Egoísmo, falta de educação e a certeza da impunidade. Para o geógrafo e professor de geografia Cláudio Takayasu, são estes os principais fatores responsáveis pelo desrespeito às leis de trânsito. Sua afirmação vai muito além da mera opinião, e tem como base as mais de 700 fotos publicadas em uma página no Facebook criada por ele há pouco mais de quatro meses.

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Chamada de “Trânsito Egoísta”, a página na rede social já conta com mais de 3 mil curtidas e apresenta flagras de infrações em Curitiba e Região Metropolitana. Com um banco de dados tão extenso – também abastecido pelos internautas – Takayasu aponta a principal infração cometido pelos motoristas: estacionamento irregular, especialmente em vagas destinadas a pessoas com deficiência e idosos, e também em calçadas. Área com grande fluxo de veículos, o centro da capital registra o maior número de ocorrências.

“Sempre tentei fazer tudo certo, até mesmo para dar exemplo aos meus filhos e meus alunos, e ver estas situações sempre me incomodou bastante”, afirma o professor. Um dos primeiros casos registrados, e também um dos que mais o marcou, foi um carro parado de lado, a 45 graus, ocupando duas vagas destinadas a idosos no estacionamento de uma grande loja de departamentos em Curitiba. Ao questionar o segurança da loja sobre a situação, ele foi informado de que o motorista, bastante alto e que estava embriagado, disse em tom ameaçador que, se alguém estivesse incomodado, que fosse tirar satisfação com ele.
Takayasu registrou a situação e ainda deixou um bilhete ao motorista, para que procurasse seu carro na rede social. Quando deixou a loja, o professor foi informado que os funcionários do estabelecimento fizeram uma denúncia à Polícia Rodoviária Federal, responsável pela Linha Verde, e que o motorista foi detido por dirigir embriagado. Foi daí que surgiu a ideia de uma página destinada para a educação no trânsito, já que antes os flagras eram publicados em seu próprio perfil. “O nome surgiu de um ‘estalo’. Quer coisa mais egoísta que isso?”, questiona.

Educação x impunidade

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Desde então, a repercussão não para de aumentar. Cláudio destaca que não pretende denegrir a imagem de ninguém, mas não descarta o uso de sarcasmo e ironia. Além disso, as placas dos carros são identificadas, mantidas em sigilo e a cada postagem é explicada a infração cometida. No caso de veículos que representam empresas, as companhias também são alertadas.

Desta forma, várias entidades já foram marcadas no “Trânsito Egoísta”, inclusive a prefeitura de Curitiba, a Copel, a Universidade Federal do Paraná, polícias e outras. “A prefs (Prefeitura de Curitiba) interage bem”, observa. Os internautas também são ativos e se manifestam bastante, especialmente nos casos de estacionamento em vagas para pessoas com deficiência.

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“As pessoas sabem das coisas, mas acham que não vai dar nada e continuam. Falta educação”, avalia Cláudio. Para ele, a sensação de impunidade é reforçada pela falta de fiscalização. Ele conta que já fez contato com a Central 156 e em algumas situações foi informado de que nenhum agente estava disponível para a ocorrência. “Atingi um ponto bom, em que recebo feedback, vejo um retorno. Não pode continuar assim. Quem me segue sempre se policia para não fazer errado”, diz.

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– Você acha que iniciativas como a de Cláudio ajudam a melhorar o trânsito?

– Conhece algum veículo que está sempre estacionado em local irregular?

– Já fez alguma denúncia de infração de trânsito aos órgãos competentes? Deu resultado?