Prometida em 2014 pela então presidente Dilma Rousseff, a revitalização do Contorno Sul de Curitiba – que interliga quatro rodovias federais, da BR-116 sentido Rio Grande do Sul à BR-277 rumo norte do Paraná – deveria ter sido licitada ainda em 2015. Passados três anos desde o anúncio oficial, as obras, no entanto, não têm data para sair do papel. O que deixa os motoristas, motocicletas, ciclistas e pedestres que circulam diariamente pela região sem as melhorias que poderiam trazer mais conforto e segurança para todos. Pela região, passam diariamente mais de 50 mil veículos, entre eles muitos ônibus e caminhões. Em 2016, a PRF registrou 170 acidentes, com 165 feridos e 14 mortos no trecho.
Cansado de arcar com os prejuízos causados pelo estado de conservação das pistas, o vendedor Juvenil Andrade da Silva, 44 anos, aguarda ansioso pela revitalização do Contorno Sul. “Aqui sempre teve muita buraqueira e acidentes, muitos gravíssimos, com morte. E fora o perigo, ainda temos os gastos. Esses tempos passei num buraco e estourei a suspensão. Tive que gastar mais de R$ 1 mil para consertar. Não tem condições de andar nestas pistas. Às vezes os buracos estão tapados, mas geralmente não”, reclama.
Quem concorda e também pede pelas obras é o técnico de segurança Marcelo de Camargo, 50. “Esse trecho do Contorno na cidade sempre foi ruim, com muitos acidentes, pelas condições das pistas, pelo excesso de velocidade e pela grande quantidade de carros e caminhões. Além das melhorias, falta sinalização e fiscalização”, aponta.
Travessia arriscada
Já para o cobrador de ônibus Tiago Silveira, 28, o pior mesmo é ter que colocar sua vida em risco todos os dias. “Aqui neste ponto é muito perigoso. Falta uma passarela para quem trabalha nas empresas da região. Já cheguei a ficar mais de vinte minutos esperando para atravessar, para poder pegar o ônibus. Para não chegar atrasado ao trabalho, tenho que calcular esse tempo”, diz o pedestre, que atravessa a rodovia diariamente no trecho próximo ao número 14.000 da Avenida Juscelino K. de Oliveira, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
O “chapa” – uma espécie de guia dos caminhoneiros – Daniel Bispo dos Santos, 50, diz que é urgente a necessidade de construir mais passarelas pelo Contorno Sul. “Muitas mortes acontecem aqui. O pessoal vem das empresas e atravessa no meio da pista. Também vemos muitos acidentes. Sempre que dá, nós vamos acudir o pessoal. Faltam passarelas e melhor sinalização”, conta.
Obras no Contorno Sul não tem previsão
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), não há previsão para lançamento da licitação referente à revitalização e restauração dos 14,6 quilômetros do Contorno Sul. As obras deveriam fazer parte da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), anunciadas pela ex-presidente Dilma Rousseff durante sua campanha para a reeleição.
Segundo o DNIT, o projeto ainda está em fases de formulação e ainda não foi definido se a modalidade eleita para licitação será via RDCi (Regime Diferenciado de Contratações Públicas). “Caso seja essa modalidade definida, pode haver a necessidade de sigilo quanto aos custos, para que os concorrentes não se utilizem desta informação e precarizem os lances a serem dados”.
Por este motivo, o órgão não divulga antecipadamente os custos, mesmo que de forma especulativa. Pelo mercado, estima-se, extraoficialmente, que o custo das obras ficaria em torno de R$ 400 milhões. Depois de licitado, o novo Contorno Sul deve ficar pronto em três anos após início das obras.
Conheça o projeto
Mesmo que sem data, o projeto de revitalização do Contorno Sul prevê o aumento para três faixas nos dois sentidos das vias principais. Atualmente, há apenas duas faixas. Nas duas vias marginais à estrada principal, haverá a restauração dos dois lados, integralmente. Ou seja, cada lado terá um sentido de via marginal.
Além da reforma nas pistas, novos viadutos para interligação entre via principal, vias marginais e cruzamentos estão previstos, assim como a reparação dos antigos viadutos em estado precário. Para os pedestres que clamam por mais segurança, serão construídas cinco passarelas ao longo dos 14,6 quilômetros de extensão do Contorno Sul.
Até lá, de acordo com o DNIT, acontecem apenas a manutenção permanente de roçada e limpeza, além de operações para tapar buraco. Atualmente não há nenhuma obra em andamento no trecho.