Com dezenas de histórias bizarras, e relacionadas aos crimes no estado, o Museu de Ciências Forenses, localizado dentro do Instituto Médico Legal (IML) do Paraná, em Curitiba, ainda não é conhecido por grande parte da população da cidade. Por lá existem corpos mumificados, crânios em prateleiras, fetos e até mesmo equipamentos que um dia foram utilizados para a construção de um retrato falado. Acredita? Chegando ao local, para conhecer, é preciso subir uma longa escadaria e entrar em uma sala ao lado direito. O museu agora fica na nova sede do IML, no bairro Tarumã, mas, mesmo em “casa nova”, consegue nos “teletransportar” para outros anos e nos fazer relembrar de alguns casos marcantes.
Entre as histórias curiosas do local está a do serial killer conhecido como “Paraibinha”, de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que matou dezenas de vítimas com uma foice. O criminoso, que teve seu corpo mumificado e exposto no museu, morreu ironicamente com golpes de foice, durante um briga na região. Algumas lendas urbanas surgiram e algumas pessoas juram que ele foi morto por uma criatura peluda, uma espécie de lobisomem. Será? O curador do museu, Joel Camargo, conta que ele foi morto da mesma forma que cometia os crimes. “Eu mumifiquei ele e essa é uma história que chama muita atenção, porque marcou os anos 70. Ele matava as pessoas com uma foice e um dia provou do próprio veneno. Pode ver que ele tem cabelo e tudo mais, mas isso é porque cuidamos, limpamos, para que o trabalho permaneça”, contou.
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Constantemente o curador faz limpeza nos objetos e corpos, para que eles não criem mofo, aplicando álcool, pouco formol e glicerina. Outra curiosidade é que Joel precisa sempre aparar unhas e cabelos de alguns corpos, porque elas parecem sempre crescer. “Eu corto pra ficar mais apresentável e não sabemos explicar porque isso acontece de fato. Pode puxar o cabelo do Paraibinha, veja como é forte”, brincou o curador.
Andando pelo museu, outra história que chama atenção é a de uma mulher que sofria de tricotilomania. Ela acabou morrendo por conta da enorme quantidade de cabelo e fios de cobertor que comeu. Dentro de um pote, todos os fios foram guardados e é de assustar tamanha quantidade.
“Dentro desta mulher tinha uma quantidade absurda de cabelo e cobertor. Formou uma espécie de bola e ela acabou morrendo. É uma doença psicológica, precisa de tratamento, mas é bastante comum”, alerta Joel. Além de objetos curiosos encontrados dentro de algumas pessoas, há também diversos potes grandes de formol com fetos dentro, grande parte deles são vítimas do uso de drogas e outras vítimas da violência que já marcava o estado há alguns anos.
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“Os gêmeos que estão aqui é por conta de um tiroteio na Rua XV, em Curitiba. A mãe foi atingida por um disparo de arma de fogo. Ela estava grávida de gêmeos e todos morreram neste episódio. Temos outros fetos vítimas de drogas como o crack. A gente nota que eles têm até mesmo uma deformação. Além disso, temos fetos vítimas do mosquito barbeiro. Quando o assunto é droga, nós tentamos conscientizar as pessoas que frequentam o museu, isso porque ela realmente mata muita gente. Aqui temos inclusive alguns objetos utilizados para o consumo da droga, para mostrar que isso não é legal, faz mal e pode gerar mais uma morte”, reforçou. Joel não sabe precisar a quantidade de objetos e corpos que existem no museu, no entanto explica que todos são “não reclamados”, ou seja, de indigentes.
Como visitar?
Ao longo do mês cerca de duas mil pessoas passam pelos corredores do museu, que fica dentro do Instituto Médico Legal do Paraná, de acordo com o diretor Paulino Pastre. Ele explica que o museu está diferente e que é possível conscientizar a população por meio dos objetos apresentados no local.
A ideia da nova administração é deixar a comunidade mais a vontade. “O IML está trilhando uma nova caminhada e está totalmente aberto à comunidade. Estamos convidando as pessoas para visitarem o museu e outros segmentos, para quem é da área. As universidades estão voltando a frequentar o nosso instituto e por mês passam dois mil alunos aqui. Esperamos que em breve passe a quatro mil por mês”, relata.
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Além da visita e da troca de conhecimentos, o diretor reforça que o órgão tem outros objetivos. “Queremos mostrar à comunidade as mazelas humanas, os traumas. Com isto vamos fazer um aumento da sensibilidade da população contra a violência, porque é extremamente marcante para o ser humano ver com os próprios olhos, aqui no IML, o que ocorre em nossa comunidade. Temos 65 mil homicídios registrados no país e acredito que muitos não tenham sido registrados e a necessidade de reduzir os índices de violência é uma conduta imperiosa”, explicou.
Para quem ficou com vontade de conhecer o Museu do IML basta entrar em contato por meio do (41) 3361-7200 para realizar um agendamento com um guia. O museu fica na nova sede do IML, na Rua Paulo Turkiewicz, 150, bairro Tarumã, em Curitiba.
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