marcas, verificam os preços, e a criançada fica ansiosa para inaugurar o material novo no primeiro dia de aula. Um incentivo para estudarem “direitinho” durante o ano. Mas há crianças que não sabem o que é essa sensação de “estrear o material novo”, pois ou ganham tudo usado, para reaproveitar, ou sequer conseguem materiais para começar o ano. Por isto, uma ONG do bairro Cajuru, em Curitiba, está pedindo doações de materiais escolares novos para as crianças que assiste.

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Eliane Caviquioli, supervisora da Casa Joana D’Arc, pertencente ao Lar Fabiano de Cristo, mostra que estar com um material escolar novo no primeiro dia de aula faz toda a diferença nas crianças. “Isso estimula a ida à escola e não os faz se sentirem diferentes dos outros, que puderam comprar os materiais. A intenção é fazer eles se sentirem de igual para igual e estimular que se mantenham na escola”, analisa Elaine, mostrando que muitas crianças acabam deixando os estudos por sentirem-se envergonhados, de não terem os materiais necessários às atividades.

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Empoderamento

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O Lar Fabiano de Cristo está no Brasil há 60 anos e tem 49 unidades espalhadas no País. Só em Curitiba, existe há 29 anos, onde se instalou primeiramente no Bairro Alto com a Unidade Joana D’Arc. “O lar procurava comunidades vulneráveis para trabalhar. Mas lá a comunidade se desenvolveu, hoje é um bairro de classe média. Então a instituição se mudou para o Cajuru, onde está há 11 anos”, explica Elaine.

A ONG tem o objetivo de empoderar as crianças e suas famílias, para que saiam do atual círculo vicioso (dependência química dos familiares, abandono da escola, baixa renda) e possam se desenvolver e ter qualidade de vida. Muitas das famílias da região não possuem sequer uma perspectiva. Então a ONG busca trabalhar com estas crianças para que enxerguem um futuro, que fujam das drogas, da evasão escolar e para que tenham vontade de ter um futuro brilhante e mudar o rumo de suas famílias.

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Assim, as crianças frequentam a unidade Joana D’Arc no contraturno escolar, onde através de atividades são estimuladas a praticar a cidadania, ter pensamento crítico, agir com ética e serem organizadas, tudo feito com base em brincadeiras. E através de parcerias, todas as crianças assistidas têm direito a tratamento dentário gratuito.

Laços familiares

A Unidade Joana D’Arc não atende somente as crianças. Trabalha as famílias como um todo e atende 70 delas na região. “Logo que a gente abraça uma nova criança, uma assistente social vai até a casa dela, conversa com a família, verifica as necessidades. Ajuda a encaminhar para tratamentos médicos, para o Cras, qualificação profissional, ou qualquer outra necessidade que tenham. Estimulamos o fortalecimento dos laços familiares e juntos montamos um planejamento, para que aquela família se empodere e um dia alcance a qualidade de vida”, explica a supervisora da ONG.

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Elaine conta o exemplo de um curso de capacitação de diaristas, que fizeram com mães da comunidade na ONG, ano passado. “Uma delas conseguiu emprego numa das mansões do Alphaville (em Pinhais). A pessoa que a contratou disse que a escolheu porque das candidatas à vaga, ela era a única que tinha algum certificado de capacitação”, orgulha-se Elaine.

Outra ação de empoderamento, exemplifica a supervisora, é feita com as 16 famílias de carrinheiros que a ONG atende. Muitas delas, diz Elaine, ficam “presas” aos donos de depósitos de reciclagem. Pegam dele o carrinho emprestado, porém só podem vender para ele o material coletado, ao preço que ele quiser pagar. “Então nós financiamos carrinhos para estas famílias, para que elas possam sair desse domínio e tenham mais liberdade. Nós também ensinamos um pouco sobre administração e empreendedorismo, estimulando que formem a própria associação de catadores e assim possam ter uma renda melhor”, explicou Elaine.

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