Você sabe o que é taxidermia? Conheça os curitibanos que fazem o serviço!

O que é taxidermia? Não, isso não tem nada a ver com aqueles carros laranjas que circulam pelo trânsito de Curitiba (ou de outras cores, em outras cidades). Do grego, “taxi” significa trabalhar/dar forma. E “dermia” significa pele. Ainda assim, o que significa “trabalhar / dar forma à pele”?

+ Fique esperto! Perdeu as últimas notícias sobre segurança, esportes, celebridades e o resumo das novelas? Clique agora e se atualize com a Tribuna do Paraná!

Taxidermia é a técnica que antigamente era chamada de “empalhar animais”. Eliseu Souza Pinto é taxidermista da prefeitura de Curitiba há 30 anos. Ele e mais um colega, o Sebastião (“Tião” para os colegas), trabalham dentro do Museu de História Natural do Capão da Imbuia, no bairro de mesmo nome, em Curitiba. Eliseu explica que a técnica sempre se chamou taxidermia. Mas antigamente, como a palha era o material mais comum utilizado para preencher os animais, as pessoas conheciam o trabalho mais por “empalhar animais”. No entanto, como avanço da técnica, vários outros materiais passaram a ser usados, como algodão, polietileno, entre outros.

+Caçadores! Curitiba tem um museu que as obras de arte são os animais

O trabalho de Eliseu tem dois objetivos. Parte dos animais que chegam até ele, que é especialista em aves (e o Sebastião em mamíferos), é taxidermizada para compor museus, exposições, enfeitar residências e até mesmo ser usados em produções de televisão e cinema. É o que eles chamam de animais em postura natural, ou artística.

Já outros animais são taxidermizados para servirem em estudos científicos. Neste caso, eles são apenas preenchidos com algodão por dentro e colocados deitados em gavetas catalogadas. Neles os taxidermistas não fazem o trabalho artístico de reproduzir os olhos, a língua, as patas e os bicos. Conforme o taxidermista, estudantes e cientistas recorrem a estas coleções para fazer estudos e pesquisas, como por exemplo, descobrir a origem de determinados animais, seus hábitos e sua alimentação.

+Caçadores! Aposentado faz apelo por emprego e pede ajuda para cachorrinha machucada em Curitiba

Boa parte dos animais que chegam até os taxidermistas da prefeitura vêm de criadouros, do zoológico, morreram em ambientes abertos diversos ou foram atropelados nas estradas e levados até o museu pelas concessionárias das rodovias. Os animais que chegam de seus habitats naturais geralmente são catalogados para pesquisa científica. Já animais sem a procedência natural e que estejam em bom estado (como os vindos de zoológicos e criadouros, por exemplo), são usados em postura natural/artística.

Nem todos os animais podem ser taxidermizados, pois alguns chegam muito machucados, com a pele rasgada. Mesmo assim, os taxidermistas aproveitam partes destes animais para compor os “kits escola”, nos quais separam partes do esqueleto e partes de asas e outras partes de animais, para serem mostrados pelos professores em aulas de ciências.

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.

A técnica

Na maioria das vezes, explica Eliseu, os animais não são taxidermizados imediatamente. Ficam um tempo no freezer, para evitar que escorram líquidos do corpo durante o manuseio. Os animais podem ficar até dois anos congelados. Depois são cortados e todo o interior é retirado, deixando-se apenas a pele e parte dos ossos. Os órgãos internos são colocados em meio líquido, em álcool 70, e catalogados, pois se for necessário estuda-los cientificamente, estarão conservados.

Em seguida, a pele é toda limpa por dentro e mantida seca com a mistura de dois produtos químicos, pois se houver qualquer umidade, surgem os fungos que podem deteriorar e decompor o animal. Em seguida, a cabeça é preenchida com alguma massa (argila, por exemplo).

Eliseu coloca arames dentro de patas e pernas das aves, para que possam ficar “em pé”, ou em alguma outra posição que ele deseje. Depois, coloca-se o enchimento dentro do corpo e os arames são fincados nestes enchimentos. Em seguida, Eliseu passa a ajeitar a pele, penas ou pelos por cima do enchimento e dar forma ao animal.

Obra de arte

Curitiba tem um especialista em taxidermia de aves. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Curitiba tem um especialista em taxidermia de aves. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Agora, o taxidermista passa para a parte artística, que é a de colocar olhos artificiais (o mais próximo possível do real), reproduzir algumas partes com argila ou durepóxi (como a língua ou nariz, por exemplo) e pintar estas partes em massa ou as patas, visto que depois de mortos, muitos “desbotam”, perdem a cor natural. “É um trabalho danado tentar achar a cor e fazer com que ela fique fiel ao natural”, explica Eliseu.

O taxidermista conta que todo esse tratamento não é difícil, apenas trabalhoso. Ele consegue fazer um animal por dia. E o mais difícil que ele já trabalhou foi o beija flor. “É muito pequeno, muito delicado, difícil de manusear. Aqui a gente também tem que ser artista plástico e marceneiro, para conseguir finalizar a parte artística para que o animal fique o mais próximo do real possível”, explicou. Das aves, Eliseu recebe passarinhos pequenos e corujas de todos os tipos. Já da parte dos mamíferos, chegam muitos cachorros e gatos do mato.

https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/hauer/croche-feito-por-morador-de-rua-de-curitiba-e-sucesso-no-bairro-hauer/

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna