Velho Joe tem 65 anos de idade, vários adesivos coloridos em sua carcaça e mensagens de carinho na lona do bagageiro, escritas em português e espanhol por gente de vários cantos do Brasil e da América do Sul. Velho Joe é o jipe Ford Willys ano 1951 do professor aposentado Norberto Boddy, 69. Juntos há mais de três décadas, eles já rodaram por Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, além de 17 estados brasileiros.
Para Boddy, como o jipeiro é conhecido, o veículo é uma paixão e uma filosofia de vida. “O jipe é simples e robusto, anda lento. Vamos a 60 km/h, por estradas secundárias, passeando, sem pressa. Isso permite apreciar mais o caminho, ir conhecendo pessoas, experimentando comidas típicas. Eu digo que não vou a algum lugar, eu vou até um lugar. O que interessa não é o destino, mas o que está entre os dois extremos”, explica.
Durante o trajeto, o jipeiro vai parando para tirar fotos, conversar com viajantes e locais e visitar jipe clubes. Velho Joe é 100% equipado. Serve como cama – sai um banco, entra uma plataforma com um colchonete – e tem caixa térmica embutida – um antigo compartimento para bateria adaptado por Boddy –, equipamentos para pesca, uma minicozinha completa, com fogareiro e utensílios, kit de primeiros socorros, barraca e ferramentas para pequenos reparos. Quando quebra, Velho Joe não dá dor de cabeça. Como é simples, pode ser consertado em qualquer oficina.
A última grande viagem da dupla partiu de Florianópolis (SC) em fevereiro do ano passado, e percorreu a costa brasileira até Fortaleza (CE). O retorno foi pelo interior do país. Durante os 145 dias e 12.450 quilômetros, Boddy foi documentando tudo: experiências, pessoas, descobertas culinárias. Com o material, escreveu seu segundo livro, “Uma aventura pelo Brasil”, cuja venda custeará a próxima jornada, uma expedição rumo ao Ushuaya. Com o amigo Luiz Roberto Quadros (que tem seu próprio jipe), vai percorrer 15 mil km em três meses, por Brasil, Uruguai, Chile e Argentina, a partir de dezembro deste ano.
Sonho de infância
Quando tinha cinco anos, Boddy ganhou um carrinho de pedal em formato de jipe, que de imediato se tornou seu brinquedo favorito. “Algum tempo depois, descobri que existia jipe de verdade e decidi que iria comprar um quando crescesse.” Aos 23 anos, conseguiu juntar dinheiro suficiente para realizar o sonho de infância, e adquiriu o antecessor de Velho Joe. “Jipe é uma paixão que começa na tenra idade e só termina quando acaba a vida”, declara ele, que é curitibano, mas vive em Florianópolis (SC).
“Minhas viagens são muito baratas. Com minha aposentadoria, banco a alimentação. A hospedagem fica por conta de amigos de jipe clubes ou pessoas que acabam me conhecendo e oferecendo estadia. E o combustível vem da venda dos meus livros”, conta. Boddy começou as aventuras na década de 70, quando comprou seu primeiro jipe. As road trips aconteciam em feriados e nas férias escolares, já que ele era professor de cursinho. Há seis anos, se aposentou e passou a viver integralmente para sua paixão. Quando não está na estrada, frequenta jipe clubes e exposições de carros antigos.
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