A servidora pública Flávia Grazielli é portadora de hepatite autoimune e colangite esclerosante. A primeira doença é causada por um distúrbio do sistema imunológico, que faz o sistema imune dar início a uma inflamação crônica, afetando o fígado e formando cicatrizes – por consequência, levando à cirrose. A segunda enfermidade é relativamente rara e mais perigosa, justificando a necessidade de um transplante hepático em casos mais graves.
Ela descobriu os problemas há pouco mais de dois anos e, desde então, é tratada gratuitamente pelo Instituto para Cuidado do Fígado (IFC). “O atendimento é excelente, sou atendida por uma hepatologista e uma psicóloga. É um serviço gratuito e muito bom. Eu recomendo para qualquer um que precisar”. Com consultas mensais, Flávia se diz grata por todo apoio disponibilizado pela equipe de profissionais.
O consultório, instalado no edifício Asa, Centro de Curitiba, é responsável por tratar cerca de 400 pacientes por mês, sem custo algum.
“Nós somos uma associação que funciona desde 2010 e que atende qualquer paciente com doença de fígado. Na prática, no dia a dia, percebemos que as pessoas tinham dificuldade em conseguir um atendimento com um especialista em fígado, no Sistema Único de Saúde. Decidimos nos unir para ajudar estas pessoas”, explica um dos médicos, Fábio Porto, especialista em cirurgia do aparelho digestivo.
Segundo ele, alguns pacientes vêm de outros estados para receber o tratamento. “As pessoas que passam pelas nossas mãos acabam gostando do serviço e fazendo a divulgação. A média é de 20 atendimentos por dia. Para chegar até aqui não é preciso um requerimento. Basta entrar em contato por telefone ou pelo site. A única coisa que o paciente precisa ter é a constatação de alguma irregularidade já atestada, até mesmo um exame de sangue já basta”, garante.
A equipe, formada por cinco médicos, uma psicóloga e um nutricionista, trabalha de forma voluntária, todos os dias da semana. Para pagar as contas, os responsáveis promovem eventos beneficentes, como bazares ou festas, e também contam com a doação de pessoas ou empresas. “Temos vagas para voluntários, mas precisamos também de verba, para pagar o aluguel, condomínio, água e luz, por exemplo”.
Horas de solidariedade
No mesmo padrão, com atendimento à população de vulnerabilidade, o Instituto Horas da Vida promove a atenção médica a quem mais precisa. A ONG faz a ponte entre o paciente e o médico. Em Curitiba, 50 profissionais de saúde já estão cadastrados no sistema.
“O médico pode doar horas de consultório, fazendo palestras ou em mutirões que realizamos”, explica a gestora do instituto na capital paranaense, Patricia Ramalho. Em São Paulo, o Horas da Vida é um nome consolidado que atende a 50 organizações, contando com mais de 1.500 médicos parceiros – entres eles Drauzio Varella, famoso por popularizar temas da medicina.
A entidade promove os atendimentos por intermédio de instituições conveniadas. Além disso, as pessoas precisam estar cadastradas no SUS. Por enquanto, a única organização social atendida em Curitiba é a Playing for Change, que funciona no bairro Cajuru.
Entre as profissionais que já atuam pelo instituto está a psicóloga Cristiana Almeida, que, além de doar horas de atendimento, também disponibiliza o consultório para outros profissionais. “Oferecer algumas horas da semana para quem precisa é algo que nos faz perceber o quanto podemos ajudar, é muito positivo. Isso parte também da mesma motivação que usamos para escolher esta profissão. Tivemos a oportunidade de aprender e agora temos o conhecimento para ser colocado em prática”, destaca a psicóloga.
No dia 8 de outubro, um mutirão do Horas da Vida será promovido para a realização de 190 ecografias para gestantes, 40 ultrassons transvaginais e 40 mamografias.
Se interessou?
Instituto para Cuidado do Fígado
Acesse o site aqui
Rua Voluntários da Pátria 475, cj. 905a
Curitiba (41)3223-2219
Instituto Horas da Vida
Acesse o site aqui