Rua serena e tranquila. Todos sonham com isto para a vida. Mas, por 580 dias, a vizinhança da Polícia Federal (PF), no bairro Santa Cândida, em Curitiba, vivenciou momentos de tensão, agito, brigas e euforia. Com a prisão do ex-presidente Lula, foi criada a Vigília Lula Livre. Militantes ficavam em um terreno de esquina na Rua Professora Sandália Monzon na espera da liberdade de Lula e ali passavam o tempo.
A programação logo cedo contava com um bom dia ao ex-presidente. Para os participantes do movimento, uma tradição, mas para alguns vizinhos, um tormento. “Aquilo era um horror. Era fim de semana e feriado o grito. Fora que na madrugada eles exageravam em tudo. A nossa rua nunca sofreu tanto neste período”, relatou uma senhora, de 60 anos, que pediu para não ter o nome citado na reportagem.
Com a saída de Lula da PF, a vigília terminou e o espaço começa a ficar abandonado. Ainda é possível visualizar faixas, folhetos, botijão de gás, fogão, material de limpeza e livros. No entanto, a movimentação de pessoas já é pequena. São cinco vigilantes que cuidam do terreno e só pessoas autorizadas podem entrar. No momento que a Tribuna esteve no local, alguns materiais eram colocados em um caminhão. Questionado para qual destino iriam os produtos, o silêncio tomava conta.
Vai fazer falta
Se alguns vizinhos comemoram o retorno da tranquilidade na rua, quem sente falta do agito é o comércio das redondezas. “Fica um vazio aqui e não tem mais o agito. Até o Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite fazem falta. Fizemos um amizade com o pessoal e já estamos com saudades. Agora chegamos aqui e está sem graça. Além disto, financeiramente também reduz o caixa”, disse Lidiane Griten, gerente de um estabelecimento comercial.
História do Brasil
Apesar da tranquilidade após o fim da vigília e a retirada dos objetos do terreno que pertence a um morador da região, o lugar entrou para os livros de história do Brasil. “Aqui o clima é este e esperamos que assim permaneça. Cada um defende o que acha melhor e sem confusão. Curitiba é para todos e aqui foi histórico”, comentou Renato Moraes, morador do bairro Portão que atravessou a cidade para vivenciar o momento.