Cartão-postal de Curitiba, querido por moradores e turistas, o Parque Barigui tem sofrido com o aumento na criminalidade, com roubos, furtos e outras agressões, cada vez mais comuns. Situação que tem assustado seus frequentadores. Uma das vítimas mais recentes da violência foi um rapaz de 28 anos, agredido com golpes de facão durante um assalto ocorrido na última terça-feira (30 de maio), perto de uma das pontes do parque, nos fundos do módulo da Guarda Municipal.
“Meu irmão caminhava com um amigo por volta das 20h quando foi abordado por dois garotos, que vinham em uma bicicleta. Eles pediram o celular do meu irmão, que caiu na grama e nisto, um dos assaltantes foi para cima dele com um facão. Ao tentar se defender, ele foi agredido com golpes que acertaram sua cabeça e a mão direita. Sagrando muito, ele foi socorrido e operado. Mas ele ainda deve passar por uma nova cirurgia e reabilitação, para tentar recuperar os movimentos do polegar e da mão, que teve músculos e tendão lesionados. Foi um susto para a família e para o meu irmão”, conta a advogada Juliana França, 34, que também frequenta o parque e suplica por mais segurança.
“Segurança sempre foi um problema aqui no parque. Precisamos de mais policiamento. É triste ver tanta violência, uma violência já banalizada”, opina o professor José de Souza, 55, que corre no parque cerca de duas vezes por semana. Já para a secretária Eliane Doc, que pedala no Barigui, mesmo com medo, as pessoas não devem deixar de fazer o que gostam. “Comigo nunca aconteceu nada, mas já ouvi muitas histórias, que aconteceram no parque e em bairros próximos. Mas não admito viver como presa, ando sempre alerta e com uma postura diferente, para o bandido não achar que estou vulnerável”, diz.
Equipamentos caros
Para a diretora administrativa da Associação de Assessorias e Técnicos de Corrida de Rua de Curitiba (AATCC), Denize Camilo, 42, que costuma ir ao parque diariamente, o problema da falta de segurança é grave e afeta muitas pessoas, entre elas, os atletas amadores e profissionais que utilizam as pistas e dependências do Barigui em seus treinos.
“Vários atletas já foram abordados. Os bandidos chegam armados e pedem celular, tênis, relógio, GPS, bicicletas e outros equipamentos, que são bem caros. Outra prioridade são os carros. Eu mesma quase tive meu carro levado por quatro bandidos há dois anos, em uma tentativa de assalto no estacionamento que dá acesso à BR-277, que, aliás, é bem escuro e perigoso. Uma semana depois, passei por outra tentativa de roubo, junto com mais sete atletas”, diz.
Em 2015, Denize e outros atletas e frequentadores organizaram uma manifestação no Parque Barigui, pedindo aumento da iluminação na pista e no interior do parque, manutenção das câmeras de segurança, mais policiamento e abordagens a suspeitos. Mas segundo ela, de lá para cá, nada mudou.
Pontos críticos
Segundo os frequentadores do Barigui, além dos roubos e furtos, crimes mais graves como estupros também acontecem no parque. Entre as pessoas ouvidas pela Tribuna, foram unânimes os pedidos por mais iluminação e policiamento, com presença de guardas municipais e de policiais militares. Para elas, os pontos mais perigosos do parque são as pontes, estacionamentos, e a região situada entre as avenidas Cândido Hartmann e Manoel Ribas.
Em nota, a Guarda Municipal (GM) informou que faz patrulhamento ostensivo e preventivo (usando bicicletas, motocicletas, patrulhamento a pé e com veículos) no parque, em período diuturno, além de contar com um módulo de atendimento na Avenida Cândido Hartmann. Segundo a corporação, o Posto Parque Barigui é atendido 24 horas pela GM. São 2 guardas na ciclopatrulha, 2 na viatura e 2 em rondas alternadas. No período noturno, há uma viatura fazendo a ronda. No Barigui está também a base Grupo de Operações Especiais (GOE).
De acordo com a GM, a maior quantidade de ocorrências no local é de perturbação do sossego, em função de som alto. A corporação informa que não tomou conhecimento das ocorrências de furto de bicicleta, equipamentos esportivos e rapaz esfaqueado. E recomenda evitar locais escuros onde não haja movimentação de usuários, exposição de materiais eletrônicos e entrar na mata fechada. Em qualquer situação suspeita, a orientação é se dirigir ao módulo da GM para solicitar apoio ou ligar para o telefone 153.
Suspeitos presos
De acordo com o coronel Wagner Lúcio dos Santos, comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento nesta região da capital, zelar pela segurança no interior de parques e praças é serviço da Guarda Municipal. “Mas a Polícia Militar também realiza policiamentos no entorno destes locais, como o Policiamento Comunitário, projeto criado há dois meses, que conta com cinco módulos móveis e 23 policiais. Desde então, já prendemos vários suspeitos na região. Além disto, contamos com policiamento com motocicletas e viaturas com radiopatrulhamento”, explica o coronel, que ainda recomenda aos frequentadores evitar usar joias e objetos de valor e caso sejam vítimas de algum crime, sempre registrar ocorrência em uma delegacia.